segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Oscar 2020 - indicados

 Hoje em dia aquela expectativa de surpresa para a lista de indicados ao Oscar nem existe mais. Afinal, com tanta premiação que antecede o Oscar, e suas listas que sempre se repetem, é raro encontrar alguma surpresa. Mas não posso deixar de mencionar a felicidade que é saber que o nosso brasileiro "Democracia em Vertigem" foi indicado como documentário. Num momento turbulento que o país vive, com um presidente que quer negar a história, defendendo que não houve uma ditadura no Brasil, esse reconhecimento é importantíssimo. Não sei se ganha, a categoria documentário é um mistério, nunca sei ao certo qual é a fita favorita. Mas a torcida tá aí e a indicação já é um prêmio.

 Dito isso, eu sempre comento, como de costume, apenas as seis categorias princiapis: filme, direção, ator, atriz, ator coadjuvante e atriz coadjuvante. Vamos lá:

FILMES:

Ultimamente, é difícil encontrar uma lista com 10 filmes; dessa vez, foram 9 os indicados. Toda vez que eu vejo uma quantidade inferior a 10, me passa algo ruim, pois dá a impressão de que o ano não foi bom... Enfim, eles são: 1917, Adoráveis Mulheres, Coringa, Era Uma Vez em Hollywood, Ford vs. Ferrari, História de um Casamento, O Irlandês, Jojo Rabbit e Parasita. Desses, três tem grandes chances: Era Uma Vez em Hollywood oscilou muito, desceu, subiu e agora volta para competir com um filme pouco badalado, mas que agora está entre os mais populares, 1917. Junto com eles está o sul-coreano Parasita que está ganhando tudo que é prêmio. Entretanto, dificilmente uma fita estrangeira vence como melhor filme... Quanto aos demais, as produções da Netflix O Irlandês e História de um Casamento começaram bombando, mas despencaram. Os outros quatro filmes completam a lista e são os azarões. 

DIRETORES:

 Antes é preciso mencionar que num ano em que as mulheres dirigiram muito filme bom, nenhuma delas foi lembrada, e temos apenas homens indicados na categoria. Academia machista? Percebe-se que nomes como Greta Gerwig, Kasi Lemmons, Olivia Wilde, Marielle Heller, Lulu Wang, Celine Sciamma, Lorene Scafaria... tiveram seus filmes elogiados pela crítica, mas ficaram de fora. Enfim, vamos aos indicados: Bong Joon-ho (Parasita), Sam Mendes (1917), Todd Phillips (Coringa), Martin Scorsese (O Irlandês) e Quentin Tarantino (Era Uma Vez em Hollywood). A categoria não está fácil para previsões. Certamente, Phillips é o azarão, e Scorsese não ganhará novamente, sobretudo porque o públiico rejeitou seu filme e a culpa está na longa duração. Assim sendo, nós temos o oriental Joon-ho que está passando o rodo em tudo, mas é estrangeiro; Tarantino, mais pela carreira do que pelo filme; e Sam Mendes que veio devagarzinho, mas agora cresceu. Será um dos três.

ATORES:

ANTONIO BANDERAS, 59 anos, 1ª indicação. Concorre por Dor e Glória. Um astro bastante popular como Banderas, somente agora, beirando os 60 , tem sua primeira chance ao Oscar. É um trabalho muito bom, em que atua falando sua língua de origem, o espanhol. Mas não vai ganhar.

LEONARDO DiCAPRIO, 45 anos, 6ª indicação. Indicações anteriores foram Gilbert Grape - Aprendiz de Sonhador (coadjuvante, 1993), O Aviador (principal, 2004), Diamante de Sangue (principal, 2006), O Lobo de Wall Street (principal, 2013) e O Regresso (principal, 2015, ganhou!). Agora concorre por Era Uma Vez em Hollywood. Caprio é aquele ator que conseguiu fazer as pazes com a Academia, que o rejeitou diversas vezes. Em mais uma parceria com Tarantino, tem uma composição esforçada e digna de Oscar. Mas ele só foi indicado para aumentar os números de indicados em um filme bastante popular, já que não ganhou nada esse ano, e certamente ficará de mãos vazias também no Oscar.

ADAM DRIVER, 36 anos, 2ª indicação. Foi indicado no ano passado como coadjuvante por Infiltrado na Klan. Agora, como protagonista, concorre por História de um Casamento. Driver ganhou diversos prêmios em festivais mais alternativos, e caiu no gosto dos críticos de forma geral. Tem chances de ganhar, mas fica aqui como um "plano B", já que o favorito parece ser outro.

JOAQUIN PHOENIX, 45 anos, 4ª indicação. Indicações anteriores foram Gladiador (coadjuvante, 2000), Johnny & June (principal, 2005) e O Mestre (principal, 2012). Agora concorre por Coringa. É justamente ele o adversário de Driver, que impressionou com o seu poder de versatilidade, na intepretação honrosa de um dos vilões mais populares do cinema e dos quadrinhos. Mesmo sendo ele uma pessoa difícil, e até antipática, o Oscar seria justíssimo. Ganhou o globo de ouro e o critics choice. Certamente ganhará o Oscar também.

JONATHAN PRYCE, 72 anos, 1ª indicação. Concorre por Dois Papas. Como que um ator com uma trajetória excessivamente longa nos cinemas, e também na tv, com tantas interpretações elogiadas, nunca concorreu antes? Chega a ser um crime. O fato é que Pryce tem uma louvável interpretação do Cardinal Jorge Bergoglio no filme de Fernando Meirelles. Se houvesse justiça, ganharia. Porém, é o azarão do grupo.

ATRIZES:

CYNTHIA ERIVO, 33 anos, 1ª indicação. Concorre por Harriet. Ela também é cantora, e concorre por uma canção do mesmo filme na categoria canção original. É uma atriz que fez poucos trabalhos no cinema, esse é seu terceiro filme. Não assisti ainda, mas ela tem estado em listas entre as melhores atrizes do ano. Para ela, essa dupla indicação já é um prêmio. Contudo, é a azarona entre as indicadas. 

SCARLETT JOHANSSON, 35 anos, 1ª indicação. Concorre por História de um Casamento. Johansson é aquela atriz que já foi indicada várias vezes ao globo de ouro, mas sempre foi esnobada ao Oscar. É uma atriz de popularidade grande, sempre lembrada como a Viúva Negra da série "The Avengers". Agora, finalmente, é reconhecida pela crítica. Tem uma excelente performance no filme, e até pode ganhar, o que seria justo. Mas não é a favorita; assim como seu parceiro de elenco Driver, é o "plano B".

SAOIRSE RONAN, 25 anos, 4ª indicação. Indicações anteriores foram Desejo e Reparação (coadjuvante, 2007), Brooklyn (principal, 2015) e Lady Bird (principal, 2017). Agora concorre por Adoráveis Mulheres. Ainda não assisti a essa nova versão da obra de Louisa May Alcott, e tenho até receio de não ter nada de diferente do filme de 1994. Ma o que impressiona é que essa jovem, que ainda está longe dos 30, já conseguiu 4 indicações ao Oscar. Não é a favorita, não vai ganhar, mas já se pode perceber que, mesmo com um nome difícil, é queridinha da Academia. Um dia ela ganha...

CHARLIZE THERON, 44 anos, 3ª indicação. Concorreu antes por Monster - Desejo Assassino (principal, 2003, ganhou!) e Terra Fria (principal, 2005). Depois de uma longa ausência, uma das atrizes mais lindas do momento é novamente indicada, dessa vez por Escândalo. Theron é sempre excepcional na tela e faz um grande trabalho. Está constante nas diversas listas de indicadas a prêmios, porém, apenas para completar. Não será dessa vez que ganhará mais um Oscar...

RENÉE ZELLWEGER, 50 anos, 4ª indicação. Concorreu antes por O Diário de Bridget Jones (principal, 2001), Chicago (principal, 2002) e Cold Mountain (coadjuvante, 2003, ganhou!). Agora concorre por Judy - Muito Além do Arco-Íris. É a favorita, já que a grande vencedora de festivais do ano, Lupita Nyong´o, não foi indicada. É uma atriz querida, muito popular e que ficou um bom tempo fora das telas. Retornou em grnade estilo, e Hollywood ama isso. Assisti ao filme, em que ela interpreta a estrela Judy Garland, e o esforço dela está na tela. Contudo, Zellweger tem uma voz característica dela, o que a impede de interpretar com perfeição alguma personalidade famosa. Essa é a restrição que eu faço. Enfim, prefiro Johansson, mas creio que será Zellweger mesmo...

ATORES COADJUVANTES:

TOM HANKS, 63 anos, 6ª indicação. Indicações anteriores foram Quero Ser Grande (principal, 1988), Filadélfia (principal, 1993, ganhou!), Forrest Gump - O Contador de Histórias (principal, 1994, ganhou!), O Resgate do Soldado Ryan (principal, 1998) e Náufrago (principal, 2000). Agora, pela primeira vez, concorre como coadjuvante por Um Dia Lindo na Vizinhança. Após 20 anos ausentes da premiação mais badalada do cinema (injustamente, diga-se de passagem), Hanks retorna como concorrente por um filme interesante, mas que ainda não ganhou conhecimento do público. É uma boa atuação de uma figura popular nos States, o apresentador de tv Fred Rogers. Mas é o azarão do grupo.

ANTHONY HOPKINS, 82 anos, 5ª indicação. Indicações anteriores foram O Silêncio dos Inocentes (principal, 1991, ganhou!), Vestígios do Dia (principal, 1993), Nixon (principal, 1995) e Amistad (coadjuvante, 1997). Agora concorre por Dois Papas. É questionável ver Hopkins como coadjuvante num filme em que o título demonstra que DOIS são os protagonistas. Enfim, de qualquer forma, é agradável ver essa lenda viva do cinema nessa seleta lista. Interpretação fenomenal, mas é tão azarão quanto Hanks.

AL PACINO, 79 anos, 9ª indicação. Indicações anteriores foram O Poderoso Chefão (coadjuvante, 1972), Serpico (principal, 1973), O Poderoso Chefão - Parte 2 (principal, 1974), Um Dia de Cão (principal, 1975), Justiça Para Todos (principal, 1979), Dick Tracy (coadjuvante, 1990), Perfume de Mulher (principal, 1992, ganhou!) e O Sucesso a Qualquer Preço (coadjuvante, 1992). Quase 30 anos depois, esse outro ator consagrado concorre por O Irlandês. Trata-se, mais uma vez, de Hollywood prestigiando seus grandes astros, que estavam afastados das premiações principais. Não se tem o que falar de Pacino, que sempre domina. Porém, assim com Hanks e Hopkins, só está completando a lista, já que precisa de 5 nomes...

JOE PESCI, 77 anos, 3ª indicação. Concorreu antes por O Touro Indomável (coadjuvante, 1980) e Os Bons Companheiros (coadjuvante, 1990, venceu!). Agora é a vez de O Irlandês. Curiosamente, todas as três indicações foram para filmes de seu amigo Martin Scorsese. De fato, ele tem um papel mais marcante que o do seu colega de elenco Al Pacino, e tem sido apontado como um nome forte para coadjuvante do ano. Mas, como mencionado antes, ele é o ator "plano B", pois o forte favorito é o próximo.

BRAD PITT, 56 anos, 4ª indicação. Indicações anteriores foram Os Doze Macacos (coadjuvante, 1995), O Curioso Caso de Benjamin Button (principal, 2008) e O Homem que Mudou o Jogo (principal, 2011). Concorre agora por Era Uma Vez em Hollywood. Pitt já foi indicado como melhor filme (pois quem concorre para filme do ano é produtor, e ele também acumula essa função; aliás, ganhou por 12 Anos de Escravidão), mas na categoria interpretação nunca venceu. E ele é o franco cavorito, elogiado em diversos festivais. A interpretação é correta e madura, por isso não será injusto se vencer.

ATRIZES COADJUVANTES:

KATHY BATES, 71 anos, 4ª indicação. Indicações anteriores foram para Louca Obsessão (principal, 1990, ganhou!), Segredos do Poder (coadjuvante, 1998) e As Confissões de Schmidt (coadjuvante, 2002). Agora concorre por O Caso Richard Jewell, filme de Clint Eastwood, que foi praticmente esquecido, se não fosse a indicação de Kathy. Ainda não assisti ao filme, mas a presença dela é sempre forte em qualquer filme que atua. Contudo, é a azarona da lista.

LAURA DERN, 53 anos, 3ª indicação. Foi indicada antes por As Noites de Rose (principal, 1991) e Livre (coadjuvante, 2014). Agora é a vez de História de um Casamento. Ela é a forte favorita na categoria, ainda mais porque surpreendentemente sua concorrente mais próxima, Jennifer Lopez, não foiindicada. A interpretação dela é excelente, embora seja um papel relativamente pequeno, não exatamente marcante. Mas ela domina em suas cenas.

SCARLETT JOHANSSON, 35 anos, 2ª indicação. Na verdade, trata-se de uma dupla indicação no mesmo ano, mas como nesse texto já falei dela antes, por isso coloquei "2ª indicação". Além de História de um Casamento, ela concorre por Jojo Rabbit, o que só demonstra que esse foi o ano dela. Tem bons momentos no filme pela qual ela recebe a indicação nessa categoria, mas suas chances são pequenas.

FLORENCE PUGH, 24 anos, 1ª indicação. Ela concorre por Adoráveis Mulheres, e é uma jovem atriz que tem tentado o estrelato. recebeu muitos elogios pelo terror Midsommar: O Mal não Espera a Noite, e certamente a sua indicação aqui é influenciada pelas duas participações. Está completando o time, mas pode ser que um dia chegue a vez dela.

MARGOT ROBBIE, 29 anos, 2ª indicação. Foi indicada anteriormente por Eu, Tonya, de 2017, como principal. Agora é a vez do filme Escândalo, Robbie, uma das atrizes mais sensuais do momento, também esteve em Era Uma Vez em Hollywood, em que também foi muito elogiada. Por ter dois papéis marcantes no mesmo anos, e sem Jennifer Lopez na corrida, ela pode ser a concorrente mais próxima da favorita Laura Dern. Mas as chances não são altas mesmo assim.

É isso! Vamos aguardar agor a premiação, dessa vez mais cedo que de costume, no dia 09/02/2020. Eu, obviamente, acompanho pela TNT, pois Rede Globo não respeita o Oscar. Abraços!





domingo, 12 de janeiro de 2020

Frozen 2

 O mês de janeiro representa o momento de férias escolares, num verão, muitas vezes, insuportável por aqui. Felizmente, muitas salas de cinema são equipadas com ar condicionado, e o tema congelante dessa sequência de uma animação de sucesso, ajuda a refrescar. Refiro-me a Frozen 2, que retoma no cinema com seus populares personagens.

 Aqui, a rainha Elza é assombrada por vozes que a fazem tentar decifrar mistérios que envolvem as ações de seu avô no passado. Parte para uma aventura para manter o reino em segurança, já que segredos relacionados a uma floresta negra, podem trazer destruição e ruína. Ela conta com o auxílio de sua irmã Ana, do namorado desta, Kristoff, e do simpático boneco de neve, Olaf.

 Ok, a história é bonitinha, e encanta o público infantil, sobretudo as meninas. Entretanto, percebe-se aqui um roteiro preguiçoso, dos próprios diretores Jennifer Lee e Chris Buck, que não conseguem tanta criatividade para sustentar uma sequência de um fenomenal sucesso de 2013. Além disso, as diversas canções não são memoráveis, nem simpáticas. Fica então a parceria do público com seus carismáticos protagonistas, sendo que, obviamente, mais uma vez o boneco Olaf leva a melhor como alívio cômico. Mas não há tenta coisa de extraordinário.

 Não sei se chegará a ser indicado ao Oscar de canção, mas certamente estará entre os cinco finalistas de longa em animação. E, reafirmo, é um passatempo agradável e divertido. Mas não esperem novidades maiores, além da inclusão de uma espécie de filhote de dragão na história, para acrescentar mais "foforice para a narrativa". Até mais!

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sábado, 4 de janeiro de 2020

Minha Mãe é Uma Peça 3: O Filme

 Para fechar a trilogia de enorme sucesso nas bilheterias brasileiras, o show de humor do talentoso Paulo Gustavo como Dona Hermínia está de volta; e mais uma vez as salas de cinema ficaram cheias, comprovando o quanto o público aplaude o estilo de humor de Paulo Gustavo e sua carismática personagem. A direção ficou por conta de Susana Garcia, após o sucesso no ano passado com "Os Homens são de Marte".

 Garcia também colabora no roteiro, ao lado de Paulo Gustavo e Fil Braz. Entretanto, não existe exatamente uma história, mas sim um alongamento de cenas cômicas e divertidas. Tanto que a projeção aqui se aproxima das duas horas, bem diferene dos outros dois filmes, que se chegavam a passar de uma hora e meia, era pouco (caso do segundo episódio).

 Mas em nenhum momento o público sai da sala de exibição com a ideia de que assistiu a uma fita arrastada e sem novidades. Ao contrário, as gargalhadas são garantidas do início ao fim, e a duração longa da fita nem é sentida; na verdade, se tivesse mais cenas, o público somente iria agradecer. Méritos de Paulo Gustavo, defintivamente o humorista do ano, que tem um poder impressionante sobre as plateias. Bem, a Dona Hermínia anda entediada em seu apartamento, pois os filhos não moram mais com ela. Além do filho mais velho, Garib, que mora em Brasília com esposa e filho, os outros dois, Marcelina e Juliano, já decidiram as vidas deles, pois a moça está grávida e vai morar com o namorado hippie, e Juliano decide se casar com o namorado. Para piorar, o ex marido Carlos Alberto resolve ser vizinho dela, deixando-a mais irritada. Bem, agora Dona Hermínia consegue ocupar seus dias em comprar roupinhas para o netinho (ou netinha) e implicar com a sogra do filho, Ana, uma megera  ricaça e prepotente. E nas horas vagas ela arranja tempo para ir para Nova York ao lado da vizinha Dona Lourdes.

 Enfim, ao ler a sinopse, já se pode perceber que tudo o que se sucede em cena é apenas com o pretexto de matar o público de rir. E realmente, Paulo Gustavo apenas conseguiu melhorar o humor nas sequências. Quase todo o elenco retorna aqui, como Mariana Xavier e Rodrigo Pandolfo como os filhos Marcelina e Juliano, Patrícia Travassos e Alexandra Richter como as irmãs, Hérson Capri como o ex-marido, Samantha Schmütz como a empregada, Malu Galli como a vizinha Dona Lourdes... Acrescentam-se ao grupo, a atriz Stella Maria Rodrigues como a sogra do filho de Hermínia e Cadú Fávero, como o hippie que se casa com Marcelina.

 Percebe-se que provavelmente não teremos um episódio 4, já que Gustavo fez questão de prestar uma homenagem à família dele nos letreiros finais, especialmente para a mãe dele, aliás, outros momentos divertidos em que a própria mãe do ator/roteirista aparece em cena, o que demonstra onde ele tirou a inspiração para criar Dona Hermínia. Tal homenagem soa como uma despedida das telas de uma das personagens mais carismáticas do cinema brasileiro. Por outro lado, a série já foi confirmada, e a turma toda, em breve, irá invadir a telinha. Não percam e divirtam-se! Abraços!

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sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Ford vs. Ferrari

 Ford vs. Ferrari é uma das estreias dessa semana, e eu conferi no cinema, principalmente por conta do título chamar a atenção por sugerir algum tipo de duelo entre dois nomes bastantes populares. O diretor é o  James Mangold (de filmes como "Johnny & June" e "Logan"), que se apoiou em um roteiro elaborado por Jez Buttenworth, John-Henry Buttenworth e Jason Keller, sobre duas marcas bem conceituadas mundo afora.

 Carroll Shelby é um fabricante de automóveis muito prestigiado. Ele trabalha sempre em parceria com o mecânico Ken Miles, também piloto de suas máquinas. Shelby é contratado para integrar a equipe de Henry Ford II, para produzir uma "super-máquina" capaz de derrotar seu arquinimigo Enzo Ferrari nas corridas de fórmula 1. Contudo, Ken Miles não é aceito na equipe como piloto, mas Shelby fará de tudo para mostrar o quanto competente seu amigo é na arte de pilotar.

 A duração excessiva do filme (quase três horas) pode desagradar um pouco, mas a narrativa é muito atraente e apresenta cenas memoráveis e bem elaboradas de corridas de fórmula 1. Na verdade, nem precisa ser entendido nesse esporte para curtir essa boa aventura, cujo único problema é ter um título que não está totalmente de acordo com a ideia central. Ainda que as marcas Ford e Ferrari duelem em cena nas corridas, os intérpretes dos chefões (Tracy Letts e Remo Girone, respectivamente) são apenas coadjuvantes, pois a ação é centrada na amizade enter Shelby e Miles.

 Falando nos protagonistas, Matt Damon e Christian Bale atuam perfeitamente como os parceiros que precisam superar obstáculos perigosos para conseguir todo o prestígio requisitado pela Ford. Christian Bale se destaca ainda mais numa excelente composição, como um impulsivo e irreverente Miles. Já o Shelby de Matt Damon não tem em cena nem mesmo um interesse romântico, já que apenas o seu profissional é focado.

 Ainda no elenco, Jon Bernthal e Josh Lucas são os executivos da Ford, responsáveis pela contratação de Shelby, sendo que o último funciona como uma espécie de vilão. O garotinho Noah Jupe (de "Extraordinário") faz o filho de Bale, e a atriz irlandesa Caitriona Balfe (de "Jogo do Dinheiro") interpreta a esposa.

 A conclusão é satisfatória e não deixa de mostrar uma mensagem crítica à ganância e ao poder do dinheiro. Certamente terá algumas indicações ao Oscar 2020, até mesmo uma possível de ator coadjuvante para Christian Bale. Sem dúvida, mesmo não sendo um primor, é um filme interessante e agradável. Até!

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sábado, 2 de novembro de 2019

Malévola: Dona do Mal

 Não tenho o hábito de assistir às sequências das fitas da Disney no cinema, mas acabei conferindo essa produção, agora comandada pelo norueguês Joachim Ronning, que fez o mais recente episódio da série Piratas do Caribe, "A Vingança de Salazar".

 Aventuras como essa acabam sendo entediantes pois nós todos já sabemos como vai começar e como vai terminar. Quando se sai da sala de projeção, fica a sensação do famoso dito e feito, pois tudo o que era previsto acontece. Não que o roteiro seja ruim, mas não se tem como fugir do convencional quando se trata de contos de fadas. Ao menos, dessa vez, o roteiro, de Linda Woolverton, Noah Harpster e Micah Fitzerman-Blue, não coloca a figura sinistra e diabólica da Malévola como vilã.

 A jovem Aurora está prestes a se casar com o príncipe Philip, por quem é apaixonada. Contudo, terá que convencer sua madrasta Malévola a aceitar o casório. Inclusive, a própria é convidada para um jantar no castelo do futuro genro. Entretanto, um plano ardiloso da rainha Ingrith, mãe de Philip, faz com que Malévola caia numa armadilha, e precisa fugir para não ser exterminada. Acaba encontrando seres da mesma espécie que ela, com quem se une. Enquanto isso, Aurora, entristecida, perde a confiança em sua madrasta.

 Bem, pelo fato da grande vilã do clássico "A Bela Adormecida" ganhar o título do filme, é normal o fato dela ser a heroína da vez. Mas o mais importante mesmo na história é o já batido tema, ainda que sempre oportuno, da diversidade. Afinal, fica a mensagem de que as diferenças precisam ser compreendidas, e que não deve existir relação de superioridade de uma raça para outra; é o que fica evidente no confronto entre os humanos e os seres da espécie de Malévola.

 No elenco, Angelina Jolie de volta às telas no papel título, sempre carismática e poderosa em cena. Elle Fanning retorna como a sonsa princesa Aurora, assim como as três fadas têm as mesmas Lesley Manville, Imelda Staunton e Juno Temple do filme anterior. Sam Riley, como o fiel acompanhante de Malévola, também retorna em cena. Mudaram o ator que faz o príncipe, agora é um certo Harris Dickinson (muito fraco, por sinal). Ainda no elenco, o talentoso Chiwetel Ejiofor, como o líder da espécie de Malévola, Ed Skrein, como um rebelde desse mesmo grupo, Robert Lindsay como o rei, e a melhor do elenco, a já envelhecida Michelle Pfeiffer, como a rainha, a grande vilã da narrativa.

  Enfim, a produção é agradável e fotogênica, com belos figurinos e direção de arte. Todavia, é mais mesmo um passatempo para as crianças, cuja exibição teria sido oportuna nas férias escolares do mês de julho. Vale pela mensagem politicamente correta e, obviamente, pela ilustre presença de Angelina Jolie. Abraços!

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sábado, 19 de outubro de 2019

Coringa

 Nessa guerra simbólica entre Marvel x DC Comics, com filmes protagonizados por seus super-heróis populares, quem ganha é o público, que confere toda a diversidade de fitas. Se parecia, para alguns, que a Marvel estava levando a melhor, a DC (ou Warner) demonstrou que produzir um filme protagonizado por um anti-herói, feito com muita seriedade, consegue superar a batalha de egos de diversos heróis envolvidos numa só projeção, como é o caso da série Avengers.

 Quem diria, o diretor Todd Phillips (também roteirista, ao lado de Scott Silver), responsável por comédias escrachadas como a série "Se Beber, Não Case" e "Um Parto de Viagem", assumiu essa prdoução em que, por mais que Coringa seja conhecido por ser uma figura irônica e diabolicamente engraçada, quase não há espaço para a comédia; tudo aqui consegue ser mais sombrio e tenebroso que qualquer filme na nova franquia do Batman, comandada por Christopher Nolan.

 O nosso popular "herói" é vítima constante de bullying por ser desajeitado e ter um péssimo aspecto físico. Além disso, sofre de uma doença em que, quando está nervoso, começa a gargalhar freneticamente. Enfim, trata-se de um perdedor, desprezado por todos. A situação piora quando ele é demetido de seu trabalho, no qual ele se disfarçava de palhaço para animar as pessoas em eventos. As coisas fogem da normalidade de vez quando descobre um segredo envolvendo a identidade de seu possível pai. A partir daí, consumado pela ira, Arthur Fleck torna-se Coringa, e está disposto a fazer valer sua justiça.

 Não me recordo da classificação etária do filme, e já informo que ele é bastante pesado para crianças e pré-adolescentes. A trilha sonora densa e tocante sugere que o público está assistindo a uma produção de horror, gênero que se aproxima bastante da narrativa. Mais uma vez, palmas para Todd Phillips, que mostrou versatilidade atrás das câmeras, ao abandonar o seu lugar comum na comédia. O que também é facilmente perceptível é a homenagem aos filmes do cineasta Martin Scorsese, sobretudo fitas como "Taxi Driver" e "O Rei da Comédia", que surgem na mente do espectador mais familiarizado com o cinema, quando observa diversas cenas. Falando em Scorsese, que tem o hábito de registrar suas tramas em Nova York, a Gotham City daqui é uma fotografia idêntica de Nova York, sobretudo nas cenas dos guetos noturrnos.

 Mas o que mais me chamou a atenção, é a temática voltada às questões sociais, em épocas que fica cada vez mais evidentes, tanto nos EUA como no Brasil, o quanto o menos favorecido é hostilizado pela sociedade. Estamos muito acostumados a ver no cinema americano criminosos negros ou latinos causando o terror nas ruas e nos metrôs. Aqui, contudo, há uma realidade pouco vista nos filmes: homens brancos e ricos demonstrando sua fúria contra a minoria e mulheres indefesas. Outro momento de interessante reflexão se esconde por de trás da personalidade do pai do homem-morcego, o milionário Thomas Wayne (o Batman só aparece aqui como criança), cuja conduta faz lembrar muito o oportunismo de políticos corruptos (sobretudo, lembra muito um governador de estado aqui no Brasil). Essa nova possibilidade de leitura ma faz refletir: seria mesmo Batman um herói? Ok, ele não aparece com sua habitual roupa, mas ao analisarmos o legado que lhe é deixado por um homem não exatamente escrupuloso, nos faz pensar nisso... Enfim, de qualquer forma, que fique claro: Coringa é sim um vilão! Mesmo sendo humilhado constantemente, como uma versão masculina de "Carrie, a Estranha", a maldade assumida por ele não se justifica.

 Como de hábito, deixo pro fim informações obre o elenco. No papel título, Joaquin Phoenix demonstra de vez sua versatilidade. Sem dúvida, é o filme de sua carreira, numa interpretação digna de Oscar. O astro Robert DeNiro (aliás, habitual parceiro de Scorsese) interepreta aqui um apresentador comediante (no estilo Jô Soares), idolatrado exageradamente por Fleck. A veterana Frances Conroy faz a mãe  do Coringa, Brett Cullen vive o já mencionado Thomas Wayne e Zazie Beetz (de "Deadpool 2") faz um provável interesse romântico do protagonista.

 Coringa se concretiza como o filme de heróis para o público adulto, com poucos momentos de humor, e com diversas possbilidades reflexivas sobre questões sociais. É fácil de entender o porquê do filme ter desagradado  muitos políticos de partidos conservadores, pois afinal de contas, tais perfis não são exaltados nessa narrativa; ao contrário, demonstram repulsividade, e isso tem certa lógica. Este é dos filmes que merece uma nova análise, e certamente precisa ser conferido. Vale a pena!

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sábado, 14 de setembro de 2019

It: Capítulo Dois

 Após dois anos, finalmente estreou a sequência de uma obra de Stephen King bastante popular, além de ser um dos livros mais longos (senão o mais longo) do autor. It - A Coisa apresenta um dos vilões mais demoníacos e perversos do universo literário de King, o sinistro palhaço Pennywise. Essa segunda parte, mias uma vez adaptada por Gary Dauberman e dirigida por Andy Muschietti, concentra a ação no grupo de crianças agora adultos.

 Cada personagem tomou seu rumo e saiu da cidade pequena de Derry, com exceção de Mike, que permaneceu por lá. Quando eventos estranhos e sangrentos começam a acontecer, como o sumiço de crianças, e corpos que surgem pelos córregos, Mike contata todo o grupo dos perdedores: Beverly, Bill, Ritchie..., como objetivo de derrotarem de vez a coisa Pennywise.

 A metragem é bem extensa (quase três horas de duração), e já começa com um prólogo bastante impactante, em que um casal homossexual é vítima de bullying (uma sequência bem violenta), e um deles ainda torna-se presa de Pennywise. A apresentação dos personagens enquanto adultos é breve, e o diretor Muschietti se concentra na ação, e nos traumas paralelos de cada um dos personagens, para mostrar cenas assustadoras. Há também momentos de flashback, em que o público mata a saudade do elenco-mirim. Contudo, de forma geral, ainda que o entretenimento seja interessante, o filme é arrastado, e, infelizmente, menos assustador que o primeiro, que apesar de ter muita cena de comédia, era mesmo mais tenebroso.

 O próprio autor Stephen King faz uma pequena participação como um fã de escritor de histórias de terror, e faz um auto-sátira, ao dizer que o que estraga as obras do autor, são os finais decepcionantes (algo bem comum com a escrita do próprio King). Na verdae, esse problema de finais não exatamente bons, acontece nos livros e nas adaptações também. Aqui, por exemplo, percebe-se que a figura central do Pennywise, mais uma vez vivido pelo sueco Bill Skarsgaard, tem menos destaque, e isso percebe-se conforme a projeção vai seguindo até o fim (algo não exatamente bacana com um vilão de porte).

 Além de Skarsgaard, e todo o elenco mirim do anterior, as presenças estelares de Jessica Chastain, como Beverly, e James McAvoy, como Bill (o escritor) acrescentam mais entusiasmo para a história. Os outros cinco atores que compõe o painel de protagonistas são os menos famosos Bill Hader (Richie), Isaiah Mustafa (Mike), Jay Ryan (Ben), Jams Ransone (Eddie) e Andy Bean (Stanley).

 Enfim, sem ser uma grande obra-prima, vale a pena conferir nos cinemas essa sequência aterrorizante, mesmo seu resultado ficando um pouco abaixo das expectativas. Quem tiver curiosidade, vale a pena conhecer a minissérie para tv feita em 1990, que também é muito boa. Abraços!

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