sábado, 29 de novembro de 2008

THX 1138

( EUA 1971 ). Dierção: George Lucas. Com Robert Duvall, Donald Pleasence, Don Pedro Colley, Maggie McOmey, Ian Wolfe, Marshall Efrom. 95 min.


Sinopse: Numa sociedade americana do futuro, a relação sexual é depreciada e considerada como ato criminosos pela constituição. Um homem que trabalha para o governo acaba se envolvendo sexualmente com sua colega de quarto e é aprisionado pelo Estado opressor.

Comentários: Original e diferente, THX 1138 é o filme menos conhecido da minúscula filmografia de George Lucas (minúscula carreira como cineasta, claro, e não como produtor). Além disso, é também o mais interessante e sério filme do diretor de "Star Wars". Com clima que lembra bastante o clássico livro "1984" de George Orwell (aliás, já em filmado em 84[!], com John Hurt), THX 1138 apresenta a opressão do Estado sobre as massas, que corrompe a liberdade e os direitos humanos. A sociedade é robotizada, os trabalhadores estão sempre vestidos com os mesmos uniformes brancos e todos (homens e mulheres) têm as cabeças raspadas. Além disso, as pessoas confessam seus pecados a uma estátua, que parece uma mistura de Deus e oráculo. Esta, na verdade, surge como a representação alienadora de um ser elevado e superior, que tem o poder sobre todos, mas que não se assemelha em mais nada com o Deus bíblico (tal estátua fala algumas palavras de uma forma fria e desconexa). Além de ser autor do próprio roteiro (junto com Walter Murch), é evidente que George Lucas também foi o responsável pela produção, em gênero que domina (a produção executiva é de Francis Ford Coppola). A direção de arte, os efeitos visuais e a fotografia, ainda que considerando os padrões tecnológicos dos anos 70, são de primeira e ajudam a manter o interesse no filme. Mas, não é uma ficção científica para adolescentes. Ou seja, por mais que tenha sido dirigido pelo mago dos efeitos visuais, e que produziu diversos filmes para o público-pipoca, THX 1138 tem até momentos de ação, mas é sério, dramático e crítico. Enfim, o tema tratado pelo roteiro já denota que é filme para adultos, e que contém algumas reflexões filosóficas sobre o homem, a sociedade, a política, Deus... O final é otimista e sugere uma possibilidade de resistência contra a opressão. O ator central é Robert Duvall, ainda em início de carreira, e atua muito bem no papel do homem que questiona o ditador mundo em que vive. Ainda pouco conhecido (ao menos, pela nova geração), THX 1138 merece encontrar seu público. Definitivamente, hoje já é um cult.

Por que gravei o filme: Passou no Max Prime, e gravei mesmo sem assisitr, pois já conhecia algumas críticas a respeito do filme. Gosto do visual e da atmosfera perturbadora que a produção de Lucas deixa claro em cena. Por fim, THX representa o início da carreira de um dos mais bem-sucedidos e competentes cineastas da indústria norte-americana, e já previa o talento técnico excepcional de George Lucas.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O Invasor

( Brasil 2001). Direção: Beto Brant. Com Marco Ricca, Alexandre Borges, Paulo Miklos, Malu Mader, Mariana Ximenes, Cristhiane Couto, George Freire, Sabotage. 97 Min.


Sinopse: Dois funcionários de uma construtora contratam marginal para assassinar o chefe, com intuito de herdarem boa parte da empresa. Após o crime, o marginal se envolve com a filha do falecido, e torna-se um problema para os dois homens, pois agora pretende se associar a eles.

Comentários: Ágil e eficiente, O Invasor consolidou o talentoso Beto Brant, realizador também de "Os Matadores" e "Ação Entre Amigos". O filme mostra São Paulo de uma forma pouco apresentada antes, focalizando bem o lado suburbano da cidade e o cotidiano de seus moradores. Além disso, o roteiro, do próprio Brant, Renato Ciasca e Marçal Aquino, adaptado do livro do próprio Aquino, oferece algumas reviravoltas interessantes e um final bem inesperado. Foi um acerto chamarem o roqueiro Paulo Miklos, dos Titãs, para o personagem central, em sua estréia no cinema. Ele tem o tom certo para o personagem, um assassino de periferia que consegue dar a volta por cima, quando controla a situação e acaba por dominar os seus contratantes. Marco Ricca e Alexandre Borges interpretam os dois sócios ambiciosos, num filme em que todos os personagens, de uma certa forma, são vilões. Parece que a intenção do filme é demonstrar que na cidade grande ninguém é digno de confiança; que todos são passíveis de traição. No elenco há também Mariana Ximenes como a ninfetinha junkie milionária e Malu Mader, que tem pouco a fazer como mulher fatal. Mas a melhor interpretação é de Marco Ricca, numa composição transtornada e impulsiva, que oscila fúria e remorso. Com bons enquadramentos de câmera, ritmo acelerado e trilha sonora com músicas de rap e heavy metal nacional, O Invasor é uma novidade no cinema brasileiro atual. Não percam!

Por que gravei o filme: Assisti ao filme no cinema Belas Artes, e ele é uma pura demonstração da originalidade que o cinema brasileiro tem implantado em seus filmes. Beto Brant, além disso, é um dos cineastas atuais mais competentes do cinema nacional, e raramente deixa a peteca cair. O filme, portanto, é sempre aberto a discussões sobre vários assuntos: comportamento moral, ética, violência, drogas, enfim, sobre o condicionamento humano e suas limitações. O elenco competente é uma atração a parte. Gravado no Cinemax.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Romance

Hoje fui ao shopping de Santana com a minha esposa Gisele. Nós decidimos de última hora ir ao parque Villa Lobos; e eu achei conveniente a idéia, pois estava com a pretensão de alugar uma bike e dar umas pedaladas... No entanto, a tarde estava meio fria, e resolvemos não ir mais ao parque. Assim, fomos ao shopping, e decidimos ir ao cinema. Sim, meus caros amigos, esse cinéfilo conseguiu entrar numa sala de cinema, após a última vez que isso ocorreu: lá embaixo, agosto/2007.
Resolvemos assistir ao filme "Romance" (não tinha muita opção, pra variar; além disso, Gisele queria ver esse filme, desde algumas semanas). Esse desprotegido cinéfilo, portanto, foi até a caixa eletrônica 24 horas para tirar o pouco "cash" que restava. Assim fiz, mas descobri que isso foi desnecessário! Afinal, o filme "Romance" é brasileiro, e desde 10/11 (de segunda a quinta) os ingressos para as películas brasileiras custam R$4,00 (e eu não sabia disso!). No mais, como Gisele e eu somos professores, pagamos meia, cada um R$2,00. Enfim, nunca foi tão legal ir ao cinema depois de muita ausência...
Quanto ao filme, Romance (dirigido por Guel Arraes, e co-roteirizado por ele e Jorge Furtado), conta a história do jovem diretor e ator de peças teatrais, Pedro (Wagner Moura). Normalmente, ele dirige grandes clássicos da literatura mundial, de Othello a Cyrano. Dessa vez, Pedro resolve transportar para os palcos o clássico "Tristão e Isolda", de Joseph Bedier, em que protagoniza ao lado da namorada Ana (Letícia Sabatella). Com o tempo, Pedro e Ana vão conquistando seu público e, certa vez, um diretor de tv (José Wilker) se impressiona com a atuação da moça, e a convida para participar de uma novela que será dirigida por ele. Ana aceita o convite, e divide sua vida profissional entre o teatro em São Paulo, e as novelas no Rio de Janeiro. Com isso, a relação do casal esfria, e ambos se separam. Três anos depois voltam a se encontrar, quando Ana sugere que Pedro escreva um roteiro para um epecial de fim-de-ano na tv. O jovem , então, decide, adaptar para a tv um grande sucesso que fez nos palcos: Tristão e Isolda.
Guel Arraes e Jorge Furtado, após alguns sucessos no cinema (e depois de escreverem e adaptarem diversos roteiros para as minisséries globais), se uniram na realização dessa comédia romântica, que insiste em ser dramática. É um filme simpático, agradável e divertido, que fala do amor do artista pela arte (no caso, o teatro) e das conturbadas relações amorosas entre os seres . Contudo, apesar de não ter uma duração longa, o filme se arrasta um pouco, ao enfatizar demais alguns personagens coadjuvantes. Além disso, a falta de equilíbrio no gênero atrapalha um pouco; ou seja, por hora, não sabemos se é comédia ou drama. Outra falha, foi a escolha de Letícia Sabatella na interpretação da mocinha. Letícia é uma atriz discutível, que já teve altos e baixos, já foi estrela na globo, depois foi desperdiçada, agora voltou a ser estrela... Enfim, o fato é que ela não tem química para ser par romântico de Wagner Moura. A escolha de uma atriz mais jovem (Alinne Moraes, Débora Falabella, Mariana Ximenes...) seria mais adequada. Por outro lado, alguns atores roubam a cena: Andréa Beltrão, como a diretora de elenco e amiga do casal, serve como alívio cômico; Marco Nanini surpreende e diverte nas poucas cenas em que aparece; e Vladimir Brichta, quem diria, revela bom talento cômico. Apenas Wilker exagera e super-representa como sempre. E Wagner Moura se consagra como o maior ator do cinema brasileiro da atualidade (ao lado de Lázaro Ramos). Outro equívoco é percebido o roteiro, no instante em que a personagem Ana passa a se relacionar amorosamente com o namorado e o colega de trabalho (Brichta), e essa relação é facilmente compreendida por todos (inclusive pelo namorado!). Ou seja, a personagem tenta convencer que atração física e amor sejam sinônimos, o que soa muito incoerente. Ainda assim, dá pra se divertir com o filme, que apresenta uma conclusão interessante e satisfatória.
Vale ressaltar, por fim, que o cinema brasileiro tem encontrado seu público, já que as pessoas estão perdendo o preconceito que tinham em relação aos filmes nacionais. Afinal, as produções um tanto "pornográficas" dos anos 70/80 trouxeram uma imagem negativa para o nosso cinema. Porém, por outro lado, o cinema brasileiro também está (infelizmente) perdendo um estilo interessante e bem típico que conseguiu conservar durante um certo tempo, ou seja, o cinema novo. Onde estão os discípulos de Glauber Rocha e Nélson Pereira dos Santos? Essa nova safra de filmes, se por um lado deixou de ser erótica, por outro deixou nosso cinema mais comercial. Filmes como Romance, têm muita proximidade com produções hollywoodianas, o que denota a perda da identidade cultural do nosso cinema. Em todo caso, comercial ou não, admito que os filmes brasileiros têm conseguido bons êxitos nas bilheterias nacionais. E isso já é bem-vindo.

TRAILER:

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Somos todos solidários?

"O homem é o lobo do homem" é uma frase bastante conhecida, e foi dita pelo filósofo Thomas Hobbes. Na atualidade, percebemos o quanto esse pensamento de Hobbes se traduz com grande força e impacto.
O Brasil é conhecido por ser um país repleto de solidariedade humana. Afinal, o nosso povo é tido como "caloroso" e receptivo. Todavia, essa denominação que o país tem, faz com que eu reflita: Se os brasileiros possuem essa característica, que tipo de solidariedade encontramos no resto do mundo?
Penso que o nosso povo está perdendo o afeto, a educação, a cordialidade, a simpatia, o significado da amizade... As pessoas que nos rodeiam no nosso cotidiano (ou seja, colegas de trabalho, da faculdade, parentes, vizinhos...) deveriam nos cumprimentar, perguntar como foi nosso dia, bater um papo amigável, e assim por diante... Contudo, quando te encontram nos corredores da vida, dizem: "Ah, será que você pode me pagar aquele dinheirinho, referente a vaquinha que fizemos para fulano de tal?", ou "Você já fez a sua parte do trabalho que deve ser entregue amanhã?"
Quando me deparo com perguntas assim, eu penso: "Será que eu não tenho nenhuma responsabilidade?" Mas, eu normalmente respondo: um bom dia pra você. Como está sua família, como foi o fim de semana, conte-me as novidades... Entretanto, o resultado disso, normalmente, é desastroso: "bom dia, estão todos bem, ótimo fim-de-semana, nada de importante... Mas, e a vaquinha, quando vai pagar?" Assim, passo a concluir: "acho que eu não tenho reponsabilidade".
Ou será que eu deveria agir assim também? Cobrar R$ 0,50 da xeróx de fulano de tal; exigir que um amigo que não teve tempo de fazer um trabalho de escola, escreva 50% do trabalho para poder assinar o nome no meu projeto; chamar de sovina o colega que ainda não contribuiu com a vaquinha... Todavia, prefiro ser irresponsável (para o senso comum) do que perder a minha dignidade.
Os amigos... (ou melhor, colegas... huuuuummmm, acabo de reduzí-los [ou promovê-los] para 'conhecidos") nos decepcionam algumas vezes, mas num país em que uma característica importante é a solidariedade humana, até os não conhecidos deveriam ser mais generosos; e, lógico, isso não acontece. Se não, vejamos: Num ônibus lotado em horário de pico, quantos se oferecem para segurar sua bolsa pesada? Quantos tem bom-senso de ceder o lugar em que está sentado, para uma pessoa com mais necessidades? alguns, o que é ruim para o Brasil.
Por outro lado, não se pode perder a esperança, pois o respeito e a virtude permanecem em um grupo de pessoas que todos nós conhecemos. Eu, como qualquer um, conheço alguns seres que se destacam por essas qualidades. O que dói, é que eu (novamente, como qualquer outro) conheço muitas pessoas, as quais gosto muito; mas, apenas poucos (infelizmente) podem ser qualificados como amigos: os que tem caráter.
Essa semana talvez eu tenha me decepcionado um pouco com a humanidade e suas hipocrisias: julgamento preciptado, fofocas, mentiras, desrespeito, fingimento, falta de atenção... Porém, não posso me esquecer, que também sou um ser humano, e posso cometer essas falhas que enumerei. Espero em Deus, no entanto, que eu não tenha cometido isso, pois passaria a desconfiar até mesmo de meus próprios valores...
Mas, qual a relação dessa postagem com o contexto do blog? A relação é que isso tudo é tema de filme. Filmes que passaram, que passam, que ainda vão passar. E nossa vida é um filme, comandada e dirigida pelo Altíssimo. Infelizmente, é um filme triste, com final que tende a uma conclusão pessimista típica de Buñuel ou Bergman. Mas, como há a esperança, e como essa película é dirigida pelo maior dos cineastas- Deus- torço para um típico final hollywoodiano: que seja tolo, banal, sentimental... mas, feliz.
Dedico as minhas humildes palavras a todas as pessoas que amo, e principalmente, aos meus tantos conhecidos.
Sem mais.

domingo, 9 de novembro de 2008

O que vier na telha...

Olá, estou meio que sem sono, então resolvi escrever alguma coisa. Não vou postar comentário sobre filmes dessa vez, ainda mais porque meu computador anda meio de lua. Ou seja, não vou conseguir dar "ctrl c, ctrl v". Então resolvi arriscar a escrever qualquer coisa, enfim, tudo que vier na minha mente agora. E, depois, dormirei. Vamos ver o que sai a partir desse instante:
Prá chegar lá, preciso do movimento.
A ausência dele me aborrece
Ele está em todo lugar, na minha frente
Contudo, não na minha vida
A brevidade do mundo pode me interromper
Mas antes, encontrarei o movimento.
Que mais? A adaptação.
Sem ela, o amor continuará com barreiras.
Nunca foi fácil para o homem se habituar
Há tantas coisas, pois, que se tornam obstáculos.
Tê-la, contudo, significa determinação
Afinal, ela será um dia alcançada.
Por fim, falta mais? Falta.
O que resta é a permanência.
Ela existe, mas pode não durar.
Se houver a exclusão, ficará a saudade, a perda, a dor...
O museu do cérebro é perverso
Assim, a permanência precisa permanecer
Movimento. Adaptação. Permanência.
Há de restar mais? Certamente.
Hoje, entretanto, fico com essas. Apenas.
Mas, a certeza da fé no Logos,
A esperança inserida naquele que é a Palavra,
Determina que eu devo continuar. Pra lá chegar!
Pronto! Escrevi. Não sou poeta, nem intenciono ser; aliás, nem sei o real significado das minhas simbologias. Pode ser muita coisa: ansiedade, insônia, vontade de escrever, falta do que fazer... Mas, enfim, é bom ter a sensação de liberdade num espaço reservado para as minhas palavras. Prometo, que a próxima postagem, será sobre cinema. Beijos e abraços!!!

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O Pagamento Final

( EUA 1993 ). Direção: Brian DePalma. Com Al Pacino, Sean Penn, Penelope Ann Miller, John Leguizamo, Viggo Mortensen, Luiz Guzman, James Rebhorn, Adrian Pasdar, Ingrid Rogers, Richard Foronjy, Jorge Porcel, Rick Aviles, Paul Mazursky. 144 min.



Sinopse: Um famoso traficante de drogas, Carlito Brigante, após ser liberto da prisão, resolve mudar de vida e abandona o crime. Mas acaba se metendo com gângsteres corruptos e com as paranóias do seu desequilibrado advogado.

Comentários: Brian DePalma está menos hitchcockiano que de costume, e voltou a seguir a linha de filmes como "Scarface" e "Os Intocáveis". Contou mais uma vez com o astro do primeiro filme, Al Pacino, nesse policial um tanto longo, mas que mantém o interesse. DePalma continua fazendo seus jogos de câmeras, ainda que com menor freqüência, se comparado com outros trabalhos do diretor. Aqui, isso ocorre na cena inicial do jogo de bilhar, na cena do elevador e principalmente nos momentos de perseguição final, quando Pacino soa a camisa ao fugir dos gângsteres (em uma das cenas ela atira neles, enqaunto desce uma escada-rolante deitado!). Apesar de bons enquadramentos de câmera, e de grandes momentos de pura adrenalina, O Pagamento Final não apresenta maiores novidades, uma vez que após o lançamento de "Os Bons Companheiros", de 1990, dirigido por Scorsese, esse gênero tornou-se muito comum e um tanto repetitivo (até mesmo a metragem desses filmes é propositalmente longa). O filme, roteirizado por David Koepp, é uma adaptação de duas obras de Edwin Torres, e começa com um prólogo revelador: sabemos que Pacino será assassinado no fim, e se prestarmos bastante atenção, saberemos até quem será o assassino. Depois, há uma seqüência de tribunal bem- humorada em que Pacino, sabendo que deixará a prisão, começa a fazer um interminável discurso de agradecimentos, como se tivesse numa cerimônia do Oscar. Em seguida, ocorre os previsíveis clichês: o protagonista tenta mudar de vida, mas não consegue abandonar o crime; passa a ser perseguido por perigosos mafiosos que querem sua cabeça a prêmio; é apaixonado por uma bela mulher (Penelope Ann Miller), que espera que ele tome juízo, etc. No elenco, Sean Penn compõe um personagem bizarro e bem esquisitão. Ele aparece em cena com cabelos ruivos cacheados, no papel do advogado viciado em cocaína. E o futuro galã Viggo Mortensen tem participação pequena como um traficante aleijado. Há no filme uma canção bem famosa, e que foi bastante tocada nas rádios: You Are So Beautiful", cantada por Joe Cocker; aliás, o que soa um tanto estranho, já que se espera esse tipo de música em comédias românticas, e não em filmes do gênero. O Pagamento Final, apesar disso e dos habituais clichês, mantém o interesse graças ao típico estilo de Brian DePalma, que segura a atenção por conta de seus infalíveis movimentos de câmera.

Por que gravei o filme: Sou admirador desse cineasta contemporâneo, um dos discípulos mais fiéis de Hitchcock, apesar de alguns trabalhos frustrantes. Não é o caso desse "O Pagamento Final", que aliás, também não é o seu grande filme. Mas aprecio o gênero "gângster", e o estilo do diretor. Por isso, gravei o filme no canal AXN.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Boogie Nights - Prazer Sem Limites

( EUA 1997 ). Direção: Paul Thomas Anderson. Com Mark Wahlberg, Julianne Moore, Burt Reynolds, Heather Graham, William H. Macy, John C. Reilly, Don Cheadle, Philip Seymour Hoffman, Philip Baker Hall, Alfred Molina, Robert Ridgelly, Nina Hartley, Joanna Gleason. 155 min.



Sinopse: Rapaz que trabalha em boate conhece cineasta de filmes pornográficos, e é convidado para participar como ator de seus filmes. Neste novo emprego, entra de cabeça no mundo do sexo e das drogas, e se torna famoso no meio pornô.

Comentários: O filme que revelou o talento promissor do diretor Paul Thomas Anderson (tinha 27 anos). Com roteiro original desenvolvido por ele mesmo, o filme têm vários personagens e diversos conflitos. Certamente, não é um filme para qualquer público. Mas trata-se de um enredo bastante interessante e acima da média, se comparado com outras produções da época. Fala sobre um grupo de pessoas envolvidas no mundo do cinema pornográfico e as suas rotinas, que alteram momentos cômicos e trágicos. No grupo, há o ator "bem-dotado" sexualmente, a atriz madura e melancólica com a perda da guarda do filho, o fotógrafo passivo e sua infiel esposa, a garota dos patins, o serviçal gay, o ator de produções eróticas de ação, o diretor dos filmes, etc. Enfim, pessoas que geralmente são marginalizadas pela sociedade por conta de suas atividades profissionais nada convencionais. Por isso, o tom é um pouco amargo ao mostrar as conseqüências desconstrutivas que essas pessoas acabam sofrendo nessa vida (violência física, assassinato, excesso de drogas). Ou seja, é um drama forte (apesar de alguns bons momentos de acão e comédia) que pode desagradar alguns. O elenco está excepcional e convincente: Burt Reynolds está no melhor papel de sua irregular carreira no papel do diretor dos filmes pornôs, em interpretação segura e precisa; Julianne Moore brilha como a atriz pornô, que serve como a "mãe"do grupo. Ela está sensível e bastante humana, numa composição difícil; Heather Graham, como a atriz dos patins, se revelou nesse filme em papel que lhe deu grandes chances para o estrelato; Philip Seymour Hoffman no papel do empregado gay, e Alfred Molina, em pequena participação interpretando um lunático viciado, dão força ao elenco. Apenas o protagonista Mark Wahlberg (também revelado aqui) tem atuação medíocre, mas que não cheaga a comprometer o todo. Teve três indicações ao Oscar: ator coadjuvante (Burt Reynolds), atriz coadjuvante (Julianne Moore) e roteiro original, mas não ganhou nada. O final é bastante ousado e surpreendente, ainda que discutível.

Por que gravei o filme: Pelo fato de ter se destacado, ao mostrar uma história diferente, e que foge do convencional. Não é uma pérola, e nem traz um enredo que me atraia, mas devo admitir que Paul Thomas Anderson foi a grande novidade dos anos 90 (que depois realizaria o muito melhor Magnólia, também da coleção). Além disso, gosto de filmes com histórias paralelas, todas bem desenvolvidas. Por fim, Julianne Moore é uma das minhas estrelas favoritas (deveria levar o Oscar, e não Kim Basinger). Sinto falta de maiores cenas com ela, mas ainda sim ela dá um show. Quem gosta de novidades no cinema, pode experimentar. Gravado na HBO.

domingo, 2 de novembro de 2008

Novidade e Desabafo

Olá galera! Estou pensando em fazer algo diferente, apenas para fugir da rotina. Eua ainda não atualizei a minha coleção, que foi incrementada com outros títulos, e tive a idéia de postar nesse blog, filmes (de diversos gêneros) que possuam a temática em comum. Por exemplo, filmes que falam sobre pesadelo, ou que falm sobre assalto, doenças, amizade, medo, tribunal... Que acham? Claro, apenas falarei sobre as películas da minha coleção, pois cinema é muito amplo. E para fazer essa pesquisa (que é muito interessante) leva tempo. Hummmmmmmm, quem sabe um dia...
Bom, é isso aí! Só gostaria de deixar um recado, que não tem relação nenhuma com filmes, é apenas um desabafo: quando ouvirem por aí da boca de alguém, alguma coisa que os incomodem, corram atrás da fonte para se certificarem de que essa "alguma coisa" seja verdadeira. Há, por aí, diversas pessoas discípulas da anti-filosofia do "achismo", que adoram meter o BICO onde não foram solicitadas, e afirmam certezas equivocadas e distorcidas. O melhor a fazer, nesse caso, é correr em direção aos fatos que lhes tragam veracidade. Mesmo porque, os terceiros que acreditam ser os "donos da verdade" esqueceram que, conoforme já disse Michel de Montaigne (1533-1592), "a grandeza do homem está em reconhecer e aceitar sua própria mediocridade". Ok? Chega, fugi da temática do blog (ainda que, certamente, há na tela personagens assim também). Abraços!!!

Ladrões de Bicicleta

( Itália 1948 ). Direção: Vittorio De Sica. Com Lamberto Maggiorani, Enzo Staiola, Lianella Carell, Elena Altieri, Gino Saltamerenda, Vitorio Antonucci, Giulio Chiari, Michele Sakara, Fausto Guerzoni, Carlo Jachino, Massimo Randisi, Ida Bracci Dorati. 90 min.



Sinopse: Pai de família desempregado tenta recuperar sua bicicleta vendida, já que necessita dela para o emprego que arrumou. Ao recuperá-la, sofre decepção quando ela é roubada e tenta desesperadamente encontrar o ladrão.

Comentários: Famoso clássico italiano ganhador do Oscar de filme estrangeiro (na época, chamado prêmio especial), e indicado ao Oscar de roteiro original (de Cesare Zavattini). O diretor DeSica seguiu a cartilha do realismo italiano, e nos apresentou uma obra tocante e bastante humana (interpretada por atores amadores, que tornam o filme mais humano ainda), em que deixa transparecer o individualismo e a intolerância da sociedade romana do pós-guerra. As poucas pessoas que se solidarizam com o personagem central, logo o rejeitam; Dessa forma, tem apenas o apoio do filho pequeno em sua desesperada busca atrás da bicicleta, a única possibilidade de garantir o sustento da família. O tema do desemprego, inclusive, é bastante próximo à nossa realidade, sobretudo aqui no Brasil, em que os índices de desemprego são bem altos. Diferente dos clássicos hollywoodianos, aqui existe um drama amargo e cruel, mostrando que na realidade nem sempre há possibilidades de finais felizes. O elenco amador é competente, com destaque para o garoto Enzo Staiola, que com seus olhos entristecidos, transmite emoção ao público. Ladrões de Bicicleta, sem dúvida, é um dos melhores filmes de todos os tempos!

Por que comprei o filme: Saiu na coleção : "Os Clássicos do Cinema". Ladrões de Bicileta, por ser uma das maiores histórias originais do cinema europeu, e também um dos melhores filmes já feitos, torna-se obrigatório na coleção de qualquer cinéfilo. Portanto, nem vou mencionar que é uma honra ter a fita em meu arquivo de filmes. Uma das cenas que mais emociona, é aquela em que o pai, convincentemente interpretado por Lamberto Maggiorani, incompreendido por todos, é mal tratado pelas pessoas em praça pública, e recebe apenas o afeto do filho que corre em sua defesa. Um filme obrigatório para quem ama a sétima arte e a sua contribuição para questões sociais.