sábado, 21 de fevereiro de 2009

Veludo Azul

( EUA 1986 ). Direção: David Lynch. Com Kyle MacLachlan, Isabella Rossellini, Dennis Hopper, Laura Dern, Dean Stockwell, Hope Lange, George Dickerson, Priscilla Pointer, Jack Harvey, Frances Bay, Ken Stovitz, Brad Dourif. 120 min.



Sinopse: Um jovem encontra uma orelha em um jardim, e a leva para a polícia. Ele fica tão incomodado com a situação, que resolve investigar o que aconteceu por conta própria, e se vê envolvido num mundo de falsas aparências e crueldades.

Comentários: Sem dúvida, o filme mais famoso da carreira do cineasta delirante, David Lynch. Apesar disso, diferente das demais obras do diretor, Veludo Azull tem trama linear e de fácil entendimento, não exigindo muita reflexão do público no acompanhamento da história. Talvez isso tenha facilitado a indicação ao Oscar de Lynch, como diretor (ele também é autor do roteiro). Na verdade, trata-se de um suspense interessante, que mantém o bom ritmo inicial e entretém. É, contudo, uma história simples, com desfecho convencional, previsível, e com os habituais clichês do gênero. Assim, por que o filme causou tanto impacto? E por que é a obra mais referencial de Lynch? Apesar da conclusão nada original, o filme apresenta elementos sufocantes e instigantes, com clima perturbador e angustiante. Através das investigações do protagonista, o espectador descobre, junto com ele, os mistérios que a sociedade aparentemente pacata escondem. Isso é revelado de uma forma explosiva, e nos faz concluir que às vezes é melhor não saber sobre a verdade que se esconde por de trás do superficial. Afinal, ela se mostra muitas vezes suja, perigosa e violenta. Assim, Lynch conduz seu filme, com trilha sonora melancólica e fotografia escurecida, envolvido por uma atmosfera repleta de desespero e angústia, mas com final feliz. No papel do protagonista, está o galã (e um dos atores favoritos do dieretor) Kyle MacLachlan com seu famoso queixo cumprido. Há também Laura Dern, bem jovem e em início de carreira, no papel da namorada do herói. Mas os destaques vão para Isabella Rossellini, numa interpretação eufórica e sufocante, como a bela cantora que tenta esconder um conflito desesperador, e Dennis Hopper (injustamente esquecido pelo Oscar) no papel de um vilão sádico, insano e masoquista. Tudo isso demonstra os méritos de Veludo Azul, um grande clássico contemporâneo e perturbador.

Por que comprei o filme: Não podia faltar na minha coleção um dos filmes mais envolventes e angustiantes dos anos 80. Comprei no Sebo da Penha por R$5,00 OU R$6,00 (por ser um clássico, o valor saiu barato, mesmo se tratando de um VHS). Gosto bastante de cineastas que tem um estilo próprio e diferente na realização de seus filmes. E, nesse sentido, não há ninguém melhor que David Lynch, um dos gênios do cinema fantástico americano. Revejo o filme sempre que tenho oportunidade, e o considero um dos meus filmes prediletos, não pelo resultado final, mas sim pela originalidade e pela atmosfera aflita que há no filme.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Mad Max

( Austrália 1979 ). Direção: George Miller. Com Mel Gibson, Joanne Samuel, Steve Bisley, Tim Burns, Roger Ward. 90 min.



Sinopse: Num futuro não determinado, grupo de motoqueiros espalha o medo e o terror nas cidades australianas, atrapalhando a rotina dos habitantes e da polícia.

Comentários: Mad Max já é um cult, conhecido e prestigiado pelo público no geral. Sem contar o fato de ter consagrado o mega-astro Mel Gibson, na época apenas um desconhecido jovem de 23 anos. Todo o sucesso do filme é merecido. Afinal, em sua curta duração, o filme de Miller (também autor do roteiro) faz um estudo sobre a delinqüência e a violência urbana, que geralmente é praticada por seres marginalizados pela sociedade. Aqui, os vilões são representados por grupo de motoqueiros desajustados e ferozes. O filme é bem ágil, com alto clima de suspense e tensão, além de muita violência (considerando os padrões da época, evidentemente). Outro ponto alto do filme é a fotografia do deserto australiano; na produção de Miller, ele é mostrado como um gigantesco abismo, seco, infinito, devorador e sem esperança. Foi bastante imitado por filmes de ficção científica que foram realizados posteriormente (até hoje ele inspira produções classe z), e gerou duas seqüências de enorme sucesso (sobretudo o segundo de 81, apontado por muitos críticos como o melhor dos três). Enfim, eficiente trabalho de roteiro e direção, em produção de baixo orçamento, transformou Mad Max num referencial do gênero de ficção científica, além de possuir tema que permanece atual em nossos dias.

Por que gravei o filme: Apesar da crítica enaltecer o segundo filme da série (que, aliás, também existe na minha coleção), o meu favorito é este aqui. O segundo tem mais ação, mas o clima perturbador de medo e pânico estão inseridos nesse primeiro. Acho as paisagens do deserto australiano simplesmente esplêndidas e totalmente coerentes como espaço central para o enredo do filme. Não consigo imaginar outro cenário para o desenrolar da violenta e movimentada história contada por Miller. Mel Gibson melhorou sua interpretação nas seqüências, e aqui aparece bem jovem. Não canso de assistir a este filme, que não envelheceu e impressiona até hoje. Gravado no Cinemax.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Noivas em Guerra

Depois de uma semana nervosa e pesada, por conta de problemas profissionais, ontem fui ao cinema assistir ao filme que está no título. Na verdade, eu e a Gisele fomos ao Shopping Boulevard Tatuapé sem nenhuma decisão específica ao filme que iríamos assistir. Na hora, a Gi quis muito ver "Noivas em Guerra"; e como não tinha muita coisa boa passando mesmo...

Bom, Noivas em Guerra é um passatempo ligeiro, com metragem curta, e apresenta duas populares atrizes do momento. Por elas, o filme vale a pena. Não que seja ruim, apenas banal, bobo e facilmente esquecível... Kate Hudson e Anne Hathaway interpretam duas inseparáveis amigas, respectivamente, Liv e Emma. Ambas namoram dois rapazes, e têm sonho de se casarem no mesmo salão "Plaza". Enfim, elas recebem as propostas de casamento, e vão até o local para marcar a data da união matrimonial. O problema é que elas são avisadas pela diretora do local (ou coisa que o valha, interpretada pela veterana Candice Bergen) que o casamento de ambas foi marcado no mesmo horário. Assim, as amigas se tornam rivais e se confrontam em atrapalhadas provocações...

Ou seja, Noivas em Guerra apresenta uma história totalmente desinteressante e inócua. Por isso, a duração do filme é curta. Além disso, apesar de ser comédia, a produção dirigida por Gary Winick (de filmes fracos, como "Amarga Ilusão", com Mira Sorvino), arranca pouquíssimas risadas da platéia. Afinal, o roteiro de Gregg DePaul e Cassey Wilson não é suficientemente desenvolvido por conta de um ponto de partida que não sustenta um filme. Em outras palavras, o conflito central do filme poderia ter sido resolvido de uma forma simples, se uma delas resolvesse se casar em outro local, ou se elas optassem por um casamento coletivo (já que são superamigas). Outro ponto fraco do roteiro, é o fato de que os noivos das garotas são apresentados como coadjuvantes do amor e ódio que há entre as duas protagonistas, a ponto de não ficar claro se há amor na relação dos casais. A impressão que fica, é a de que uma só quer se casar por que a outra também vai. Enfim, excesso de superficialidade e bobagens, em filme com final previsível.

Se você é garota na faixa dos 15 anos, provavelmente irá gostar do filme; caso contrário, fuja. Ao menos, as moças atuam bem, tanto Anne Hathaway (indicada ao Oscar esse ano, por "O Casamento de Rachel"), como Kate Hudson, que demonstra ter herdado o talento cômico da mãe, Goldie Hawn. No todo, admito que dei uma ou outra risada nas armações que as garotas aprontaram uma na outra. Mas é só. Na próxima vez, pertendo assitir "O Leitor", indicado ao Oscar desse ano como melhor filme. Até mais!

TRAILER:

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Thelma e Louise

( EUA 1991 ). Direção: Ridley Scott. Com Susan Sarandon, Geena Davis, Harvey Keitel, Brad Pitt, Michael Madsen, Christopher MacDonald, Lucinda Jenney, Timothy Carhart, Sonny Carl Davis, Stephen Tobolowsky, Jason Beghe. 129 min.



Sinopse: Duas amigas resolvem fazer uma viagem, com o intuito de atravessar o estado. Entretanto, acabam cometendo um assassinato em legítima defesa, e tornam-se fugitivas. Decidem fugir para o México, enquanto são perseguidas pela polícia.

Comentários: Famoso road-movie indicado a seis Oscar, ganhou o de roteiro original (de Callie Khouri). Foi indicado ainda para diretor, atrizes (Susan Sarandon e Geena Davis), montagem e fotografia. O cineasta Ridley Scott ressurge em boa forma, após alguns anos sem ostentar o brilho de filmes como "Alien - O Oitavo Passageiro" e "Blade Runner - O Caçador de Andróides", e fez uma película envolvente e interessante com as duas estrelas em grande forma. Sarandon interpreta Louise, uma garçonete séria e amargurada com um segredo do passado, que resolve embarcar numa viagem pelo deserto americano ao lado da amiga Thelma. Esta, é interpretada por Geena Davis (como seu olhar vesgo, mas em grande performance), uma dona-de-casa rotineira, casada com um homem bruto e ignorante, que sempre a deixa relegada em segundo plano. Juntas, encaram várias situações que surgem em seus caminhos, e descobrem um pouco mais sobre elas mesmas, através de suas ações. A partir desse universo feminino, Scott coloca as personagens num cenário, em que ambas têm de enfrentar o machismo e a intolerância masculina, ao mesmo tempo que fortalecem os seus laços de amizade. Uma das cenas mais famosas, e que foi muito imitada em filmes satíricos, é aquela em que as garotas são importunadas na estrada por um motorista de caminhão, velho e nojento. Enfim, com final aberto e passível de inúmeras interpretações, Thelma e Louise é um espetáculo geralmente adorado por mulheres, e também apreciado por homens, graças ao excelente roteiro de Callie Khouri, à experiência de Ridley Scott e, principalmente, às interpretações de Susan Sarandon e Geena Davis. Quanto aos demais atores do elenco, os destaques vão para Harvey Keitel (como o policial que se interessa pela história das moças), Christopher McDonald (como o grosseiro marido de Geena) e o galã Brad Pitt, em início de carreira, como um assaltante de estrada. Um bom passatempo que entretêm e envolve na dose certa.

Por que gravei o filme: Gravado no AXN. É um dos meus filmes prediletos, e sem dúvida, o melhor que Ridley Scott fez nos anos 90. Admirei bastante a forma como o cineasta mostrou o quanto uma viagem, regada a crimes e perseguições, pode modificar duas vidas banais e sem grandes perspectivas. Ou seja, é um filme sobre a descoberta de si mesmo e sobre o respeito e a valorização que todo o ser humano tem direito. Por fim, torno a comentar sobre as duas atrizes do filme, realmente extraordinárias. Contudo, a minha favorita é Susan Sarandon, uma das figuras mais humanas e verdadeiras do cinema americano, além de ser boa cidadã na vida real também. Thelma e Louise é para ser sempre revisto e discutido.