domingo, 30 de agosto de 2009

Arraste-me Para o Inferno

Quando eu postei Halloween - O Início, eu havia comentado que gostaria muito de assistir o novo filme de terror de Sam Raimi. E isso aconteceu ontem, quando assisti ao filme do título. Bom, finalmente posso dizer: assisti a um filme de terror decente, impactante, eletrizante e assustador ( e um pouco engraçado também).

Raimi entrou para o time de primeira dos cineastas de Hollywood, após dirigir os filmes da série "Homem-Aranha", mas ele, nos anos 80, foi responsável por um grande sucesso do gênero horror, com os filmes da série "A Morte do Demônio". A diferença, é que na ocasião, seus filmes eram de baixo-orçamento. Nessa sua fase pós Spider Man, presenciamos uma produção classe A, repleta de bons efeitos especiais.

Com roteiro do próprio diretor (junto com seu irmão Ivan Raimi), o tema do filme se situa numa atmosfera dividida entre a ganância e a maldição. Christine Brown (Alison Lohman, de "Deixa-me Viver" e "Peixe Grande") é uma bancária ambiciosa, que almeja o cargo de gerente no banco em que trabalha. Quando uma frágil e decadente senhora (a atriz de tv Lorna Raver) aparece no estabelecimento, e implora um empréstimo para não perder sua casa, os problemas começam a surgir na vida de Christine. Afinal, a jovem, querendo se destacar perante o chefe, recusa o empréstimo, e é amaldiçoada pela velhinha. A partir de então, sua vida se transforma num verdadeiro (e literalmente) inferno.

Mais não digo. O que posso afirmar é que Arrasta-me Para o Inferno é uma produção capaz de satisfazer qualquer fã exigente do gênero. A partir do instante em que Lohman é amaldiçoada, o espectador é pego desprevenido pelos diversos sustos que Raimi proporciona. Sem contar, os excessos de "nojera" e "vômitos" explícitos, que já eram típicos em "Evil Dead". Além disso, apesar de tremendamente assustador, Arrasta-me Para o Inferno consegue ser engraçado (por mais masoquista que isso possa soar!). Se não vejamos: imagine você, cara leitora, se no dia em que estivesse em um jantar, para conhecer os pais do noivo, o que faria para não deixar os sogros perceberem que estás sendo atacada por espíritos malignos? Confira o que fez nossa jovem heroína... Fora isso, teve uma outra cena que eu não conseguia me segurar de tanto rir; aliás, tal cena dividiu opiniões: uns riram, outros ficaram apavorados. Coisas de Raimi...

No elenco, a protagonista Alison Lohman demonstra que está no caminho certo para se tornar estrela e a desconhecida Lorna Raver rouba a cena no papel da bruxa gosmenta. Há ainda o feioso Justin Long (como o noivo de Lohman; uma péssima escolha, aliás), a mexicana Adriana Barraza (indicada ao Oscar por "Babel", como uma médium) e o veterano David Paymer (no papel do chefe da jovem bancária).

Enfim, um grande espetáculo do cinema do horror contemporâneo, fortíssimo candidato para se tornar um cult daqui a alguns anos. Mérito, sem dúvida, do competente Raimi, que sabe narrar muito bem, além de surpreender diversas vezes. Apesar das nojeras explícitas (e cômicas), creio que até quem não gosta do gênero, vai se envolver com a trama. Recomendo mesmo, pelo menos assistam ao trailer. Forte abraço!

TRAILER:

domingo, 23 de agosto de 2009

Retorno a Howard`s End

( Inglaterra 1992 ). Direção: James Ivory. Com Anthony Hopkins, Emma Thompson, Helena Bonham-Carter, Vanessa Redgrave, James Wilby, Samuel West, Prunella Scales, Jemma Redgrave, Simon Callow. 142 min.


Sinopse: No início do século XX, a jovem inglesa Margaret, uma moça extrovertida que gosta de debater vários assuntos, torna-se amiga de Sra. Wilcox, matriarca de uma conservadora família inglesa. Ao morrer, a Sra. Wilcox escreve em um pedaço de papel seu último desejo: que sua antiga casa Howards End seja entregue a Margaret. Entretanto, a família da falecida insiste em resistir ao último pedido dela.

Comentários: Retorno a Howards End é mais uma gostosa adaptação inglesa do romance de E.M. Foster, assumida pelo trio diretor/produtor/roteirista de Uma Janela Para o Amor, outra adaptação de Foster: James Ivory/Ismail Merchant/Ruth Prawer Jhabvala. Essa deslumbrante produção, tão boa e requintado quanto ao filme anterior, teve nove indicações ao Oscar. Ganhou três: atriz (Emma Thompson), roteiro adaptado e direção de arte. Foi indicada ainda para filme, diretor, atriz coadjuvante (Vanessa Redgrave), fotografia, figurinos e trilha sonora. A jovem Helena Bonham-Carter volta a atuar com o trio após "Janela", só que em um papel diferente. Deixou de ser a ingênua romântica, e se tornou uma idealista meio "socialista", bastante inquieta e falante. Faz um bom par com a oscarizada Emma Thompson, que interpreta a irmã mais velha. Emma, aliás, conquistou Hollywood com esse filme, e passou a acumular outras indicações ao Oscar nos três anos posteriores. Ainda no elenco, Anthony Hopkins (bem diferente do Hannibal Lecter do ano anterior) interpreta o marido da matriarca Vanessa Redgrave (ótima como o habitual), e alterna momentos de elegância e hipocrisia. O roteiro de Jhabvala faz uma crítica ao comportamento da nobreza inglesa, ao mostrar personagens falsos, gananciosos e egoístas, que cometem atos puramente mesquinhos, e ainda assim, tentam preservar suas imagens de finos e educados perante a sociedade. Por isso, os filhos de Redgrave, e o marido Anthony Hopkins escondem da simples Emma Thompson, a todo instante, o desejo que a nobre senhora tinha em entregar à moça a casa Howards End. A trama é bem novelesca, com excesso de personagens, e reserva alguns momentos de humor (como a mania que a personagem de Helena tem em roubar guarda-chuva em dias chuvosos). Contudo, há alguns instantes trágicos, que acabam demonstrando que membros de uma refinada família inglesa são capazes até de matar para defender suas imagens sociais. Apesar do lado crítico, Retorno a Howards End é uma produção leve, gostosa, interessante e agrada principalmente o público feminino. Os deslumbrantes figurinos e a esplêndida direção de arte apenas contribuem para o resultado final.

Por que comprei o filme: Saiu na coleção da "Videoteca Caras". Quando adqüiri a fita, eu ainda não havia assistido ao filme, e imaginava-o como uma grande película sim, mas esperava que fosse um filme exaustivo e interminável. Tudo bem, a duração é longa, mas me surpreendi, pois o roteiro é ótimo e amarra muito bem as diversas situações novelescas. Nem vi o filme passar, pois mantive o interesse o tempo todo. E, por fim, o elenco extraordinário encara os personagens com muita vontade e determinação. A partir de então, parei de ter preconceito com produções britânicas.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

True Lies

( EUA 1994 ). Direção: James Cameron. Com Arnold Schwarzenegger, Jamie Lee Curtis, Charlton Heston, Bill Paxton, Tia Carrere, Tom Arnold, Art Malik, Eliza Dushku, Karina Lombard, Grant Heslov. 140 min.


Sinopse: Um agente secreto tem a missão de desvendar os planos terroristas de árabes que querem explodir os EUA. Paralelo a isso, precisa continuar convencendo a esposa de que ele é um vendedor de computadores, pois ela desconhece sua verdadeira profissão.

Comentários: Super produção milionária que não economiza nenhum centavo nas eficientes cenas de explosão e nos surpreendentes efeitos especiais. Ou seja, um típico filme de James Cameron (também autor do roteiro), que adora esbanjar e abusar dos efeitos em suas produções. E quem se une mais uma vez ao diretor, após os sucessos de O Exterminador do Futuro 1 e 2, é o mega-astro Arnold Schwarzenegger, que continua péssimo como sempre, mas que tem carisma e compõe com humor o seu personagem. Ao menos dessa vez, ele não permanece invicto na pancadaria, já que leva algumas porradas também. Quem, entretanto, rouba a cena, é a versátil Jamie Lee Curtis, excelente e cômica, como a esposa de Arnold. True Lies, na verdade, é um blockbuster de primeiríssima qualidade, apresentando cenas de ação originais e frenéticas, e não desaponta os fãs do gênero. Prova disso, são as cenas em que Arnold persegue, a cavalo, o vilão (Art Malik) por toda a cidade (inclusive, entra no elevador junto com o cavalo!) e aquela em que Arnold precisa resgatar Jamie de helicóptero, enquanto o carro em que ela permanece, está prestes a cair da ponte quebrada. E outras imagens de pura adrenalina como essas não faltam nesse filme, em que encontramos na tela até o último centavo gasto nessa produção classe A de ação. O que acaba irritando o entretenimento é o fato de que Hollywood, constantemente, adora colocar os americanos como heróis se contrastando com os vilões de outras nacionalidades. Aqui, os inimigos são árabes (pra variar), e olha que estávamos anos antes dos ataques terroristas ao World Trade Center. Enfim, basta não levar a sério o patriotismo barato e se divertir. Ainda no elenco, a presença pequena do veteraníssimo Charlton Heston, que aparece no início, como o chefe de Arnold. Indicado ao Oscar de efeitos visuais.

Por que gravei o filme: A justificativa é única: é uma diversão espetacular, um entretenimento que prende a atenção, além de ser muito engraçado. Em meio a tanta produção capenga, True Lies se destaca graças aos recursos de alta tecnologia utilizados por Cameron e sua equipe. Não sou fã de Schwarzenegger, mas admito que gosto dele nos filmes de Cameron (gosto da cena em que ele faz paródia com o sucesso "Perfume de Mulher", ao dançar tango, primeiro com Tia Carrere, e depois, com Jamie). Além disso, adoro Jamie Lee Curtis, que aproveita muito bem o seu papel para demonstrar a excelente comediante que é. Tudo isso destaca essa riquíssima produção que melhora visualmente, ao ser assistida na tela grande. E, como cinema também é pipoca, True Lies é bem-vindo na minha videoteca. Gravado no AXN.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Cold Mountain

( EUA 2003 ). Direção: Anthony Minghella. Com Jude Law, Nicole Kidman, Renée Zellweger, Eileen Atkins, Brendan Gleeson, Philip Seymour Hoffman, Natalie Portman, Giovani Ribisi, Donald Sutherland, Ray Winstone, Kathy Baker, James Gammon, Claire Hunnan, Jack White, Ethan Suplee, Jena Malone, Melora Walters. 154 min.


Sinopse: Em 1864, na Guerra da Sessessão Americana, jovem se alista para lutar pelo sul. Ao descobrir os horrores da guerra, resolve desertar. Dessa forma, é considerado como traidor e passa a ser perseguido pelas tropas. Enquanto isso, sua amada aguarda seu retorno, enquanto tenta administrar suas terras ao lado de uma jovem selvagem.

Comentários: Indicado a sete Oscar, Cold Mountain ganhou apenas na categoria atriz coadjuvante (Renée Zellweger). Foi indicado ainda para ator (Jude Law), montagem, fotografia, trilha sonora e canções (duas, uma de Sting, e outra da dupla T-Bone Burnet/Elvis Costelo). Na verdade foi o grande injustiçado do Oscar. Em um ano de produções fracas, Cold Mountain era o único que poderia bater o mega sucesso de O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei. Mas não foi indicado para filme, diretor (o melhor de Anthony Minghella, bem superior ao oscarizado "O Paciente Inglês"), atriz (Nicole Kidman esteve bem também em outros filmes do ano) e roteiro adaptado (do próprio Minghella, adaptado do romance de Charles Franzier). Na verdade, é fácil deduzir porque essas injustiças foram cometidas com este, que foi o melhor filme americano do ano: trata-se de um filme anti-americano (mesmo que não intencionalmente). Realizado no auge da desnecessária guerra dos EUA contra o Iraque, o tema central de Cold Mountain se posiciona totalmente contra qualquer tipo de guerra. E um roteiro assim mexe profundamente com o excelentíssimo (ex) presidente Bush e com qualquer patriota extremo de carteirinha. Por fim, é óbvio que vários votantes do Oscar pensam como Bush, o que acabou eliminando maiores possibilidades de outras indicações ao Oscar. Em todo caso, Cold Mountain é uma produção luxuosa e cativante, que consegue atrair a atenção da crítica (por sua posição perante a guerra) e do público (por sua narrativa bem novelesca). Ou seja, têm alguns excessos de sentimentalismo e final trágico mais ou menos previsível. Mas, isso não estraga a excelente mensagem e o corajoso posicionamento do diretor Minghella, em tempos de guerra. Quanto ao elenco, além de Nicole, o galã Jude Law mereceu sua indicação ao Oscar no papel do soldado desertor. E a estrela Renée Zellweger fez por merecer seu Oscar de coadjuvante, como a moça rebelde e meio masculinizada (mas não lésbica) que ajuda a personagem de Nicole no cuidado com a propriedade desta. E tem ainda boas interpretações de Donald Sutherland (o pai de Nicole), Kathy Baker (a vizinha que depois fica muda) e Natalie Portman (uma jovem mãe que oferece abrigo para Law).

Por que gravei o filme: Assisti a Cold Mountain no cinema, e fiquei bastante emocionado com o filme. Adorei tudo que vi na tela, e não perdi a oportunidade de gravá-lo quando passou na HBO. A mensagem anti-guerra, mencionada nos comentários, é a melhor coisa do filme de Minghella, e é interessante para discussões e debates sobre o tema. E todos os atores estão realmente bem nessa grande película, que merecia mais premiações. Não canso de assistir, e já coloquei o filme na lista dos melhores americanos dos anos 2000.