quarta-feira, 17 de março de 2010

Ilha do Medo

Conforme havia mencionado na postagem anterior, no último sábado assistimos Ilha do Medo, o novo filme de Martin Scorsese. Como gosto muito do cineasta, já aguardava assistir ao filme com alguma expectativa. E admito: gostei.

Scorsese é aquele tipo de diretor que faz de tudo: ainda que, frequentemente, dirija filmes de gângsters (Os Bons Companheiros, Cassino, Os Infiltrados), já fez comédia (Depois de Horas), drama romântico (A Época da Inocência), biografia (O Aviador) e até terror (Cabo do Medo). E está de volta no gênero sobrenatural com esse suspense acima da média.

Leonardo DiCaprio (atualmente, o ator predileto do diretor) interpreta o policial Teddy Daniels que, junto com seu parceiro, Chuck Aule (Mark Ruffalo, de E Se Fosse Verdade), é convocado para investigar o misterioso desaparecimento de uma mulher chamada Rachel, uma paciente de um hospital psiquiátrico, localizado numa ilha chamada Shutter. A história se passa nos anos 50, e enqaunto DiCaprio tenta solucionar o mistério, é assombrado por alucinações do passado, em que recorda sua atuação profissional contra os nazistas, e a morte acidental de sua esposa, Dolores Chanal (Michelle Williams), que morreu queimada no prédio em que moravam. As coisas se complicam, quando o policial começa a desconfiar que está envolvido numa possível cilada.

Com muitas reviravoltas no roteiro, escrito por Laeta Kalogridis ( e adaptado do livro de Dennis Lehane), além de contar com boa direção de arte e fotografia, Ilha do Medo surpreende o espectador, por conta de algumas pistas falsas que a trama apresenta e que, aos poucos, vai mostrando onde quer chegar. A conclusão pode desagradar àqueles que esperam um suspense previsível e com desfecho feliz para o herói. Isso pode ocorrer facilmente, porque o tempo todo estamos torcendo para DiCaprio solucionar o mistério. Mas, Scorsese, reserva algumas surpresas no desenvolvimento da história, que lembra um pouco produções como O Sexto Sentido, Os Outros e Identidade. Espero não estar revelando nada; em todo caso, relaxem: DiCaprio não é um morto-vivo, que depois descobre que morreu.

No elenco, destaque também para a participação de Patricia Clarkson que, apenas em uma cena, desenvolve uma personagem interessante, e que trás informações surpreendentes para a história. Talvez se a personagem surgisse novamente, próximo ao fim, o filme tomaria um rumo mais agradável ao espectador. Os veteranos e excelentes Ben Kingsley e Mas Von Sydow, interpretam os médicos/diretores do hospital, que tornam-se obstáculos para as investigações de DiCaprio. E Jackie Earle Haley ( o novo Freddy Krueger, da nova safra A Hora do Pesadelo ) faz um lunático, que apresnta algumas pistas para o desfecho. Paro por aqui, estou revelando muita informação.

Enfim, Ilha do Medo é um thriller eficiente, muito bem dirigido e protagonizado, e que prenderá a atenção dos fãs do gênero. Após a conclusão do filme, existe a possibilidade de diversas leituras alegóricas sobre a personagem de DiCaprio. Recomendo com o maior prazer. Abraços!

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sábado, 13 de março de 2010

Idas e Vindas do Amor

Sábado passado foi um dia excelente pra ir ao cinema: uma tarde bem típica de inverno, em pleno verão. Até que num clima desses, uma comédia romântica cai muito bem. E o título acima, eu e minha esposa assistimos no habitual Santana Park Shopping. Quanto ao filme? Obviamente previsível, mas nunca deixa de ser um passatempo atraente, sobretudo por conta do elenco estelar.

Nunca escondi que gosto de filmes com diversas histórias paralelas; normalmente, aprecio tramas mais dramáticas, como Short Cuts - Cenas da Vida, de Robert Altman; Magnólia, de Paul Thomas Anderson; e Bobby, do ator Emílio Estevez, só pra citar alguns; Mas, a referência óbvia desse filme, é a comédia inglesa Simplesmente Amor, também com grandes nomes em seu elenco, e que se saiu melhor. Na verdade, o que faltou em Idas e Vindas do Amor foram cenas mais cômicas e divertidas. Ainda assim, é um filme leve e agradável, mais amado pelas mulheres (mas não aborrece os homens), e dirigido pelo especialista do gênero, Garry Marshall (de Uma Linda Mulher), e roteirizado por Katherine Fugate.

Qual a sinopse? Bom, no dia dos namorados ( o Valentine´s Day, do título original ), várias tramas paralelas de casais apaixonados, ansiosos e envolvidos com encontros, desencontros e vários obstáculos na Los Angeles da atualidade. Nesse cenário, temos o dono de uma floricultura, Ashton Kutcher, tremendamente feliz, pois sua noiva Jessica Alba aceitou seu pedido de casamento; a professora Jennifer Garner, feliz da vida com o novo namorado Patrick Dempsey; o casal de velhinhos Hector Elizondo e Shirley MacLaine, comemorando anos e anos de casamento, e por aí vai... Claro que não é tudo bonitinho assim, pois obstáculos, traições e reviravoltas tomam conta da vida de todas as personagens.

Não há, portanto, um protagonista, pois muitas personagens se destacam (algumas, nem tanto). A estrela Julia Roberts, por exemplo, aparece como uma tenente que divide o acento do avião com um ricaço; o novo galã das meninas, Taylor Lautner, está feioso e despercebido como um adolescente atleta e meio bobão. Gosto particularmente dos papéis curiosos das atrizes Anne Hathaway, que interpreta uma atendente de tele-sexo, e que trabalha com o celular em qualquer horário e local, e Jessica Biel, que faz uma mulher que promove um encontro com todos aqueles que, como ela, odeiam o dia dos namorados. Entretanto, ao meu ver, o casal central acaba sendo Ashton Kutcher e Jennifer Garner, que embora apenas amigos, têm destino altamente previsível. Previsibilidade, aliás, é a palavra para o filme. Apesar de algumas reviravoltas interessantes, é daqueles filmes que todos sabem como deve terminar; por isso, não é nada especial, mas entretém.

Enfim, indico a película para os casais românticos e apaixonados. Ainda prefiro Simplesmente Amor, mas Marshall é especialista em tramas sobre casais apaixonados. Agora, estou de saída: assistirei Ilha do Medo, de Martin Scorsese. Um grande abraço a todos.

TRAILER:



sábado, 6 de março de 2010

Constantine

( EUA 2005 ). Direção: Francis Lawrence. Com Keanu Reeves, Rachel Weisz, Shia LaBeouf, Djimon Hounsou, Max Baker, Peter Stormare, Pruitt Taylor Vince, Tilda Swinton. 121 min.

Sinopse: John Constantine é um exterminador de demônios, tipo um exorcista. Após a misteriosa morte de uma mulher, ele se une à irmã gêmea dela, uma policial, na investigação do homicídio. Ao mesmo tempo, se depara com criaturas malignas que pretendem trazer à terra, o filho de Satã.

Comentários: Baseado em quadrinhos, Constantine apresenta eficientes cenas de ação, e uma excelente direção de arte, sobretudo na composição do inferno. Entretanto, o roteiro adaptado por Kevin Brodbin e Frank Cappello é bastante confuso e não esclarece muito bem a relação existente entre as gêmeas e as criaturas. Enfim, porque que elas são perseguidas? O fato de uma delas ter o dom de ver fantasmas não é tão esclarecedor. Quem interpreta as irmãs é Rachel Weisz, antes do Oscar por "O Jardineiro Fiel", na ascenção de seu estrelato. Faz parceria com Keanu Reeves, canastrão como sempre. A novidade é que aqui ele faz umas expressões faciais que o torna bem esquisito, além de fumar excessivamente. Mas continua inconvincente. No elenco, também estão Djimon Hounsou, no papel de um barman que estabelece relações com os fantasmas, e a estranha Tilda Swinton como o anjo Gabriel (!). O que garante o interesse no filme, realmente, são os duelos que são travados entre Reeves e as criaturas malignas. Além disso, o clima de histórias em quadrinhos também chama a atenção, sobretudo do público que curte esse gênero. Ou seja, fica claro que, apesar do tema, não é terror, e sim ação. Após os intermináveis letreiros finais, o filme reserva uma surpresa envolvendo um dos personagens. Constantine, portanto, agradará aos adolescentes, mas decepcionará àqueles que esperam uma trama mais séria, no estilo Advogado do Diabo (também com Reeves) ou O Bebê de Rosemary.

Por que gravei o filme: Não vi Constantine nos cinemas, porque já havia intuído que não se tratava de um suspense com trama sobrenatural e assustadora, apesar do chamativo "pôster"que dá uma impressão errada ao filme. Em todo caso, gravei na HBO2, mais pelo fato de Constantine ser um blockbuster campeão de audiência, do que por ele mesmo. Mas Constantine não é de todo ruim, e apresenta alguns shows de bizarrices que chamam a atenção (sobretudo no personagem de Tilda). Keanu Reeves está tão canastrão, que até funciona na tela. Afinal, o personagem dele é tão canastra como o ator, que eu não consigo imaginar outra pessoa vivendo Constantine. No fim, também gosto das cenas de ação, e por isso o filme permanece na minha videoteca.