quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 1

Aconteceu. Se eu não fosse ao cinema conferir esse novo filme da série Crepúsculo, minha esposa Gisele iria me fuzilar. Então, fazer o que? O jeito foi conferir! E ainda tivemos que comprar os ingressos com um mês de antecedência, o que eu achei um baita dum exagero por parte de minha esposa. Enfim... O fato é que assistimos a versão legendada, e mesmo quando as cópias não são dubladas, as adolescentes histéricas de plantão não nos deixam em paz... Bom, já passou.

Nesse momento, após assistir aos três episódios anteriores, não tenho muito o que criticar. Afinal, já se sabe muito bem o que vai se suceder em cena. Também resolvi parar de criticar o trio central da fita; afinal, permanece óbvio o fato de que Kristen Stewart, Robert Pattinson e Taylor Lautner são inexpressivos e canastrões. Aliás, talvez a péssima atuação do trio seja um fator essencial para a existência do filme, ou seja, são tão ruins que nós nos acostumamos com eles. E o garotão Lautner, definitivamente, virou o atro popular entre a meninada fanática. Talvez, essa tenha sido uma surpresa inesperada para os produtores da série, pois, conforme os gritos histéricos, as tietes o preferem em relação ao protagonista Pattinson. Nada mal para um coadjuvante, ainda que tenha cara de esquilo vesgo.

Quanto a sinopse, a mocinha Bella finalmente se casa com o vampiro anêmico Edward, e ambos vão passar a lua de mel no (adivinhem...) Rio de Janeiro. O que acaba sucedendo, ainda que não seja tão surpreendente, é o fato de que Bella engravida, e tenta decidir se tem a criança, ou se realiza um aborto. O problema é que se trata de um neném-vampiro sedento por sangue, e se ela resolver tê-lo, pode morrer.

Para mim, foi o capítulo mais romântico, e também o mais sonolento, parado e irritante. Quase não há cenas de ação, os vampiros do mal não aparecem aqui, e tudo gira em torno da decisão da bocudona da Bella. Além disso, o Rio de Janeiro é mal fotografado e aparece, em sua curta duração, como um lugar abaixo do subdesenvolvido (exceto pelas cenas em Paraty, que recebe outro nome, e aparece como um paraíso distante e inabitável [!]). Sem contar, a presença de uma personagem brasileira chamada Kaure (não conheço ninguém com esse nome aqui), que parece uma índia e é vidente (ela sente o mal se aproximando de Bella). Ou seja, mais uma visão estereotipada e preconceituosa que o americano tem do Brasil. Pelo menos, essa personagem e o marido (que são caseiros do resort em Paraty) falam português, e não espanhol. Falando nisso, Pattinson, ao menos, não se sai tão mal ao falar o nosso idioma em algumas cenas.

Mas, como estava dizendo, em seus 117 minutos em cena, Amanhecer - Parte 1 só tende a agradar mesmo o seu público fiel, pois demora muito pra passar e é muito arrastado. A impressão que eu tenho é que isso foi feito propositalmente para deixar o melhor (se é que se pode dizer assim) para a parte 2. Nem mesmo precisava haver essa divisão em dois filmes; seria melhor prolongar um pouco a projeção, e colocar tudo de uma vez na projeção. No entanto, como se trata de um produto que vende muito, os produtores pensam nos zilhões que arrecadarão com mais um episódio da série.

No elenco, nenhuma novidade. Apenas a Sarah Clarke, que faz a mãe da Bella, aparece um pouco mais em cena; e o que roteiro não esconde é que a personagem Rose, feita pela atriz Nikki Reed, ganhará mais destaques na 2ª parte. Incomodo-me apenas com o excesso de maquiagem branca nos personagens vampiros. Não me recordo se nos outros filmes os personagens eram tão pálidos assim, sobretudo o vampiro feito pelo ator Peter Facinelli, que faz o médico (os olhos doem se olha muito para ele). A roteirista permanece sendo a mesma de toda série, Melissa Rosenberg, e o diretor da vez é o oscarizado pelo roteiro de Chicago, Bill Condon (de "Deuses e Monstros" e "Dreamgirls - Em Busca de Um Sonho"), que aliás, também dirigirá a 2ª parte.

Concluindo, Amanhecer - Parte 1 não aborrece tanto, mas cansa; e muito! Se você nunca assistiu a nenhum filme da série, desista de querer assistir a esse episódio, pois não entenderá nada. Há, pelo menos, uma cena mórbida que eu achei bizarra no melhor sentido da palavra: a tonta da Bella toma sangue no canudinho, naqueles copos típicos do MacDonalds, para alimentar o bebê. Que essa moda não pegue por aqui... Bom, pelo menos só resta mais um filme para conferir. Coragem, Robson, está acabando! Pelo menos minha esposa, que leu o livro, gostou bastante. Então, pelo menos as fãs vão aprovar. E só elas. Até!

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sábado, 5 de novembro de 2011

Contágio

Aguardei a estreia desse filme com muita expectativa, pois o cartaz chamou a atenção pelo próprio título, e também pelos nomes que compõem o elenco estelar e a direção, Steven Soderbergh. Em seguida, li algumas críticas, todas elas negativas, e por isso, já não estava esperando tanta coisa. No entanto, até que gostei do filme sim.

Em 1995, o filme Epidemia, de Wolfgang Petersen, lotou as salas de cinema e foi um enorme sucesso. Cito esse filme, pois o contexto é bem parecido; a diferença é que aquele era pura ação, literalmente, com direito a momentos de correria e explosões, enquanto a produção de Soderbergh focaliza mais para a tensão e o drama que o contágio proporciona.

Tudo começa quando a americana Beth Emhoff ( Gwynrth Paltrow ) retorna ao seu país, após uma viagem de negócios na China, infectada com um vírus mais fatal que a gripe suína. A partir de então, esse vírus vai evoluindo e sendo transmitido para diversas pessoas, que morrem em pouco tempo. Estranhamente, o marido de Beth, Mitch Emhoff ( Matt Damon ) é imune e não se contagia. Enquanto isso, diversos médicos liderados por Dr. Ellis Cheever ( Laurence Fishburne ) e Dra. Leonora Orantes ( Marion Cotillard ) tentam diversas formas de combater a epidemia que se alastra por todo o mundo.

O roteiro de Scott Z. Burns, ao propor esse problema, sugere uma reflexão acerca de algo bastante comum na nossa realidade. A elevação do vírus é mostrada didaticamente pelas diversas palestras e explicações proporcionadas pelos doutores em cena. Aliás, essa é uma das críticas que fizeram contra o filme, que foi caracterizado por alguns críticos como um episódio "dialogado" de algum documentário do Discovery Channel. Em todo caso, fico aliviado com o fato de que a fita não estreou no auge da gripe suína, já que Soderbergh traz uma mensagem bastante assustadora e chocante sobre o tema. Afinal, quando boa parte da população já foi dizimada, o caos e a violência tomam conta das cidades, e o desespero e a luta pela sobrevivência invadem o interior de todos. Num estado como esses, quando uma vacina é produzida, àqueles que tem o poder conseguem se salvar, junto com os seus entes queridos. Mas, e o resto da população? Esse é um dos questionamentos que a película coloca no ar. E o Brasil já tem problemas demais; por isso, fico aliviado que o surto da gripe suína já tenha dado uma trégua.

Quanto ao elenco, ouvi alguma coisa sobre uma possível indicação ao OSCAR de coadjuvante para Gwynet Paltrow, o que eu acho uma asneira extremamente profunda. Afinal, Gwyneth tem pouco tempo na tela, e não tem nenhuma cena surpreendente. Gosto sim de Kate Winslet, como uma médica que também se contamina, e de Jude Law, como um jornalista blogueiro que, através do sensacionalismo virtual, manipula os cidadãos americanos e aumenta a angústia e a revolta de todos; um personagem ambíguo e bem construído pelo ator. Jude sim, e também Kate merecem atenção do OSCAR. Quem também leva a melhor é a pouco conhecida Jennifer Ehle ( de "Força Policial" e "O Discurso do Rei" ) que interpreta a doutora responsável pela criação do antídoto contra o vírus. Enfim, com tanto destaque em cena, fico preocupado com esse mito em torno de Gwyneth, que mal abre a boca...

No fim das contas, não aguardem um filme explosivo como "Epidemia" ou algum tipo de suspense aterrorizante, pois não é disso que se trata Contágio. Mas também não se trata de um filme lento ou cansativo, nem mesmo sou da opinião de que se trata de um episódio do Discovery. Ele apenas adverte detalhadamente, mesmo sendo polêmico, sobre algo permanente no mundo, e que vem e volta a qualquer momento. E eu gosto quando temas polêmicos são discutido na tela. O problema é que Soderbergh se perde com tanta trama paralela. O final da personagem de Marion Cotillard, por exemplo, fica em aberto e não tem conclusão. Mas, mesmo assim, a produção mantém o interesse. Ah! Apesar de assustar os espectadores, o final é positivo e esperançoso, ok? Para quem não se impressiona fácil com as coisas, e quem gosta do tema, Contágio pode ser um passatempo oportuno, mesmo sem ser uma obra prima. Abraços!

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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O Palhaço

Toda vez que vou ao litoral de São Paulo, sempre arranjo uma oportunidade para ir ao cinema. E foi o que Gisele e eu fizemos no shopping do centro de São Vicente, onde assistimos a essa segunda, e bem-sucedida, incursão de Selton Mello como diretor (ele também protagoniza, e é roteirista ao lado de Marcelo Vindicato).

O Palhaço é um drama, ora triste, ora bem humorado, sobre o cotidiano de artistas de circo, que viajam para diversos lugares do Brasil, normalmente zonas rurais e lugarejos bem distantes da civilização (o tom é nostálgico, pois também retrata a cidade natal do ator/diretor, Passos, MG). Mello vive a antítese do palhaço Benjamin, que tem a função de alegrar a plateia, ao mesmo tempo em que vive tristonho e melancólico. Ele procura um sentido na vida, a busca do algo que lhe falta para torná-lo feliz. Em seu cotidiano, fora os companheiros de trabalho, interage com diversas pessoas, que acrescentam algo no seu interior.

Enfim, um filme singelo, delicado, poético, amargo e alegre. Com sua duração curta, Mello consegue misturar todas essas doses de emoção e cativar o público. Consegue, inclusive, ser filosófico ao tentar entender qual o sentido da vida. Além disso, é também um filme bem brasileiro, ao registar nas personagens, comportamentos bem típicos de nossa cultura.

Fora o astro, o veterano Paulo José, no papel do palhaço pai, Valdemar, atua magistralmente, e é responsável por uma das falas mais emocionantes da película, ao falar do gosto de sua profissão. Há ainda, grandes participações, ainda que pequenas, de astros famosos, como Moacyr Franco, Jackson Antunes, Danton Mello, Emílio Orciolo Neto, Tonico Pereira, Fabiana Karla e outros não muito famosos, mas extremamente competentes, como os demais artistas de circo. A mais cativante, sem dúvida, é a garotinha Larissa Manoela, que na verdade tem o papel chave da história. No todo, um time pra lá de competente!

Incomodo-me apenas com a característica que Selton coloca no palhaço que ele próprio interpreta. Trata-se de um tipo meio "abobalhado" e esquisito, que fala devagar, e parece não entender muito o que outros falam. Creio que essa composição seja um tanto inócua e desnecessária. Em todo caso, fica claro que isso não compromete O Palhaço, que se conclui como uma pequena obra prima do cinema brasileiro contemporâneo, uma excelente alternativa para candidato de OSCAR de filme estrangeiro (coisa que não vai acontecer). Recomendo, portanto, essa bela preciosidade, que comprova o talento de Selton Mello, não apenas como ator, mas principalmente como um grande realizador! Até a próxima...

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