domingo, 24 de fevereiro de 2013

Os filmes do OSCAR

 Hoje a noite é a cerimônia da entrega do OSCAR. Eu admito que se trata de um festival cafona, e que se preocupa apenas com a indústria cinematográfica, com seus astros, paparazzis e fofocas. Não leva o cinema a sério, não lhe dá o tratamento devido que a 7ª arte merecia e se concentra nas figuras mais populares. Ainda assim, eu gosto de assisti-lo. E, como os festivais dignos de nota e reflexão nunca são televisionados, fico mesmo com o OSCAR. Esse ano, a maior surpresa está na categoria ator coadjuvante, pois os cinco candidatos (todos já premiados com a estatueta, inclusive!) têm chances iguais! Quanto as demais principais categorias, ou já tem vencedor garantido, ou a disputa está entre dois concorrentes. Enfim, farei um breve comentário sobre os nove indicados a melhor filme, e na sequência aos cinco candidatos a filme estrangeiro. Em ordem decrescente, do último ao primeiro, colocarei os meus favoritos:

Os Miseráveis, de Tom Hooper. O filme está sendo aclamado por muitos, e visto com algumas ponderações negativas por outros. Enfim, em se tratando de figurinos e direção de arte, a produção é competente. Mas, questiono muito a ideia de se filmar esse grande clássico da literatura como um musical. E Hooper fez questão de mostrar os atores usando as próprias vozes, o que causou algum tipo de constrangimento, sobretudo para Russell Crowe, que se consagrou como um dos piores do ano! Bom, a clássica história do prisioneiro em liberdade condicional, que procura redenção, já foi filmada outras vezes. A mais recente de 98 foi um grande fracasso (apesar de bons nomes no elenco: Geoffrey Rush, Uma Thurman, Liam Neeson, Claire Danes...). Aqui, os astros Hugh Jackman e Anne Hathaway foram indicados, respectivamente, como ator e atriz coadjuvante. Jackman tem poucas chances, mas Hathaway é a favorita simplesmente porque emociona muito na sua "cena de ouro". Mas acho um tanto exagero. Afinal, das cinco concorrentes a categoria, Hathaway é a estrela do momento, e vai levar a melhor mesmo. No todo, erraram a atriz. Quem deveria ser indicada é a novata Samantha Barks, a melhor do elenco! Enfim... Mas o filme não me convenceu!

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A Hora Mais Escura, de Kathryn Bigelow. Muitos ficaram "pé da vida" com a não indicação de Bigelow como diretora por esse filme, e consideraram a grande injustiça do ano. Não sei o porquê disso! Afinal, A Hora Mais Escura tem uma ideia interessante, e teria tudo a seu favor para ser uma película impactante. Entretanto, a falta de posicionamento da diretora em relação ao tema tratado é imperdoável! Bigelow narra a perseguição obsessiva que uma agente da CIA. promove em busca de Osama Bin Laden. O problema é que os "heróis" do governo americano usam a tortura física e psicológica como artimanhas para conseguirem o que querem. Olha só, então se trata de uma denúncia às torturas que a CIA comete com algumas pessoas? Não, pois os torturadores são mostrados como os mocinhos! Enfim, esses equívocos dúbios atrapalham o filme de ser a grande barbada do ano! E sua protagonista, Jessica Chastain, tem um papel mal construído e facilmente esquecível. Ela tem apenas a sua" ceninha típica" de gritos e revoltas, onde desabafa o que está entalado. Não é a favorita, mas está entre elas. Ou seja, mais um erro típico de Hollywood.

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Lincoln, de Steven Spielberg. Simplesmente o filme com o maior número de indicações do ano. Está entre os dois grandes favoritos, e foi rebaixado para segundo lugar. Bom, assim como "A Lista de Schindler", e "O Resgate do Soldado Ryan", aqui nós temos outro filme "adulto" desse grande cineasta. E, de fato, a produção é impecável, típica de qualquer filmografia spielbergiana. Mas, valha-me Deus, que filme chato! Longo demais, interminável, fotografia escura, sem grandes emoções. É apenas correto, e fiel aos fatos históricos. Acho que esse foi o motivo que fez com que o filme perdesse seu posto de favoritismo (embora, o diretor ainda seja o favorito em sua categoria!). Em todo caso, a interpretação magistral de Daniel Day-Lewis, sobretudo nos trejeitos e na fala mansa do presidente, é arrasadora! Daniel já tem dois OSCAR na bagagem, e vai levar merecidamente esse terceiro! Afinal, não há concorrente a altura. O coadjuvante Tommy Lee Jones também têm chances. Mas, quanto ao filme, ele é excelente para professor de história e para fonte de pesquisa. Apenas!

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Argo, de Ben Affleck. Esse é o grande favorito da noite, e o responsável por tirar Lincoln do posto principal. Estranhamente, Affleck ficou de fora entre os indicados para diretor. E vai gerar polêmica o fato do filme ser o vencedor da noite sem ter o seu diretor entre os indicados. No fim das contas, Affleck é adorado pelos críticos como cineasta, e detestado como ator. Se bem que aqui sua atuação não está ruim. Enfim, o que me preocupa é o seguinte: Será que Argo merece toda essa exagerada badalação? Afinal, não é um filme espetacular, e nem chama a atenção do público (sobretudo de nós, brasileiros). A história real do homem recrutado pela CIA, que se disfarça de cineasta, para salvar seis jornalistas americanos mantidos como reféns no Iraque de 1979, até é interessante e curiosa. Mas não passa disso! A mesma badalação que Kathryn Bigelow teve com seu 'Guerra ao Terror" que derrotou o então favorito "Avatar" se repete aqui com Affleck. Se bem que eu prefiro este ao Lincoln do Spielberg. Aqui, ao menos, há uma eletrizante cena de avião, no fim, que é impactante e original.

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O Lado Bom da Vida, de David O. Russell. Essa é a comédia romântica entre os concorrentes. Trata-se de uma produção superestimada por diversos críticos, mas, no fim das contas, não tem tanta originalidade quanto dizem. A não ser pelo protagonista, que sofre de distúrbios de personalidade, ou seja, é bipolar. E é raro de se ver um protagonista com essa característica em produções do gênero (claro, em comédias escrachadas, isso é mais comum!) Aqui, o maior atrativo é o elenco, pois temos um candidato para cada uma das quatro categorias de atuação. Foi um exagero extremo,entretanto, a indicação da veterana australiana Jacki Weaver como coadjuvante, pois não está nada surpreendente. Os demais atores tiveram indicações merecidas, e a favorita da noite é a jovem estrela do momento, Jennifer Lawrence. E, de fato, ela está melhor que Jessica Chastain, sua concorrente a favorita. Mas, o filme gira em torno de Bradley Cooper, que aqui revela uma grande atuação. Esse, talvez, poderia ser o ator que tiraria o OSCAR de Day-Lewis, o que é praticamente impossível. E Robert DeNiro, como coadjuvante, também tem chances, e é pra quem eu torço. No todo, é um filme agradável, e deve ganhar nas categorias atriz e roteiro.

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Amor, de Michael Haneke. Uma das grandes surpresas do ano! Afinal, Amor já era esperado como candidato a filme estrangeiro. E, além dessa indicação, também concorre como filme, diretor e atriz. Ponto para o austríaco Haneke, que tem uma filmografia repleta de filmes curiosos e originais. Entretanto, esse não é o melhor filme do diretor de "A Professora de Piano" e "A Fita Branca". Na verdade, a película é coadjuvante para as grandes interpretações dos veteraníssimos astros, Jean-Louis Trintignant (injustamente esquecido como ator) e Emmanuelle Riva. Ela, inclusive, merece ganhar o OSCAR. Se a academia quer ganhar o respeito de todos como uma cerimônia séria, ela vai dar o prêmio a essa fantástica atriz, o que eu acho difícil. No fim das contas, o título da obra faz jus ao grande amor que se vê em cena de dois ícones do cinema europeu!

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Indomável Sonhadora, de Benh Zeitlin. Essa sim, foi a grande surpresa do ano! Um filme independente, com equipe desconhecida, e financiado pela ONG. E trás uma surpreendente e carismática atuação de uma garotinha estupenda, Quvenzháne Wallis, de apenas 9 anos, e que se tornou a candidata mais nova na categoria de atriz principal. E trata-se de uma narrativa envolvente e solidária. Quando uma temível tempestade devasta um pequena comunidade isolada da Louisiana, a nossa pequena protagonista encontra muita maturidade para se virar nessa situação de caos. É uma penas que os meus três filmes favoritos tenham pocas chances de ganhar o OSCAR, mas a nomeação de Indomável Sonhadora foi uma das melhores coisas que a Academia fez!

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Django Livre, de Quentin Tarantino. A ausência de Tarantino entre os cinco diretores finalistas foi, sem dúvida, a grande injustiça do ano. O fato é que Tarantino tem seu estilo próprio de dirigir e narrar suas histórias inusitadas, fato com que faz que ele seja amado por uns e odiado por outros. Mas continua criativo na sua habitual forma de contar histórias. A narrativa do escravo Django, agora livre, que se une a um "caçador de recompensas", para fazer justiça com suas próprias mãos, e resgatar sua amada, revitalizou o gênero faroeste, e demonstrou que Tarantino faz bonito quando muda de gênero (e mesmo assim, continua seguindo seu estilo único). Outro esquecimento imperdoável, foi quanto a indicação de Leonardo DiCaprio como coadjuvante. Sabe-se lá por qual motivo, a academia não "curte" muito o ator, que aqui está fantástico. Christoph Waltz, ao menos, foi lembrado e tem chances. Vamos aguardar...

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As Aventuras de Pi, de Ang Lee. Esse foi o único dos indicados que eu assisti no cinema. E admito com todas as letras, que se trata de uma produção completa: direção, interpretações, efeitos especiais, fotografia, direção de arte... Tudo funciona! Existiu, recentemente, uma polêmica em torno da obra literária em que o filme foi adaptado, da obra de Yann Martel. Afinal, foi assumido pelo próprio Martel, que sua obra foi plageada do livro do autor brasileiro Moacyr Scliar. Enfim, polêmicas a parte, o que se vê na tela é algo extraordinário, uma obra repleta de referências e alegorias, muita simbologia  e uma narrativa aventuresca tocante e agradável! É o meu favorito em todos os sentidos, e é uma pena que só têm chances nas categorias técnicas. Lee, talvez, seja o único entre os indicados que tenha alguma força de tirar o OSCAR de Spielberg. Será?

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Bom, é isso! Só para não passar batido, faço uma rápida menção aos cinco indicados como filme estrangeiro. O favorito, Amor, eu já comentei acima, e certamente vai ganhar, uma das barbadas desse ano!
Quanto aos outros quatro, todos eles são interessantes. O norueguês Kon-Tiki se destaca pela sua bela fotografia, e pelo ritmo de aventura, em que um grupo de noruegueses embarcam de seu país de origem com destino ao Peru, com o intuito de descobrir uma tribo. O canadense A Feiticeira da Guerra envereda pelo mundo infantil, em que uma garota de apenas 12 anos, é obrigada a se tornar uma guerrilheira na África. Um quadro bastante cruel e dramático. O dinamarquês O Amante da Rainha é uma história clássica, de época, em que a rainha dinamarquesa Carolina Matilde se vê infeliz ao ser obrigada a se casar com o irreverente e imaturo rei Cristiano VI. O personagem do título vem trazer um pouco de sentido para a vida dela. Ótimas interpretações! E, finalizando, o meu favorito: O chileno No, com o Gael García Bernal, que conta o momento de ditadura vivido no Chile, sob o governo de Augusto Pinochet. O título se refere a um plebiscito em que o voto contrário faz oposição ao governo do ditador. Um excelente roteiro, merecia ser o vencedor.  Lastimo apenas a ausência do melhor dos melhores estrangeiros do ano: o francês Intocáveis!

Bom, finalizo fazendo um apelo: Não vejam o OSCAR pela Rede Globo! Assistam pela TNT. A globo, como sempre, desrespeita o espectador ao transmitir o programa pela metade. Se fosse o carnaval, eles antecipariam o big brother mais cedo para cobrir o evento carnavalesco na íntegra. Um grande desrespeito! Sugiro, até mesmo, para quem não tem tv a cabo, que nem assista a cerimônia, ou veja pela internet! Enfim, os resultados serão divulgados hoje a noite. Até mais!!!


domingo, 10 de fevereiro de 2013

João e Maria: Caçadores de Bruxas

 Existe infelicidade maior do que ver um filme dublado? Sim! Assisti-lo em 3D, pois você paga muito mais caro, fica com dor de cabeça e descobre que não há nada de especial se comparado com a versão normal, em 2D. Enfim, escapei do 3D, mas assisti ao filme João e Maria - Caçadores de Bruxas na versão dublada. Só não foi tão irritante, pois o longa tem uma duração curta (não chega nem a uma hora e meia de projeção).

 O jovem diretor e roteirista Tommy Wirkola não tem grandes produções em seu currículo, e dirigiu em seu país natal um estranho "terrir" chamado Zumbis na Neve em 2009. E aqui realiza sua estreia em Hollywood. Eu depositei fé no filme, pois as recentes adaptações de contos de fadas para as telas, sobretudo às da Branca de Neve, foram bem sucedidas. No entanto, essa nova adaptação é frágil, banal, previsível e sem grandes cenas.

 Na introdução, Wirkola apresenta rapidamente a trajetória dos dois irmãos do título e faz o espectador relembrar dos acontecimentos: as crianças são abandonadas pelo pai, encontram uma casa feita de doce, são feitos reféns pela dona da casa, uma maquiavélica bruxa, libertam-se após queimar a vilã e fogem. Até aí, nenhuma novidade. Bom, anos se passam, os nossos heróis se tornam adultos, e se tornam caçadores de bruxas. Nas redondezas, existem milhares delas, e paralelo a isso, diversas crianças são raptadas. Óbvio que, mesmo sem somar 2+2, os irmãos já sabem que tem bruxaria no meio. O problema é que eles terão que lidar com a pior das piores bruxas que eles já conheceram.

 Seria interessante se o diretor tivesse mais criatividade no roteiro que ele mesmo desenvolveu. As bruxas são típicas vilãs maniqueístas, com tudo de ruim que vocês podem imaginar: horrendas, podres e assustadoras. Mas, surpreendentemente, elas são feras em artes marciais. Uma delas ali, pelo menos, daria muito trabalho para Bruce Lee. E o personagem João demonstra que viu o filme "Matrix" diversas vezes, pois conseguiu se desviar das balas direcionadas a ele com a mesma categoria do Neo de Keanu Reeves (nossa... eram balas ou flechas??? Não lembro mais...). Fora isso, achei a fotografia muito escurecida e acaba comprometendo um pouco nas cenas de ação.

 No elenco, o novo queridinho de Hollywood, duas vezes indicado ao OSCAR, Jeremy Renner (por "Guerra ao Terror" e "Atração Perigosa") e a inglesa de Gemma Aterton (de "Príncipe da Pérsia" e "Fúria de Titãs") têm pouco a fazer com seus esteriotipados personagens. Gemma, ao menos, tem talento. Mas não gosto de Jeremy, que não convence como galã, e demonstra que Hollywood passa por um processo de delírio. No elenco ainda, o veterano Peter Stomare tem o ingrato papel do xerife que vive quebrando o nariz (e não se trata de alívio cômico!), e Famke Janssen, a eterna Dra. Jean Gray da série X-Men interpreta a "bruxa mor". Achei bacana a presença dela, que já estava sumida das telas. E a pior do elenco é uma certa finlandesa chamada Phila Viitala, bastante inexpressiva como a bruxa "do bem", não sei se propositalmente por conta da personagem ou por "mérito" da própria atriz.

 Enfim, não consegui me envolver com o filme. Muito fraco como entretenimento e sem grandes ideias para segurar o público. Eu sugiro outras produções para se assistir, ainda mais em um mês de grandes estreias! Ah, sim, só para finalizar: esses tais filmes bons que eu mencionei, eu assisti em casa, e não no cinema. Daqui a alguns dias farei um especial aqui no blog com os nove filmes indicados ao OSCAR. E se der, farei o mesmo com os indicados a filme estrangeiro. Vamos ver... Abraços!

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