domingo, 16 de fevereiro de 2014

A Menina Que Roubava Livros

 Gosto bastante de filmes que retratam a época da Segunda Guerra Mundial e o período nazista. Por isso, tive vontade em assistir ao filme do título; e a empolgação aumentou, pois eu já havia lido o livro de Markus Zusak, pelo qual foi adaptado para a tela.

 A garotinha Liesel Meminger é entregue pela própria mãe a um simples casal, pois está com alguns problemas relacionados à política do momento (certamente é comunista). A partir de então, a menina tem um novo cotidiano, ao lado do pai adotivo que adora, da mal humorada mãe adotiva que vive lhe dando broncas (mas no fundo é bondosa), do amiguinho Rudy Steiner, com quem vive apostando corridas, etc. No entanto, o que surpreende a garota é a chegada do judeu Max Vandenburg, acolhido no porão dos Hubermann, os novos pais de Liesel, que são solidários a ele. A garota começa uma grande amizade com ele, enquanto conserva como melhor passatempo o ato de roubar livros.

 Não vou cair no habitual clichê de dizer que "o livro é bem melhor". Porém, quando se lê a este best seller, no momento já da pra imaginar uma adaptação cinematográfica, e talvez por isso, nem tudo tenha saído perfeito, o que não quer dizer que o filme seja ruim. Um dos momentos que causou muita ansiedade em minha leitura é o desfile de judeus pelas ruas da pequena vila da história, comandados por oficiais nazistas, e que escandalizavam o leitor pela riqueza de descrições. No filme, contudo, isso aparece pouco e de uma forma que não emociona tanto, principalmente depois de se ver a outros momentos muito mais impactantes.

 O grande problema, talvez, esteja na emoção. Afinal, A Menina Que Roubava Livros é o tipo de narrativa que facilmente leva o leitor às lágrimas. Porém, na tela, a impressão que fica é a de que o roteirista Michael Petroni, sob a batuta do pouco conhecido diretor Brian Percival, tentou reunir o máximo possível das situações contidas no livro, sem exatamente destacar algum momento mais dramático. A própria personagem que narra, a morte, às vezes desaparece da história, e quando volta a contar os relatos em off, o espectador se questiona: "Quem está narrando mesmo?". Apesar disso, na sessão em que estive presente, constatei alguns soluços e choros intermináveis (certamente, de alguma leitora da obra, que se apegou aos detalhes da literatura, mas que foram adaptados superficialmente). Outro fato curioso é que a menina Liesel, no filme, rouba menos livros do que na obra literária. Um bom momento que poderia ter sido melhor explordo é o encontro dela com a esposa do prefeito.

 Mas não se pode dizer que a película não prende a atenção. Afinal, o entretenimento é garantido, e o público se deixa envolver facilmente com a história (mesmo o desfecho querendo ser ligeiro demais para os personagens, após a longa duração). Tecnicamente, o filme é excepcional, com bela fotografia, direção de arte e a famosa trilha sonora do popular John Williams, que conseguiu mais uma indicação ao Oscar (a única do filme). Quanto ao elenco, os veteranos Geoffrey Rush e Emily Watson interpretam os pais adotivos de Liesel (quando li o livro, nunca imaginei Emily como a "ranzinza" Rosa Hubermann, imaginava uma atriz mais corpulenta, como Kathy Bates, por exemplo. Mas ela atua muito bem no papel!). Fora eles, nenhum nome mais famoso, a não ser o do britânico Roger Allam (de "A Rainha" e "Piratas do Caribe 4"), personificando a voz da morte. O garoto loirinho Nico Liersch impressiona pelo seu visual, e a menina Sophie Nélisse foi a escolha ideal para a personagem-título.

 Enfim, vale a pena conferir e deixar-se interessar pela história, principalmente se for deixar de lado detalhes que seriam fundamentais para o filme, não só para os leitores da obra, como também para o público em geral (como o contexto histórico que mal é informado). Em todo caso, o filme mais agrada do que irrita. Abraços!

TRAILER: