domingo, 30 de novembro de 2014

Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1

 Estreia de blockbusters é sempre complicado. Em qualquer sala que você escolhe assistir ao filme, as filas quilométricas, muitas vezes, te impedem de conseguir o ingresso. Bom, para não ter esse tipo de transtorno, esperei a poeira abaixar, e conferi esta famosa sequência depois da semana de estreia. E consegui de forma tranquila.

 Está mais do que evidente que, dessa nova safra de filmes com tema relacionado à distopia, a série Jogos Vorazes é a que se saiu melhor, o que é facilmente comprovado com o valor arrecadado nas bilheterias. E a manda chuva da literatura no momento, a escritora Suzanne Collins, responsável pela adaptação de sua obra, ao lado de Peter Craig e Danny Strong, aumentará sua conta bancária no próximo ano, quando estreará a parte final da série, já filmada, mas aguardando a estreia para o momento certo, estrategicamente falando. Sim, essa campanha de marketing dá muito certo, e já foi comprovada em tantas outras produções, desde "Matrix", passando por "Senhor dos Anéis e Hobbit", até "Crepúsculo".

 Quanto ao filme, a heroína Katniss Everdeen, após sua fuga do campo de batalha, vista no episódio anterior, encontra-se no setor 13, ao lado da mãe, da irmã, e do antigo ex-namorado. Ela é selecionada pela presidente de lá, Alma Coin e seu auxiliar Plutarch Heavensbee para mobilizar a população e ser o símbolo de resistência contra a tirania promovida pelo mentor dos jogos vorazes, o presidente Snow. Para tanto, exige a segurança dos outros sobreviventes dos jogos, que se encontram prisioneiros na capital, incluindo seu parceiro Peeta Mellark. Assim, parte para o ataque, auxiliada por velhos conhecidos, e alguns novatos.

 Aquilo que eu temia aconteceu! Afinal, uma produção que tem no seu título "parte 1", tem tudo para ser arrastada, chata, interminável. Felizmente isso não sucedeu com a fita do meio da série "Hobbit", mas aqui sim. Primeiro, preciso lembrar que o episódio anterior, "Em Chamas", também foi muito arrastado, e só ficou interessante mesmo quando estava acabando. Para minha tristeza, neste "Esperança - Parte 1" não há jogos vorazes. A protagonista Katniss perambula por diversos setores com seus aliados, rola alguma explosão aqui, outra ali, aí voltam ao confinamento, onde fazem reunião e soltam muito "blá, blá, blá" sonolento, e então vão para a ação. E em seguida, tudo de novo. Os próprios participantes  dos "jogos", aliás, mal aparecem (isso acontece bem no finzinho, e o galã Peeta tem aparições maiores em flashback e entrevistas). Ou seja, a expectativa de empolgação para ver novas disputas me decepcionou profundamente. E eu me lembro que saí da sala do "Em Chamas" com muita vontade de assistir a continuação. Agora, já não tenho tanto otimismo para a "parte 2", mas espero ser surpreendido novamente, mas de forma boa.

 É dispensável falar sobre a alta qualidade técnica da produção, tudo é perfeito como já era de se esperar. O diretor Francis Lawrence é o mesmo do anterior, o que garante a coerência nas ações da protagonista. Aliás, o elenco ajuda muito no resultado final. Jennifer Lawrence demonstra que o status de estrela não é exagero, e a moça dá um show. Os demais tem participações menores, mas dão apoio: Donald Sutherland como o presidente vilão, Elizabeth Banks mais discreta e simpática, e sem peruca, como Effie Trinket, Woody Harrelson como o mentor de Katniss e seus típicos vícios, o falecido recentemente Philip Seymour Hoffman (a quem o filme é dedicado) como o já mencionado Plutarch e a grata surpresa de se encontrar a estrela do momento Julianne Moore no papel da presidente do distrito 13 (certamente, será a oscarizada de 2015, mas não por esse trabalho). Há também os galãs Josh Hutcherson, Liam Hemsworth e Sam Claflin que brilham menos, mas também não estragam.

 Enfim, apesar de minha decepção, as críticas foram mais favoráveis do que negativas, o que denota a boa aceitação da série. Quem tiver algum interesse, mas é leigo para com essa franquia, sugiro que assista antes aos outros episódios, já que o filme não se preocupa em relembrar quem é quem. Para mim, ficou devendo muito. Mas ainda tenho esperança de que o subtítulo que acompanha estes dois últimos episódios não seja em vão na parte final. Abraços!

 TRAILER:

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Annabelle

 Estava demorando! Afinal, quando assisti ao grande sucesso "Invocação do Mal", o que mais me chamou a atenção foi uma pequena participação da demoníaca boneca Annabelle, no início. E naquele momento eu já imaginei que seria muito legal ter um filme com a dita cuja. Felizmente, os produtores de Hollywood pensaram da mesma forma, e o filme surgiu.

 Em meados dos anos 70, um jovem casal, John e Mia Gordon, cuja esposa está grávida, tem sua casa invadida por discípulo do maníaco satanista Charles Manson, e sua namorada endemoniada chamada Annabelle. O casal é socorrido pela polícia no último segundo, e os invasores são mortos. Antes de morrer, contudo, Annabelle segura uma das bonecas de Mia, e transfere seu espírito para ela. Algum tempo depois, coisas bizarras começam a acontecer na casa, como objetos que se movem constantemente. Acreditando que a casa está assombrada, o casal muda-se para um apartamento. A tal boneca os acompanha na mudança, e o novo lar também é assombrado. Desesperada, Mia tenta descobrir o que está acontecendo e provar que não está louca, enquanto é atormentada pelo espírito de Annabelle.

 Se você pensa que assistirá a uma nova versão do Chucky, protagonista da série "Brinquedo Assassino", esqueça! Afinal, Chucky era engraçado, satírico, carismático, e falava mais que a boca! Diferente dele, Annabelle não fala, nem se move, apenas assusta com sua expressão demoníaca e um olhar perturbador. Ou seja, ela faz coisas bizarras e assustadoras acontecerem, mas sem praticar algum tipo de ação. A história, de fato, é repleta de clichês, desde portas trancadas e "padres voando", e além disso, a impressão de que "ficar com uma boneca medonha e horrorosa como essa é coisa de gente insana", acompanha a mente do espectador durante toda a projeção. Sem contar, que livrar-se da boneca seria a coisa mais sensata a se fazer, já que torna-se evidente que ela está por de trás das maldades que vão sucedendo. Porém, se isso acontecesse, não teria filme.

 Apesar dos clichês, gostei do filme, e recomendo. Não há, afinal de contas, nenhuma possibilidade de se assistir a um terror extremamente assustador, depois que um sujeito chamado William Friedkin realizou o rei das produções do gênero, O Exorcista, em 1973. Os sustos fáceis, ainda que previsíveis, causam bons momentos de tensão, e há algumas sequências de tirar o fôlego, como àquela do elevador, em que o mais assustador é a expectativa que a mocinha sente de que algo pior irá acontecer, caso ela permaneça por lá. Sim, é bem verdade que a fita faz muitas referências a filmes como "O Bebê de Rosemary" (sobretudo no berço do bebê e no nome da mocinha, homenagem à atriz Mia Farrow, que fez Rosemary) e "O Grito" (por conta do cenário ser um prédio "assombrado"); mas isso não estraga o prazer de se assistir a este "blockbuster do medo" porque o diretor John R. Leonetti (de "Mortal Kombat - A Aniquilação" e "Efeito Borboleta 2") constrói uma atmosfera intrigante e densa, prendendo facilmente a atenção do público. Apenas esperava que o roteiro (de Gary Dauberman) centralizasse a ação na história real das duas enfermeiras que dividiam um apartamento e foram aterrorizadas por Annabelle (na verdade, elas aparecem no começo, e o final sugere que a inevitável sequência será com estas personagens).

 No elenco, ainda que possa parecer brincadeira, a atriz central se chama Annabelle Wallis (que fez participações em "X-Men: Primeira Classe" e "W.E. - O Romance do Século"), e dá conta do recado com muita competência. O ator que faz o marido, um certo desconhecido chamado Ward Horton, é mais apagado, mas há também a veterana (e ótima) Alfre Woodard (já indicada ao Oscar no passado, como coadjuvante por "Retratos de Uma Realidade", e que fez um interessante papel em "12 Anos de Escravidão"), num personagem de destino previsível, a vizinha que entende de ocultismo, o que não deixa de ser outro clichê.

 Enfim, apesar de se ter uma Annabelle extremamente exagerada (fala sério... quem iria querer uma boneca como essa?), e de o final citar descaradamente o já mencionado "O Exorcista", creio que vale conferir. Mas, creio também, que a produção não merece uma reprise. Bom, eu afirmo que gostei razoavelmente (o que já é bom sinal). Quem quiser que tire suas próprias conclusões. Abraços!

TRAILER:



sábado, 1 de novembro de 2014

O Apocalipse

 A minissérie feita para tv "Deixados Para Trás" fez bastante sucesso entre o público americano (foi até satirizada em alguns episódios de "Os Simpsons", inclusive), e até que fez razoável sucesso aqui no Brasil, principalmente por conta do público evangélico. Agora foi feita uma adaptação cinematográfica do livro de Jerry B. Jenkins e Tim LaHaye (por Paul Lalonde e John Patus).

 A história, pós apocalíptica (como sugere o título nacional) centraliza a ação numa jovem universitária, que retorna para a casa dos pais, e descobre por acaso, que o pai está tendo um caso extraconjugal, enquanto a mãe dedica-se fielmente para as atividades da igreja e para uma vida cristã. O pai, um piloto de avião, comanda um voo para Londres, em que também está presente a aeromoça com quem tem um caso, e um popular jornalista de programa de aventuras. Misteriosamente, durante o voo (e também por toda parte do planeta) muitas pessoas (incluindo todas as crianças) desaparecem misteriosamente, o que deixa todo mundo alarmado e preocupado. Enquanto o caos toma conta por todo lugar, o aviador deduz que se trata do dia arrebatamento, em que muitas pessoas são levadas por Cristo, e outras são deixadas para trás.

 O maior problema de se adaptar para o cinema histórias da Bíblia é o cuidado que se deve ter para atrair o público. A superprodução Noé, por exemplo, acrescentou muita ficção, porém com o intuito de deixar o entretenimento mais divertido e prazeroso. Este O Apocalipse, contudo, não teve a mesma ideia, e o diretor Vic Armstrong (um especialista na arte técnica cinematográfica) entrega uma fita com muito corre corre, muita tensão entre os personagens (há um excesso aqui), mas sem vilões. Ou seja, não dá nem para o espectador sentir o gostinho de raiva por alguém.

 Fora isso, embora não tenha lido o livro, o filme tem pouco a ver com a minissérie de tv, uma vez que aqui temos praticamente um filme de avião, ou seja, a impressão que se passa é a de que o objetivo do herói é aterrissar a nave de volta ao aeroporto de Nova York. Tal herói, falando nisso, é o maior mérito para atrair as plateias, já que se trata do mega astro Nicolas Cage, que é escancarado pôster do filme. Apesar de estar bem claro que o ator está perdendo o estrelato, e que está vivendo uma fase bem ruim, ainda conserva sua popularidade, e pode atrair seu público. Mas continua canastrão como sempre, um ator que piora com o tempo. Além disso, seu personagem faz umas conclusões óbvias para o tema do filme, mas ilógicas perante a situação. Afinal, dentro do avião, como ele conclui que está vivendo o dia do arrebatamento, sendo que não sabe o que está acontecendo no mundo exterior de sua nave? E os diálogos, aliás, são superficiais, e alguns personagens bem caricatos (há um anão, inclusive, com a missão de ser alívio cômico).

 No elenco também, uma estrela dos anos 80, sumida e um pouco envelhecida, Lea Thompsom, que esteve na trilogia "De Volta Para o Futuro", no papel da mãe do Michael J. Fox no passado (alguém lembra?). Há ainda Chad Michael Murray (de "A Nova Cinderela" e "A Casa de Cera"), como o jornalista galã e a novata (e inexpressiva) australiana Cassi Thomson como a mocinha.

 Enfim, desinteressante, superficial, óbvio e sem sentido. Apesar de ser um tema didático, mais voltado para o público cristão, perde feio se comparado com o já mencionado "Deixados Para Trás" (que, aliás, teve algumas sequências). E para piorar, nada pior do que se assistir ao filme na versão dublada. Insisto, inclusive, na minha campanha contra a exclusividade (ou algo bem perto disso) de produções dubladas em nossos cinemas. Será que não perceberam que tudo se torna fake, mais irritante e ruim de forma geral? Bom, quem quiser arriscar, assista. Abraços!

TRAILER: