quarta-feira, 12 de março de 2014

Sem Escalas

 Sem Escalas é o novo projeto do diretor Jaume Collet-Serra, que se uniu mais uma vez ao astro Liam Neeson, após o thriller "Desconhecido" de 2011. E ambos investem mais uma vez no gênero, e oferecem um suspense repleto de ação e reviravoltas.

 Neeson interpreta um policial, especialista em garantir a segurança em vôos. Em um desses, da Inglaterra para os EUA, ele passa a receber mensagens de texto anônimas em seu celular de um criminoso, que ameaça aterrorizar o avião, caso não receba uma alta quantia de dinheiro em troca. A partir de então, o policial tenta controlar a situação e tenta investigar por conta própria a identidade do vilão. No entanto, este começa a cumprir a promessa de matar 1 pessoa a cada meia hora. E a situação se complica quando o próprio policial torna-se o principal suspeito de tais crimes.

 Esperem aqui diversos clichês do gênero, desde uma criança inocente que surge como presa fácil do incidente, passando pela mocinha da história que conhece o herói no dia em que toda a ação ocorre, até chegar a um leque de suspeitos que estão presentes no vôo (sm, há um árabe no meio, e piadinhas esteriotipadas previsíveis). Apesar disso, o filme cumpre sua função: consegue deixar a plateia atenta constantemente durante toda a projeção. Mérito do time de roteiristas (John W. Richardson, Christopher Roach e Ryan Engle) que armam situações inesperadas, principalmente na originalidade das mortes das vítimas (ainda que no fim das contas sejam um tanto "forçadas"). Em todo caso, é daquelas fitas que nunca caem no tédio e despertam o interesse, principalmente por conta da complexidade do personagem central, na realidade, um policial melancólico, fumante compulsivo e aparentemente autodestrutivo.

 O elenco conta com a presença carismática da excelente Julianne Moore, como a passageira que puxa conversa com Neeson, o auxilia em diversas situações, e também acaba se tornando suspeita das ameças. Há também a bela inglesa Michelle Dockery (de "Hanna" e "Anna Karenina"), ainda pouco conhecida pelo público, no papel da aeromoça que também ajuda o personagem de Neeson. A maior novidade fica por conta da presença da recém oscarizada por "12 Anos de Escravidão", Lupita Nyong´o em seu 1° papel após o Oscar pelo filme mencionado. Há também um bom time de coadjuvantes, desde Shea Wighman (de "O Lobo de Wall Street"), como um outro agente no vôo e Scoot McNairy (de "Argo" e também de "12 Anos de Escravidão"), como um outro passageiro, ambos suspeitos de comprometer a segurança de todos.

 No final das contas, não há tantas novidades na história, principalmente pelo fato de que o gênero conta com diversas histórias semelhantes, tanto clássicas ("Aeroporto") como produções mais recentes ("Plano de Vôo"). As diversas pistas falas também são típicas de clichês, e a identidade revelada do criminoso, e seus reais motivos, não convencem satisfatoriamente. Ainda assim, Collet-Serra foi bem sucedido em armar um clima repleto de tensão. Ou seja, gostando ou não do resultado final, a plateia acompanha a projeção com muita empolgação e curiosidade até o fim. Por isso, está acima da média e merece uma conferida, principalmente em dias nublados ou chvosos. Até mais!

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domingo, 2 de março de 2014

OSCAR 2014 - OS 9 FILMES INDICADOS

 Bom, hoje a noite teremos a cerimônia do OSCAR na TNT. Não deixa de ser uma boa opção para quem não gosta de carnaval. Aliás, falando nisso, ainda não consigo entender como deixam a Rede Globo com os direitos da transmissão do Oscar. Afinal, ela sempre desrespeitou o público dessa cerimônia, começando a festa peça metade, pois não podia antecipar o Big Brother. Agora, quando o carnaval está em jogo, ela altera a programação da grade com muita agilidade! Enfim...

 Como eu fiz ano passado, vou fazer minha lista de preferências em relação aos filmes indicados. Começarei com o último de minha lista, até chegar o primeiro. Ah, sim! Antes que eu me esqueça: Apesar de serem 9 os indicados, os favoritos são apenas 3, e eu estou ciente disso. Portanto, não elaboro uma lista referente aos que tem mais ou menos chance em ordem crescente ou decrescente. Não! Elaboro uma ordem conforme as minhas preferências! E em ordem decrescente. Vamos lá:

9° Capitão Phillips, de Paul Greengrass. A história real do capitão do título impressiona pela parte técnica e pela eficiente qualidade de som. Até a metade é bastante fácil se envolver com a história e com o clima de tensão. No entanto, depois torna-se cansativo e bastante previsível, ou seja, chega uma hora que sabe-se como a história vai acabar, e aquilo que outrora provocava tensão, começa a ficar chato, sonolento, cansativo... Para piorar ainda mais, recentemente foi divulgado na imprensa americana que o biografado não era tão heróico como o filme supõe. Falam-se muito na ausência do astro Tom Hanks entre os cinco finalistas para melhor ator. No entanto, eu não senti sua ausência. Afinal, Hanks é um grande ator como todos sabem, mas aqui atua com muita competência, e mais nada. Não apresenta aqui uma qualidade excepcional que poderia tê-lo colocado em lugar de algum dentre os reais indicados. Outra coisa: o novato Barkhad Abdi, indicado como coadjuvante, tem recebido muito prestígio e seu nome figura em tudo que é festival por aí. Um grande absurdo! Nada contra ele, mas o rapaz atua com muita determinação de forma igualitária aos demais atores do elenco, todos amadores e da Somália, como o próprio Abdi. Por que apenas ele foi lembrado? Enfim, o filme não me empolgou.


8º Philomena, de Stephen Frears. Outra história real, que causou bastante expectativas para mim, que não via a hora de assisti-lo. No fim das contas, me decepcionei um pouco. Afinal, o filme do talentoso Frears tinha tudo para ser uma história tocante, sensível e profundamente dramática. Nesse ponto, poderia cair no erro de ser muito piegas, e até mesmo abusar de clichês inevitáveis. No entanto, talvez essa opção teria sido melhor sucedida do que adicionar humor para uma trama em que a comédia não se encaixa adequadamente. Isso acaba por prejudicar o tom e o ritmo. Vale pela magnífica presença da grande Judi Dench, merecidamente lembrada pela academia, no papel título, da mãe que tenta descobrir o paradeiro do filho, depois de longos anos, já que foi obrigada a antrega-lo para adoção quando pariu na adolescência. Uma última análise e algum retoque aqui ou ai poderia melhorar o filme. De qualquer jeito, é um dos azarões.


7º Trapaça, de David O. Russell. Este está entre os três favoritos, certamente o 3º colocado. E um grande número de indicações! Sorte dos envolvidos, graças ao grande marketing e promoção que Hollywood fez desse filme. No entanto, não há nada mais chato e irritante do que uma comédia que não te faz rir. Tem um roteiro satírico, fala sobre política, a produção é esplêndida, mas a fita é interminável. Cansativa a exaustão, tem alguns poucos momentos que faz o espectador soltar alguns risos amarelos e mais nada. Contudo, o elenco -isso eu preciso admitir- está formidável! Pelos atores, vale a pena assistir. Até mesmo Jeremy Renner, o único do elenco principal não indicado, rouba a cena em alguns momentos. A melhor, sem dúvida, é a talentosa Jennifer Lawrence, que está entre as favoritas de coadjuvante. A jovem atriz atua como veterana e está impressionante como a esposa de Christian Bale (se tem algum instante para rir, é quando ela está em cena). E o próprio Bale também está excelente, assim como Bradley Cooper (que demonstra que milagres existem, tornou-se mesmo um bom ator!) e Amy Adams, atriz carismática e maravilhosa. Se não houvesse uma Cate Blanchett no caminho, a estatueta seria dela. Agora, tirando o elenco, os figurinos, a direção de arte e a fotografia, o que temos? Uma verdadeira fraude, ou como diz o título nacional, uma grande trapaça!


6°Nebraska, de Alexander Payne. A partir de agora, torna-se mais difícil ordenar os meus preferidos, pois gosto de todos eles. Este aqui, simpático e agradável, coloquei em 6° lugar por ser o menos memorável, embora seja uma fita muito talentosa (apesar da fotografia em preto e branco, o que causa muita rejeição entre as plateias). Ainda assim, é difícil não se envolver na história do simpático velhinho que acredita que ganhou um prêmio muito valioso, e precisa se deslocar até Nebraska para recebê-lo (ele está em Lincoln, do outro lado do estado!). Ao lado dele, o filho que acha melhor "não contrariar". Enfim, um road movie poético, divertido e tocante. Bruce Dern, aos 77 anos, exibe um grandioso talento e esplêndida lucidez. Melhor que ele, apenas a veterana e pouco conhecida June Squibb, no papel da esposa. Se houvesse justiça, essa simpática velhinha de 84 anos seria contemplada com o Oscar. É pra quem eu torço, embora sua vitória seja uma grande ilusão... No todo, vale a pena conhecer esse modesto e interessante filme.


5° Ela, de Spike Jonze. O cineasta sempre foi talentoso, com histórias diferentes e curiosas, desde "Quero Ser John Malkovich". E agora ele mesmo roteiriza esta surpreendente comédia romântica dramática, sobre os desajustes e a solidão num futuro próximo. Joaquin Phoenix, em atuação que merecida uma indicação também, faz o sujeito abandonado pela esposa, e que tenta encontrar a felicidade ao lado de alguém. Até que encontra a "Ela" do título, na verdade, um sistema operacional de computador, com a bela voz de Scarlett Johansson. Temos aqui, portanto, a personagem mais humana de todos os tempos, representada por um ser inanimado. De fato, é um filme muito bonit, ousado e diferente. A maior barbada está no Oscar de roteiro original. Merece ser conhecido pelo público este filme que demonstra que criatividade é algo que não falta para o diretor Jonze.


4º Clube de Compras Dallas, de Jean-Marc Vallée. Uma grata surpresa encontrar esse filme independente entre os finalistas. A maior barabada, certmente, está para os prêmios de ator (Matthew McConaughey) e ator coadjuvante (Jared Leto). Mas o filme tem poucas chances, o que é uma pena, já que é polêmico e original. Ambos os atores estão esplêndidos em seus respectivos papéis de um homem aidético, a princípio homófobo e machista, e um travesti, também portador do vírus de HIV, que traficam medicamentos para controlar o vírus, em uma época (anos 80) que o governo praticamente nada fazia em relação a isso. Daqueles filmes impactantes que a princípio você sente raiva e repulsa pelo protagonista, mas que em seguida, acaba torcendo por ele. Para fechar com chave de ouro, há também a simpática presença de Jennifer Garner, como a médica que os ajuda nessa batalha. Vale a pena conhecer!


3º O Lobo de Wall Street, de Martin Scorsese. Dividiu críticos de todo o mundo. Muitos amaram, outros tantos odiaram (pelo que eu percebi, a maioria odiou). Eu adorei! Simplesmente um grande Scorsese em plena forma. Um filme longo, com quase 3 horas de duração, mas que você não sente passar em hipótese alguma. É divertido, inusitado, polêmico e arrebatador. Algumas das críticas surgiram por conta da possível exautação do consumo de drogas. No entanto, isso é uma questão de ponto de vista. Afinal, as consequências são desastrosas para os personagens que levam "a vida loka", e o excessivo uso de drogas está inserido como uma crítica aos personagens. O elenco está soberbo, tanto Leonardo DiCaprio quanto Jonah Hill mereceram as indicações respectivas de ator e coadjuvante nos seus papéis, que reservam cenas que ficarão para a história, como àquela em que Hill se engasga e a turbulência no navio. Ainda, há performance extarordinária de Matthew McCoanughey, no início, e a bela novata Margot Robbie. Enfim, tudo aquilo que Trapaça tentou ser, mas não conseguiu. Imperdível!


2° 12 Anos de Escravidão, de Steve McQueen. Este é o grande favorito, mas coloco em 2° lugar. De fato, dentre os indicados, esté tem a cara de filme que a academia adora prestigiar: passa das duas horas de duração, é de época, tecnicamente excepcional, emociona o público, grnades intepretações. De fato, uma história muito bem contada e dirigida. O ainda pouco conhecido, mas já veterano, Chiwetel Ejiofor dá um show na pele do homem negro livre, propositalmente confundido como escravo, e vendido tal como para diversos colonos. Os maus tratos e as injustiças sociais pelas quais passa são denunciados atráves das fortes imagens de tortura e violência. Enfim, daqueles filmes que deixa o público revoltado, e por isso, faz grande sucesso. Outro destaque é a novata Lupita Nyong´o, em grande atuação, como outra escrava humilhada constantemente. Grande filme, merecedor de todos os pr~emios que tem recebido.


1º Gravidade, de Alfonso Cuáron. O meu favorito é certamente o 2° favorito pela Academia. Este foi o único que assisti no cinema, e não queria, a princípio, colocá-lo como meu favorito, pois não acho o roteiro excepcional, por conta de alguns diálogos sem fundamento. No entanto, não se pode negar o grande valor cinematogáfico que esta obra insere ao cinema em geral, e mais particularmente, ao gênero ficção científica. Enfim, um filma tecnicamente inovador, mostrando um espaço sideral nunca visto antes. A grande maioria das cenas se passa no exterior da nave, e tudo o que se vê impressiona e convida o espectador a participar dessa incrível jornada. Definitivamente, é o filme do ano, e merece ter seu talento reconhecido. Sandra Bullock fez a melhor escolha de toda sua carreira, pois é um filme que já entrou para a história. Magnífico, estupendo, enfim, perfeito!


 Então é isso. Que vença o melhor! Até hoje a noite, creio que por volta das 22h na TNT. Abraços!

sábado, 1 de março de 2014

Robocop

 Robocop marca a estreia na direção americana do nosso cineasta brasileiro, José Padilha, que ganhou fama com os dois "Tropa de Elite". Fui conferir na tela grande essa aventura, principalmente por se tratar de um remake bastante esperado, do clássico dos anos 80, que inaugurou o holandês Paul Verhoevem em Hollywood, já famoso em sua Holanda natal.

 Como era de se esperar, não temos aqui uma xerox perfeita do original, o que é bom, já que os tempos são outros. O roteiro, de Joshua Zetumer, dá uma ideia mais futurista que o original de 1987, e conseguimos visualizar com facilidade uma era dominada por avanços tecnológicos de última geração. Além disso, nós temos um Robocop com traje mais escuro, e pilotando uma moto frequentemente. E a parceira dele, a policial Anne Lewis, vivida por Nancy Allen no filme de Verhoeven, está fora da história e foi substituída por um policial de mesmo sobrenome chamado Jack, interpretado pelo ator Michael K. Williams (que também está em "12 Anos de Escravidão").

 Dessa vez, no lugar de Peter Weller, nós temos o novato sueco Joel  Kinnaman (que atuou em "A Hora da Escuridão" e "Protegendo o Inimigo") interpretando o herói, o policial Alex Murphy. Diferente do clássico de 87, ele não morre, mas sofre um terrível acidente, ao ter seu carro explodido por perigosos bandidos. Assim, uma coorporação chefiada pelo político Raymond Sellars (o sumido Michael Keaton, de volta à ativa) tem uma brilhante ideia: criar um robô policial para defender os civis e trazer mais segurança para a população de Detroit, com o intuito de conseguir votos e ser eleito (creio que a senador, ou coisa parecida). Para tanto, contrata o cientista Dennett Norton (o sempe ótimo Gary Oldman), que é o responsável pela nova identidade de Murphy. No entanto, o desejo de vingança de nosso herói persiste, e ele deseja acabar com aqueles que quase o mataram. A partir de então, descobre um esquema de corrupção policial, e acaba por perceber que o pior inimigo agora é outro.

 José Padilha adicionou elemntos de "Tropa de Elite 2" na construção da figura pública governamental como vilã, o que torna a aventura ainda mais interessante. Claro que tudo é tecnicamente perfeito, o visual é impressionante e o ritmo é ágil. Apesar disso, muitas cenas de ação são banais e repetitivas. Mas nada estraga essa nova versão, bastante pessimista em relação ao futuro. No elenco ainda, destaque para o excepcional Samuel L. Jackson, no papel de um apresentador sensacionalista de telejornal (tal como o interpretado por André Mattos em "Tropa 2"). E para não ficar restrito ao clube do Bolinha, há algumas personagens femininas interessantes que substituem muito bem a policial Lewis da série clássica. A loirinha Abbie Cornish (de "O Brilho de Uma Paixão" e "Sete Psicopatas e um Shih Tzu") faz a esposa de Murphy, uma personagem pouco desenvolvida no original; a boa atriz Jennifer Ehle interpreta a assistente do vilão Keaton; e a já indicada ao Oscar, Marianne-Jean Baptiste (por "Segredos e Mentiras", de Mike Leigh) faz a chefa de Murphy.

 O final deixa portas abertas para prováveis sequências, mesmo porque não esclarece os destinos de alguns personagens. Enfim, trata-se de um remake bem-sucedido, que contou com a mão firme de Padilha, demonstrando ter um futuro bastante promissor nos States. Assistam a Robocop, e preparem-se para um eficiente filme de ação.

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