quarta-feira, 20 de abril de 2016

O Escaravelho do Diabo

 Eu sempre pensei que os livros juvenis da série vaga-lume deveriam virar filmes, pois suas narrativas seguem ao estilo cinematográfico. Isso nunca aconteceu, infelizmente, o que é uma pena, pois o público iria aprovar essa iniciativa. Mas agora temos a grata surpresa de encontrar nas telas o clássico do gênero, "O Escaravalho do Diabo", simplesmente um dos mais (senão o mais) famosos de toda a série, uma história densa policial, com momentos de tensão e terror.

 Trata-se de uma adaptação de livro de Lúcia Machado de Almeida, feita por Melanie Dimantas e Ronaldo Santos, dirigida por Carlo Milani, codiretor de algumas novelas da globo, e que fez sua estreia na tela grande de forma bem-sucedida. Quanto ao filme, estranhos assassinatos vão ocorrendo na bela cidade fictícia interiorana Vale das Flores, sendo o universitário Hugo a primeira vítima. Na verdade, trata-se de um assassino que, sabe-se lá por qual motivo, mata apenas pessoas ruivas, que recebem antes de morrer, um escaravelho dentro de uma caixinha. Assim, o garotinho Alberto, irmão de Hugo, se associa ao Inspetor Pimentel, que não esconde o fato de estar com início de Alzheimer, para investigar os assassinatos. A coisa se complica, quando a ruivinha Raquel, paixão de Alberto, pode ser a próxima vítima.

 Eu, como qualquer pré adolescente de início de anos 90, li O Escaravelho do Diabo, e guardo na memória toda a narrativa. Os roteiristas fizeram algumas mudanças, que de início eu não aprovei, mas até que ficaram bacanas. No livro, Alberto é adulto e mais velho que Hugo, por exemplo. Alguns personagens da literatura não entraram no filme, e foram substituídos por outros (como é o caso do jornalista ruivo). No fim das contas, a adaptação foi boa. Há apenas ausência de ação e conflitos mais impactantes no desfecho; todavia, essa ausência também ocorre no livro, que aliás, finaliza a história com muitas revelações, mas pouca ação.

 A fotografia e o cenário da já mencionada fictícia Vale das Flores são visualmente bonitos e atraentes. O problema está no elenco, um tanto irregular. Temos veteranos como Marcos Caruso e Jonas Bloch, interpretando respectivamente, o Inspetor Pimentel e o Padre Paulo Afonso, que são ótimos como sempre (Caruso é responsável pelo alívio cômico, embora o Alzheimer seja algo trágico). O problema mesmo está na inexpressividade dos atores mirins, que não agem com naturalidade e deixam bem claro o tempo todo que estão declamando textos decorados, como é o caso de Bruna Cavalieri (Raquel) e principalmente Thiago Rosseti (o protagonista Alberto). Outro problema é a mistura de ritmos que mais atrapalha do que envolve, pois a atmosfera que mais parecia um policial infantil, repleto de romance e momentos de comédia, vai se tornando mais sombria e assustadora, assumindo mesmo que é terror. Em suma, apesar disso, eu aprovo a iniciativa, e a conclusão foi satisfatória.

 Há no elenco outros nomes famosos em papéis menores, como Selma Egrei, Karin Rodrigues, Jairo Mattos, Celso Frateschi, Isaac Bardavid e Regina Remencius. Espero que outras obras da série vaga-lume tenham suas páginas adaptadas para o cinema. Como eu disse antes, reafirmo, as gostosas aventuras dos livros dessa série merecem a dignidade de terem suas adaptações conferidas na tela. Esse aqui eu recomendo com todas as letras, vale a pena. Abraços!

 TRAILER: