domingo, 24 de julho de 2016

A Lenda de Tarzan

 O simpático herói do título já protagonizou diversos filmes, até mesmo uma popular animação da Disney. Dos filmes, sem dúvida, o mais popular é aquele que inspirou diversas sequências, e que teve início em 1932 com "Tarzan, o Filho das Selvas", com o astro Johnny Weissmuller. Agora chega às telas essa nova versão, dirigida por David Yates, dos últimos filmes da saga "Harry Potter".

 Tarzan agora atende pelo nome John Clayton, e vive numa mansão em Londres com sua esposa Jane. Vivem infelizes com a perda de um filho, mas Jane fica animada quando seu marido recebe um convite para voltar ao Congo, onde trabalhará como emissário de comércio do Parlamento. No entanto, eles nem imaginam que isso tudo é um plano do inescrupuloso Leon Rom, que fez acordo com o chefe de uma tribo, Mbonga, que deseja a cabeça a prêmio de Tarzan, por conta de ajustes de conta referente ao passado.

 Nem precisa dizer o quanto o cinema evoluiu tecnicamente, que chegamos a pensar que não tem mais por onde evoluir. Tudo é majestoso e deslumbrante, desde a fotografia, passando pelos efeitos sonoros, e as brilhantes cenas de ação pela selva do Congo. No entanto, o roteiro, de Adam Cozad e Craig Brewer, mais uma vez inspirado no universo de Edgar Rice Burroughs, não mostra muito de diferente daquilo que já conhecemos sobre o personagem; apenas capricham na ação, colocam uma Jane mais valente que sensível, e esqueceram da macaca Cheeta, que ficou de fora da projeção. Mas animais é o que não falta, e o público é brindado pela diversidade da fauna africana, comandada por barulhentos gorilas, e até mesmo hipopótamos ferozes (!).

 No papel central, o sueco Alexander Skarsgaard, filho do veterano Stellan Skarsgaard, tem boa forma física e interpreta o papel que lhe cai como uma luva (apesar de já ter 39 anos, o ator é mais popular na tv, com a série "True Blood"; este aqui é o filme de sua carreira). Samuel L. Jackson diverte a plateia sendo alívio cômico, como o parceiro do "homem macaco", que tem dificuldades culturais em terras distintas. Há também Christoph Waltz, em mais uma típica composição de vilão, Djimon Hounsou, bem caracterizado como o Chefe Mbonga, e a melhor do elenco, a bela Margot Robbie, de "O Lobo de Wall Street", no papel da doce e determinada Jane, transmitindo charme para a história.

 No mais, temos um blockbuster agradável, tecnicamente espetacular. É a pedida certa para quem procura cinema como entretenimento. Como eu mencionei antes, esqueçam maiores novidades na narrativa, e se divirtam com o visual da película, arrebatador. E vamos aguardar as prováveis sequências de uma possível nova franquia que se iniciou aqui. Abraços!

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sábado, 23 de julho de 2016

Caça-Fantasmas

 Já que a moda de atualizar clássicos dos anos 80, e quem sabe refazer franquias, continua de pé em Hollywood, chegou a vez de uma nova versão de "Ghostbusters", enorme sucesso de 1984, e que teve uma sequência em 1989. A diferença é que agora temos caçadoras como protagonistas.

 Tudo começa quando Erin Gilbert torna-se acadêmica e respeitada, por isso deixa de lado essa história de caçar fantasmas. Porém, quando sua colega Abby Yates publica um livro que revela sobre essa estranha especialidade de ambas, compromete a carreira de Erin. Assim, desmoralizada, e como passa a acreditar que fantasmas estão atacando Nova York, se junta a antiga parceira, e ainda com outras duas -Jillian Holtzman e Patty Tolan (esta útlima, ex guichê de metrô)- e passa a exterminar tudo o que é fantasma que encontra pela frente.

 O mais bacana dessa fita, e que mantém o charme nostálgico das duas produções anteriores, é que o logotipo dos caça-fantasmas permanece o mesmo, assim como a aparição do monstrengo Geleia (ainda que ele não seja chamado pelo nome por ninguém), e principalmente a excelente trilha sonora. O diferencial aqui, nesse roteiro escrito pelo próprio diretor Paul Feig, junto com Katie Dippold, é o fato de se ter protagonistas mulheres, todas elas comediantes. Isso, aliás, é hábito na filmografia de Feig, que sempre coloca mulheres como as heroínas em suas comédias de ação. Falando nisso, é exatamente o que ocorre aqui: ação. Há muito humor, mas dessa vez Feig está discreto e não escracha muito. Por isso, sua atriz favorita, Melissa McCarthy, aparece mais discreta (e menos gorda também), não brilhando muito como em outras fitas que fez com Feig, como "Missão Madrinha de Casamento" e "A Espiã Que Sabia de Menos".

 Ainda no elenco, a protagonista de fato é Kristen Wiig (também de "Missão Madrinha de Casamento"), que faz a mais cerebral, e também a mais atrapalhada, do quarteto. As outras duas são menos famosas, Kate McKinnon e Leslie Jones, ambas do humorístico ""Saturday Night Live", cada uma com seu humor peculiar. Entre os homens, o bonitão "Thor" Chris Hemsworth surpreende e rouba a cena como o secretário lesado e fora de órbita. Há também um tanto envelhecido Andy Garcia como o prefeito e Charles Dance como o chefe de Wiig, fora as pequenas participações de astros do original, como Bill Murray, Dan Aykroyd, Sigourney Weaver, Ernie Hudson e Annie Potts, realçando a força da nostalgia.

 Enfim, ainda que não se dê grandes gargalhadas, é simpático e divertido. Quem sabe faça a nova geração sentir curiosidade e conhecer o original; isso seria formidável! Abraços!

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terça-feira, 12 de julho de 2016

Porta dos Fundos: Contrato Vitalício

 Uma das séries de grande sucesso de humor da internet, o Porta dos Fundos, ganhou o seu primeiro longa metragem, e trouxe para a tela grande boa parte de seu elenco original, encabeçado pelo humorista da década, Fábio Porchat, e dirigido pelo seu habitual parceiro, Ian SBF, que também era da série.

 O bacana do roteiro, feito pelos próprios Ian e Fábio, e também Gabriel Esteves, é a metalinguagem satírica da história, que tem seu início ambientado no festival de Cannes, na França. O ator Rodrigo Assis (Fábio) e o cineasta Miguel (Gregório Duvivier) estão lá na expectativa de ter seu filmes ganhando algum prêmio. Isso acaba acontecendo, e eles caem literalmente na gandaia. Na empolgação, Rodrigo assina o tal contrato vitalício do título se comprometendo em atuar em todos os filmes de Miguel. Porém, este desaparece misteriosamente, após entrar no banheiro do quarto de hotel. Dez anos depois ele volta totalmente estranho, e diz ter sido abduzido por extraterrestres. Volta a ativa, e dirige mais um filme a ser protagonizado por Rodrigo. No entanto, em consequência de seu sinistro "sequestro", comete atitudes inesperadas e completamente fora do normal.

 A partir de então, todo o clima de paranóia e sátira acontece em cena, com destaque aos bons, e desconhecidos, coadjuvantes, que roubam a cena em situações que nem Freud explica. Além de satirizar o universo do cinema, o diretor também brinca com as celebridades brasileiras da tv, e inclusive alguns deles aparecem em cena interpretando eles mesmos, como é o caso de Nélson Rubens, Xuxa Meneghel, Sérgio Mallandro, Marília Gabriela e outros. O resultado disso é uma comédia extremamente divertida, daquelas que arrancam gargalhadas da plateia que aprecia fitas americanas ao estilo "American Pie" e "Todo Mundo em Pânico", mas com características bem brasileiras.

 No talentoso elenco de comediantes, em que quase todos, com exceção de Porchat e Duvivier, tem pouca popularidade com o público, fica difícil escolher quem se destaca, já que todos são promissores. Particularmente, gosto do empresário Ulisses, feito por Luis Lobianco (responsável pelas falas mais hilárias) e do ator Paulo, vivido por Rafael Portugal, que passa por maus bocados, ao ser treinado pela insana diretora de elenco, interpretada por Júlia Rabello. Há também, a mocinha vivida por Thati Lopes, que também tem seus momentos hilários.

 Enfim, o filme é recomendado para quem gosta de humor escrachado mesmo, e nem precisa ser espectador assíduo da série para se envolver com a narrativa. Tudo indica possibilidades para sequências que, se conservarem a originalidade do humor, poderão ter uma carreira bem sucedida como esse aqui. Vá ao cinema com o intuito de se divertir e encontrará o passatempo ideal com a turma amalucada de Porta dos Fundos. Até mais!

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