quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Minha Vida em Marte

 Se tem um gênero que se afirmou muito bem aqui no Brasil é a comédia. Muitos críticos até podem dizer que fitas comerciais como "Se Eu Fosse Você" e "Minha Mãe é Uma Peça" se inspiram em fitas americanas, mas certas características de nossa "brasilidade"é o que faz a diferença nestes filmes. Entre elas, está o humor. Afinal, nas fitas citadas é comum ver o público explodir em gargalhada, até mesmo muito mais do que em qualquer fita americana do Jim Carrey. Nesse Minha Vida em Marte, também sucede isso.

 Trata-se de uma sequência de "Os Homens São de Marte... E É Pra Lá Que Eu Vou", realizado em 2014, com a mesma dupla central, Mônica Martelli e Paulo Gustavo. Aliás, os protagonistas também são responsáveis pelo roteiro, escrito em parceria com a diretora estreante Susana Garcia, e também com Emanuel Araújo e Júlia Lordello.

 Aqui, a administradora de um buffett Fernanda Garcia (Mônica) está em crise no casamento com Tom (Marcos Palmeira, que também esteve no filme anterior). Tenta de tudo para fugir da rotina, e conta com a ajuda de seu sócio homossexual, Aníbal (Paulo Gustavo). Porém, as coisas caminham para a separação. Nesse caso, para levantar a moral da amiga, Aníbal lhe proporciona várias atividades de entretenimento, incluindo uma viagem para Nova York, onde ambos passam por diversas situações divertidas.

 Apesar da simplicidade da história, fazia tempo que eu não gargalhava com gosto. Os dois comediantes são perfeitos na arte da diversão, sobretudo Paulo Gustavo, simplesmente um fenômeno nas tiradas, nos diálogos e nos trejeitos. A mensagem também não deixa de ser poética e positiva para o ser humano, que muitas vezes precisa aprender a valorizar a si próprio, acima de qualquer relacionamento.

 No elenco, a presença ilustre de vários atores populares na telinha, como Ricardo Pereira, no papel de um interesse romântico de Mônica lá em Nova York, Heitor Martinez Mello como um paquera em uma festa, Dudu Pelizzari como o instrutor da academia, Fiorella Mattheis como a namorada do ex-marido, Guida Vianna como a dona do sex shop, além da cantora Anitta interpretando ela mesma.

 Enfim, uma verdadeira injeção contra o mau-humor. É daqueles filmes que deixa o público na expectativa de uma nova sequência, para se divertir ainda mais. Assista sem preconceito, e tenha a garantia de que rir é sempre prazeroso, sobretudo quando de forma espontânea. Abraços!

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quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Vidro

 Eu já tinha perdido a esperança no cineasta M. Night Schyamalan, que surgiu bastante promissor com o aterrorizante "O Sexto Sentido", em 1999. Contudo, a sucessão de filmes ruins, sobretudo os de ficção científica, demonstravam uma infeliz decadência, inclusive na história, já que ele é roteirista de seus filmes, como também acontece aqui em "Vidro". Mas ele voltou com tudo em 2016 com "Fragmentado", e felizmente seu novo filme não decepciona.

 Falando em Fragmanetado esse Vidro é uma sequência desse e também de um outro filme que ele fez lá atrás, "Corpo Fechado", em 2000. A ideia de ligar todos esses filmes demonstra que Schyamalan tem excelente criatividade, pois entrelaçar todas essas histórias não parece algo fácil; e ele conseguiu com maestria.

 Para quem não lembra de Corpo Fechado (ou para quem não viu), o protagonista David Dunn, que era segurança, tem o dom de sentir o "caráter" das pessoas com um simples toque. No passado, ele foi o único sobrevivente num acidente ferroviário, e isso causou espanto, já que não havia chances de alguém sobreviver; e como ele saiu ileso, seu filho concluiu que ele só poderia ser um super-herói. No presente ele e o filho (agora adulto) trabalham na caça de um perigoso serial killer, que possui 24 personalidades, e que sequestrou um grupo de garotas. Quando Dunn o localiza, com a personalidade da Fera (visto em Fragmentado), o duelo de titãs é interrompido pela polícia, que os deixam sobre o controle da psicóloga Ellie Staple, que tenta convencê-los de que são homens comuns. Aí entra outro personagem de Corpo Fechado, Elijah Price, debilitado e em cadeira de rodas (o oposto de Dunn, representando a extrema fraqueza), que também passa pelo tratamento da doutora. Entretanto, todos eles juntos, no mesmo espaço, fazem surgir ideias perigosas.

 A trama pode parecer complexa, mas faz uma leitura bacana sobre o mito do super-herói, destacando suas habilidades, mas também os pontos fracos. A expectativa de suspense, de que algo inusitado e surpreendente vai acontecer em cena, acompanha constantemente o espectador. E, de fato, há boas reviravoltas em uma conclusão eficiente, que faz lembrar um pouco os filmes da franquia "X-Men".

 O elenco conta com três astros em forma, James McAvoy comprovando ser um dos grandes atores de sua geração, ao reviver as 24 personalidades em um corpo só (embora a maioria seja "figurante"), com uma expressão aterrorizante e demoníaca; Bruce Willis não faz feio, embora conserve o irritante biquinho ao interpretar mais uma vez David Dunn; e o melhor do elenco, Samuel L. Jackson, em uma entrada triunfal e enigmática, além de responsável pelos momentos de grande tensão, como Elijah Price, o "vidro" do título. Há também a excelente Sarah Paulson (de "12 Anos de Escravidão" e da série "American Horror Story") como a psicóloga, e a sobrevivente de Fragmentado, Anya Taylor-Joy (na verdade não faz muito sentido o retorno dela, mas não deixa de ser um ponto importante na conclusão). Juntam-se a eles outros atores de Corpo Fechado: Spencer Treat Clark, o filho de Bruce Willis, e Charlayne Woodard, como a mãe de Samuel L. Jackson (curiosamente, ela é cinco anos mais nova que ele na vida real!).

 Enfim, um eletrizante suspense, que requer paciência e concentração para se deliciar e se envolver com uma trama muito bem escrita e conduzida por Schyamalan, que agora parece ter recuperado a mão cheia. Abraços!

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terça-feira, 22 de janeiro de 2019

OSCAR 2019 - indicados

 Saíram hoje os indicados ao OSCAR 2019. Como já é tradição, eu faço uma análise nas categorias de interpretações aqui (ator, atriz, ator coadjuvante e atriz coadjuvante), além de mencionar os filmes e diretores indicados.
 Sobre os filmes, A academia tem seus métodos estranhos quando informa que os filmes indicados são entre oito e dez; aí fazem os cálculos para ver quantos serão indicados. Deveriam indicar sempre dez, pois no ano que nomeados são em quantidade menor, passa a ideia de que o ano recorrente foi um ano ruim. Agora, por exemplo, foram oito os indicados: Bohemian Rhapsody, A Favorita, Greeen Book: O Guia, Infiltrado na Klan, Nasce Uma Estrela, Pantera Negra, Roma e Vice. Assisti mais da metade desses filmes até o momento, e por enquanto aprecio mais o Infiltrado na Klan, do genial Spike Lee. Porém, todos já sabem que o superestimado da Netflix, Roma, será o vencedor. É a Academia em mais uma tentativa de ousadia, em premiar uma produção streaming, que não passou no cinema. O filme não é ruim, mas o exagero todo em torno dele é bem irritante.

 Quanto aos diretores, são esses os indicados: Alfonso Cuarón por Roma; Yorgos Lanthimos por A Favorita; Spike Lee por Infiltrado na Klan; Pawel Pawlikowski por Guerra Fria; e Adam McKay por Vice.  O favorito, óbvio, é Algonso Cuarón com seu Roma, e que já venceu antes por Gravidade. Adam McKay já teve indicação antes por A Grande Aposta, e os demais são indicados pela primeira vez. Spike Lee já teve indicações antes como roteirista e documentário, mas, como diretor, pasmem, é a primeira vez! O azarão é o polonês Pawel Pawlikowski que, surpreendentemente, consguiu uma indicação.

ATORES

Christian Bale, 45 anos, 4ª indicação. Foi indicado antes por O Vencedor (2010, coadjuvante, ganhou!), Trapaça (2013, principal) e A Grande Aposta (2015, coadjuvante). Agora concorre pelo filme Vice, onde tem uma caracterização surpreendente, na interpretação do vice presidente de George W. Bush. Aparentemente é o favorito, podendo ganhar seu srgundo Oscar, além de ser uma figura muito querida pelos americanos.

Bradley Cooper, 44 anos, 4ª indicação. Foi indicado antes por O Lado Bom da Vida (2012, principal), Trapaça (2013, coadjuvante) e Sniper Americano (2014, principal). Agora concorre por Nasce Uma Estrela. Foi esnobado como diretor, mas já era presença garantida entre os indicados para ator. Teve bastante força no começo das campanhas, mas agora enfraqueceu. Certamente, não ganhará.

Willem Dafoe, 63 anos, 4ª indicação. Foi indicado antes por Platoon (1986, coadjuvante), A Sombra do Vampiro (2000, coadjuvante) e Projeto Flórida (2017, coadjuvante). Agora, pela primeira vez como ator principal, concorre por No Portal da Eternidade, onde interpreta ninguém mais ninguém menos que o pintor Vincent van Gogh. Ainda não vi esse filme, mas sei que Dafoe é o azarão do grupo, já que sua indicação foi uma surpresa. Seria bacana se ganhasse, por ser um ator extraordinário.

Rami Malek, 37 anos, 1ª indicação. O ator tem interpretação elogiadíssima pelo público ao interpretar o cantor Freddie Mercury em Bohemian Rhapsody. Realmente, uma incorporação surpreendente! Ele é o obstáculo de Christian Bale, o único capaz de tirar o Oscar dele, vamos aguardar...

Viggo Mortensen, 60 anos, 3ª indicação. Foi indicado antes por Senhores do Crime (2007, principal) e Capitão Fantástico (2016, principal). Agora é a vez da comédia Green Book: O Guia, que tem recebido alguns elogios da crítica alternativa. Creio ter poucas chances, mesmo sendo um ótimo ator.

ATRIZES

Yalitza Aparicio, 25 anos, 1ª indicação. Certamente, a grande surpresa da categoria, pois se o filme pela qual ela recebeu a indicação, Roma, é esperado em diversas categorias, não o era na categoria de interpretações. E aqui nós temos uma triz inexperiente, que nunca fez absolutamente nada antes, e já estreia com indicação ao Oscar. Sorte dela, mesmo sendo a azarona entre as cinco indicadas. Em todo caso, a indicação é merecida, já que a naturalidade dela na personagem é o coração do filme.

Glenn Close, 71 anos, 7ª indicação. Foi indicada antes por O Mundo Segundo Garp (1982, coadjuvante), O Reencontro (1983, coadjuvante), Um Homem Fora de Série (1984, coadjuvante), Atração Fatal (1987, principal), Ligações Perigosas (1988, principal) e Albert Nobbs (2011, principal). Agora concorre por A Esposa. Uma estrela do calibre de Glenn Close que nunca ganhou um Oscar até hoje é admirável. Talvez por essa razão ela possa vir a ganhar pelo filme A Esposa, uma produção simples, em que ela tem competente atuação, mas sem ser algo extraordinário. Pode até vencer por ser muito querida, e pela carreira. Mas ele tem duas fortes adversárias na categoria.

Olivia Colman, 45 anos, 1ª indicação. Ela concorre pelo filme A Favorita, que fez bastante suceso entre os críticos, no papel da rainha Anne da Inglaterra do século XVIII. Ela ganhou diversos prêmios e concorre entre as favoritas ao Oscar. Porém, por ser britânica, pode ser que as outras adversárias, americanas,  tenham mais chances...

Lady Gaga, 32 anos, 1ª indicação. Se tem uma estrela do momento nessa categoria, é Lady Gaga, que concorre por Nasce Uma Estrela, onde ela faz o que mais sabe fazer: cantar. Preconceitos a parte, tem forte atuação dramática, e é a concorrente de Glenn Close e Olivia Colman. Lembrando que esse ano ela teve indicação por uma das canções em que ela canta no filme, "Shallow", e nessa categoria ela ganha. Já teve indicação na categoria também, por um documentário de 2015 chamado "The Hunting Ground".

Melissa McCarthy, 48 anos, 2ª indicação. Foi indicada antes por Missão Madrinha de Casamento (2011, coadjuvante), e agora concorre por Poderia Me Perdoar?. Melissa, uma grande comediante, teve altos elogios numa atuação dramática. Ganhou alguns prêmios no começo, mas se distanciou de suas concorrentes, por isso não deve ganhar.

ATORES COADJUVANTES

Mahershala Ali, 45 anos, 2ª indicação. Foi indicadao antes por Moonlight: Sob a Luz do Luar (2016, coadjuvante, ganhou!), e agora é indicado por Green Book: O Guia. Por ter vencido o globo de ouro e o critics choice, é apontado como provável favorito. Porém, como ganhou um Oscar bem recentemente, pode ser que não ganhe novamente agora. Em todo caso, há um concorrente bem forte disputando pau-a-pau com ele.

Adam Driver, 35 anos, 1ª indicação. Concorre por Infiltrado na Klan, no papel do policial que faz jus ao título (embora não seja ele o protagonista). O filme é excelente, mas a interpretação do ator é apenas competente, nada especial. Por essa razão, certamente não ganhará.

Sam Elliott, 74 anos, 1ª indicação. Concorre por Nasce Uma Estrela. Esse veteraníssimo ator, que tem uma trajetória imensa na tv e no cinema, sempre em papéis coadjuvantes, somente foi lembrado agora, por incrível que pareça. Infelizmente, entretanto, não deve vencer, já que seu érsonagem não é marcante, facilmente sai da memória do público, mesmo sendo Sam um ator excelente. Uma pena...

Richard E. Grant, 61 anos, 1ª indicação. Concorre por Poderia Me Perdoar?. Esse ator veterano, que nasceu na Suazilândia (!), mas fez carreira na Inglaterra, também tem uma grande trajetória no cinema, embora esteja sendo lembrado apenas agora. É o concorrente mais próximo de Mahershala Ali, já que está colecionando prêmios... Será que ganha?

Sam Rockwell, 50 anos, 2ª indicação. Foi indicado antes por Três Anúncios Para Um Crime (2017, coadjuvante, ganhou!), e agora concorre por Vice. Interpreta George W. Bush, e arrancou muitos elogios da crítica. Ainda assim, é o azarão do grupo, e dessa vez não ganhará.

ATRIZES COADJUVANTES

Amy Adams, 44 anos, 6ª indicação. Foi indicada antes por Retrato de Família (2005, coadjuvante), Dúvida (2008, coadjuvante), O Vencedor (2010, coadjuvante), O Mestre (2012, coadjuvante) e Trapaça (2013, principal). Agora concorre por Vice. Uma das estrelas da atualidade, apesar de ter diversas indicações, Amy nunca ganhou um Oscar. Se a categoria não tivesse uma franca favorita, ela certamente levaria a estatueta. Porém, não será dessa vez...

Marina de Tavira, 44 anos, 1ª indicação. Concorre pelo superestimado Roma. Tal como sua colega de elenco, teve indicação inesperada. Ela interpreta a patroa de Yalitza Aparicio, atua com bastante competência, mas é a azarona na categoria. A indicação já é um prêmio.

Regina King, 48 anos, 1ª indicação. Concorre por Se a Rua Beale Falasse, e é a grande babada do evento. Ganhou quase todos os prêmios até agora e é a favoritíssima ao Oscar. Justo! Afinal, tem uma longa trajetória, sempre em papéis coadjuvantes e nunca lembrada pela crítica. Agora chegou o seu momento.

Emma Stone, 30 anos, 3ª indicação. Foi indicada antes por Birdman (2014, coadjuvante) e La La Land - Cantando Estações (2016, principal, ganhou!). Junto com Amy Adams, uma das estrelas da categoria, e concorre por A Favorita. Poderia concorrer de igual por igual com as demais indicadas, se não tivesse Kig na parada...

Rachel Weisz, 48 anos, 2ª indicação. Foi indicada antes por O Jardineiro Fiel (2005, coadjuvante, ganhou!). Agora concorre, assim como Emma Stone, por A Favorita. Apesar de ser excelente atriz, infelizmente também só está completando a lista das indicadas, pois o prêmio já tem dona.

Bom, é isso. A cerimônia acaontecerá no dia 24/02 a partir das 22h, e eu como sempre, irei ver no canal pago TNT, pois a Globo pouco se importa com o telespectador, e vai preferir apresentar o Big Brother no lugar. Enfim, aguardemos o reultado.