sábado, 28 de outubro de 2017

Blade Runner 2049

 É bastante arriscado quando Hollywood resolve realizar uma sequência de um clássico absoluto, aclamado pela crítica e público. Ainda assim, resolveram fazer isso com o filme referencial da carreira de Ridley Scott, e a responsabilidade ficou com o canadense Dennis Villeneuve.

 O visual "noir" do clássico, junto com os bons cenários futuristas, é o que chamavam a atenção no filme de Scott. Aqui, o aspecto noir sai de cena, e a direção de arte tornou-se ainda mais criativa, ao compôr um cenário urbano, em que o avanço tecnológico de outdoors interativos e a destruição nas ruas de metrópoles são so grandes contrastes da modernidade. Se o orginal já era assustador em propor um futuro pessimista (e muito próximo, 2019!), esse aqui não deixa por menos e mostra 2049 povoado praticamente por apenas andróides.

 Enfim, quanto a história, um policial andróide, que atende por "K", é designado para investigar vestígios do passado, quando desconfia que tenha existido uma criança, reproduzida por replicantes. Assim, temendo uma provável guerra entre humanos e andróides, caso seja descoberta essa possibilidade de reprodução, K tem a missão de encontrar essa criança, agora adulta, e eliminá-la. Mas, andróides de outra linha, mal intencionados, também têm o mesmo objetivo do policial. Tudo indica que tal criança, pode ser o próprio K, que acredita ser filho dos andróides Rick Deckard, a quem ele encontra e o ajuda na missão, e Rachael.

 O roteiro, de Hampton Fancher e Michael Green, ainda seguindo a inspiração do clássico livro de Philip K. Dick, encontrou uma oportunidade perfeita de colocar novamente na história os andróides protagonistas da fita de 1982, Deckard e Rachael. Fora isso, toda a atmosfera angustiante e pessimista que tumultuam pela Califórnia do futuro, instigam mais ainda o interesse pela história. Há muitos personagens femininos, com destaques surpreendentes para a narrativa, além de um protagonista determinado e que ganha de imediato a simpatia do público.

 Falando nos personagens, cabe ao galã do momento, Ryan Gosling, a tarefa de dar vida ao policial andróide K, que contracena com o veterano Harrison Ford, de volta em um dos papéis mais importantes de sua carreira, Rick Deckard. A atriz Sean Young, a Rachael, tem uma aparição na metade da projeção, usada de forma bacana. Há também Robin Wright, como a chefe de K, a cubana Ana de Armas ("Bata Antes de Entrar") como uma inteligêntia artificial apaixonada pelo personagem de Gosling (aliás, os sentimentos entre andróides são bem explorados na história, fato que os confunde demais com seres humanos), o vaterano Edward James Olmos, também retornando em uma apraição como Gaff, a interessante holandesa Sylvia Hoeks, talvez o personagem feminino mais importante, a vilã Luv e Jared Leto como o grande vilão Niander Wallace (ainda assim, o personagem não tem conclusão, certamente a grande falha do roteiro, ou isso talvez seja uma brecha para outra sequência).

 Questões envolvendo a ética nas descoberta científicas e os limites que ultrapassam aquilo que máquinas não poderiam fazer, como gerar filhos, estão presentes aqui, o que deixa essa continuação repleta de interesses que atraem facilmente a plateia (apesar da confusão, pois a impressão que se tem é a de que não há mais humanos na terra, todos parecem andróides!). Certamente, o filme receberá algumas indicações ao Oscar na área técnica, e acredito que surpreenderá de maneira positiva em diversos festivais por aí, vamos aguardar. Vale ver, e também rever. Abraços!

TRAILER:


terça-feira, 17 de outubro de 2017

A Morte te dá Parabéns!

 De vez em quando, é bacana observar alguma produção menor e discreta que está passando nos cinemas, normalmente produções de terror, que acabam sendo curiosas e divertidas. É o que acontece com esse modesto filme, com uma história interessante.

 Não é exatamente uma fita de terror, está mais para um suspense bem-humorado; na verdade, quase comédia, já que o tom de sátira é bastante presente. E, também, não se trata de uma narrativa original, é praticamente uma versão teen do já cult "Feitiço do Tempo", com Andie MacDowell e Bill Murray (aliás, no fim, é feita uma homenagem a esse clássico dos anos 90, através da fala de um dos personagens).

 A jovem Tree Gelbman é uma estudante de medicina bonita e atraente. No entanto é também arrogante, rabugenta e insuportável como ser humano. Justamente por isso, é assassinada. Porém, após receber o golpe que lhe tira a vida, acorda na cama de um garoto que conheceu na noite anterior, e revive o mesmo dia. Toda vez que é assassinada, vai acontecendo tudo novamente. Enfim, após se acostumar com a nova rotina, Tree tenta descobrir, dentre as várias pessoas que têm motivos de sobra para matá-la, qual deles é seu assassino.

 Assim como sucedeu em "Feitiço do Tempo", não espere que aqui tenha alguma explicação sobre a repetição do tal dia. O que chama a atenção no roteiro, de Scott Lobdell, é a típica  sátira com as high school americanas, em que a luta pela popularidade e sucesso são as preocupações centrais das estudantes. As situações do assassinato da garota são engraçadas e repeltas de reviravoltas. Aliás, o final já apresenta uma situação inesperada, que pode ser decifrada antes, caso o espectador seja bem observador.

 O elenco é completamente desconhecido, repeleto de jovens iniciantes. Destaque para a protagonista, Jessica Rothe (de "La La Land: Cantando Estações") que passa por inúmeras situações inusitadas; aos poucos, o público tende a torcer por ela, pois é justamente depois que ela morre, que se torna mais simpática e, ironicamente, mais humana. O diretor Christopher Landon é jovem, mas já demonstrou talento no gênero com "Atividade Paranormal: Marcados Pelo Mal" e "Como Sobreviver a um Ataque Zumbi".

 Enfim, é um passatempo agradável e descontraído, pode ser encarado dessa forma tranquilamente; até mesmo por quem não curte fitas de horror. Abraços.

 TRAILER: