sábado, 5 de novembro de 2011

Contágio

Aguardei a estreia desse filme com muita expectativa, pois o cartaz chamou a atenção pelo próprio título, e também pelos nomes que compõem o elenco estelar e a direção, Steven Soderbergh. Em seguida, li algumas críticas, todas elas negativas, e por isso, já não estava esperando tanta coisa. No entanto, até que gostei do filme sim.

Em 1995, o filme Epidemia, de Wolfgang Petersen, lotou as salas de cinema e foi um enorme sucesso. Cito esse filme, pois o contexto é bem parecido; a diferença é que aquele era pura ação, literalmente, com direito a momentos de correria e explosões, enquanto a produção de Soderbergh focaliza mais para a tensão e o drama que o contágio proporciona.

Tudo começa quando a americana Beth Emhoff ( Gwynrth Paltrow ) retorna ao seu país, após uma viagem de negócios na China, infectada com um vírus mais fatal que a gripe suína. A partir de então, esse vírus vai evoluindo e sendo transmitido para diversas pessoas, que morrem em pouco tempo. Estranhamente, o marido de Beth, Mitch Emhoff ( Matt Damon ) é imune e não se contagia. Enquanto isso, diversos médicos liderados por Dr. Ellis Cheever ( Laurence Fishburne ) e Dra. Leonora Orantes ( Marion Cotillard ) tentam diversas formas de combater a epidemia que se alastra por todo o mundo.

O roteiro de Scott Z. Burns, ao propor esse problema, sugere uma reflexão acerca de algo bastante comum na nossa realidade. A elevação do vírus é mostrada didaticamente pelas diversas palestras e explicações proporcionadas pelos doutores em cena. Aliás, essa é uma das críticas que fizeram contra o filme, que foi caracterizado por alguns críticos como um episódio "dialogado" de algum documentário do Discovery Channel. Em todo caso, fico aliviado com o fato de que a fita não estreou no auge da gripe suína, já que Soderbergh traz uma mensagem bastante assustadora e chocante sobre o tema. Afinal, quando boa parte da população já foi dizimada, o caos e a violência tomam conta das cidades, e o desespero e a luta pela sobrevivência invadem o interior de todos. Num estado como esses, quando uma vacina é produzida, àqueles que tem o poder conseguem se salvar, junto com os seus entes queridos. Mas, e o resto da população? Esse é um dos questionamentos que a película coloca no ar. E o Brasil já tem problemas demais; por isso, fico aliviado que o surto da gripe suína já tenha dado uma trégua.

Quanto ao elenco, ouvi alguma coisa sobre uma possível indicação ao OSCAR de coadjuvante para Gwynet Paltrow, o que eu acho uma asneira extremamente profunda. Afinal, Gwyneth tem pouco tempo na tela, e não tem nenhuma cena surpreendente. Gosto sim de Kate Winslet, como uma médica que também se contamina, e de Jude Law, como um jornalista blogueiro que, através do sensacionalismo virtual, manipula os cidadãos americanos e aumenta a angústia e a revolta de todos; um personagem ambíguo e bem construído pelo ator. Jude sim, e também Kate merecem atenção do OSCAR. Quem também leva a melhor é a pouco conhecida Jennifer Ehle ( de "Força Policial" e "O Discurso do Rei" ) que interpreta a doutora responsável pela criação do antídoto contra o vírus. Enfim, com tanto destaque em cena, fico preocupado com esse mito em torno de Gwyneth, que mal abre a boca...

No fim das contas, não aguardem um filme explosivo como "Epidemia" ou algum tipo de suspense aterrorizante, pois não é disso que se trata Contágio. Mas também não se trata de um filme lento ou cansativo, nem mesmo sou da opinião de que se trata de um episódio do Discovery. Ele apenas adverte detalhadamente, mesmo sendo polêmico, sobre algo permanente no mundo, e que vem e volta a qualquer momento. E eu gosto quando temas polêmicos são discutido na tela. O problema é que Soderbergh se perde com tanta trama paralela. O final da personagem de Marion Cotillard, por exemplo, fica em aberto e não tem conclusão. Mas, mesmo assim, a produção mantém o interesse. Ah! Apesar de assustar os espectadores, o final é positivo e esperançoso, ok? Para quem não se impressiona fácil com as coisas, e quem gosta do tema, Contágio pode ser um passatempo oportuno, mesmo sem ser uma obra prima. Abraços!

TRAILER:


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