sábado, 3 de janeiro de 2009

Falcão Negro em Perigo

( EUA 2001 ). Direção: Ridley Scott. Com Josh Hartnett, Ewan McGregor, Tom Sizemore, Sam Shepard, Eric Bana, Orlando Bloom, William Fichtner, Jason Isaacs, Ewen Bremner, Jeremy Piven. 144 min.



Sinopse: Na Somália dos anos 90, um grupo de soldados americanos tem o objetivo de eliminar um general que promove a guerra civil do país e confisca os alimentos que são enviados ao povo, subnutrido pela fome crônica.

Comentários: Produção classe A, com extraordinária edição de som, o que melhora muito se o filme for visto em tela grande. Scott, após o oscarizado Gladiador, dessa vez optou por um tema contemporâneo, e bastante discutido na mídia atualmente: o problema da guerra civil, em países africanos. Dessa forma, ele trabalhou com o roteiro de Ken Nolan (adaptado do livro de Mark Bownem), que tem início interessante ao mostrar o dialógo entre um militar da Somália e o coronel americano interpretado por Sam Shepard, na qual fica bem claro que a guerra sempre vai existir, independente de qualquer intervenção que o país possa vir a ter. Após isso, entretanto, parece que o roteiro não é mais utilizado, já que se inicia uma interminável batalha, com duração de duas horas mais ou menos. Ou seja, as batalhas são apresentadas ao público após os 20 minutos iniciais, e permanecem até os letreiros finais. A intenção de Scott, pelo que parece, foi detalhar com minúcias os horrores da guerra, ao mostrar (como nenhum filme do gênero mostrou antes) as intensas e violentas cenas repletas de tiros de metralhadoras e explosões aéreas. Enfim, durante muito tempo a destruição e a fumaça passam a ser os elementos centrais do filme. Tudo parece tão frenético e desesperado, e por isso acaba sendo uma tarefa difícil identificar os atores em cena, todos vestidos com o mesmo figurino e usando o mesmo capacete. Portanto, Falcão Negro em Perigo vira um espetáculo de guerra com violência extrema e muito sangue, com atores gritando, correndo, atirando e morrendo constantemente. Daí, a confusão que o filme acaba promovendo e deixando o espectador mais eufórico e irritado do que os próprios personagens. Em todo caso, Falcão Negro em Perigo é ousado e inovador, ao menos tecnicamente. Além da edição de som, a fotografia, forte e escurecida ao mesmo tempo, é marcante e extraordinária. Quanto ao elenco, Sam Shepard dá um jeito de se esconder das batalhas em uma sala de controles, e por isso tem mais presença dramática em cena. Os soldados centrais são interpretados por Josh Hartnett, ruim como sempre, Ewan McGregor, que tem a melhor cena quando é atacado por civis famintos. No geral, o filme é bom, ousado, violento e espetacular. Contudo, o assunto poderia ser desenvolvido com mais conteúdo, e direção mais contida. Mas está acima da média. Indicado a quatro Oscar, ganhou dois: montagem e som. Foi indicado ainda para diretor e fotografia.

Por que gravei o filme: Gravado na HBO. Gostei da inovação técnica e das grandes cenas espetaculares de guerra envolvidas por som eficiente e ousada fotografia. Isso já é o suficiente para demonstrar a evolução tecnológica do cinema americano. Além disso, tal tecnologia esconde o fato de que Ridley Scott já teve dias melhores e roteiros mais encrementados com situações dramáticas e humanas. Mas está longe de ser ruim, afinal é um filme de guerra que intenciona apresentar situações reais dentro de uma guerra. Por isso, a violência extrema. Enfim, um filme interessante, ainda que discutível, mas que merece atenção.

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