quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O Curioso Caso de Benjamin Button

Ontem fui mais uma vez no meu shopping favorito, o Shopping Park Santana (acabou se tornando, sem que eu escolhesse), junto com a Gisele, e o título acima corresponde ao filme que assistimos. Devo dizer que já aguardava a estréia desse filme com muita ansiedade, por conta da propaganda que foi feita sobre ele, meses antes da estréia. Pareceu-me um filme diferente, curioso, exótico, principalmente pela transformação que fizeram na aparência do galã Brad Pitt, que tornou-se velho, corcunda, feioso... Achei que seria um filme interessante.

Infelizmente, decepcionei-me um pouco. Vamos, primeiro, a sinopse: Em 1918, Benjamin Button nasce com uma estranha deficiência, que o torna envelhecido. Sua mãe morre no parto, e o pai o abandona na porta de um asilo, dirigido por uma jovem negra. Ela o acolhe, e passa a criá-lo como se fosse seu próprio filho. O tempo passa, e conforme Benjamin cresce, vai rejuvenescendo; viaja para diversos lugares, e descobre o amor, ao conhecer a bela Daisy. O que torna um obstáculo para a relação de ambos é o fato de que, com o passar do tempo, enquanto ela envelhece, ele se tornará cada vez mais jovem.

Benjamin Button apresenta um enredo interessante e emocionante. Acredito que se tornará um grande campeão de bilheteria aqui no Brasil, pois as pessoas facilmente se encantam com esse tipo de filme. Admito que me emocionei um pouco também. Porém, agindo com a razão, admito que Benjamin Button é uma produção extremamente superficial e muito longa (desnecessariamente). Não foi nada do que esperava; imaginava ser um filme polêmico sobre preconceito e intolerância (no estilo “O Homem Elefante”, de David Lynch). No entanto, temos aqui, uma mistura de “Forrest Gump” com “Titanic”: O personagem feito por Pitt conhece diversas pessoas que se tornaram importantes na sua vida (tal como o Forrest de Tom Hanks), e a trama é contada pela mocinha, já envelhecida (tal como sucedeu com Titanic).

Essa película, sem dúvida, ganhará os principais Oscars (foi indicada a 13, o filme com mais indicação do ano). E realmente a produção é impecável: direção de arte, figurinos, maquiagem... Mas, o resto é um tremendo exagero. Nem como filme deveria ser indicado! O curioso é que o diretor Dvid Fincher normalmente dirige filmes pesados e perturbadores, tais como “Seven – Os Sete Crimes Capitais” e “Clube da Luta” (ambos com Pitt). Agora, optou por uma história leve, singela, encantadora e com algum toque de humor, roteirizado por Eric Roth, adaptado da obra de F. Scott Fitzgerald.. Ou seja: antes era do mal, agora ficou do bem. Brad Pitt também não precisava ser indicado a estatueta de ouro, afinal não está surpreendentemente bem. O que chama a atenção é a maquiagem espetacular, que o torna irreconhecível. Apenas. O fato é que Hollywood confunde ator com personagem, e um personagem tão marcante como esse realmente causa esse tipo de confusão para os votantes da academia.

Além de Pitt, a desconhecida Taraji P. Henson, que interpreta a dona do asilo, também teve indicação como coadjuvante. Todavia, a estrela Cate Blanchett é quem merecia ser lembrada, no papel da bailarina que se apaixona por Benjamin. Ela também está envelhecida no filme, e atua com bastante convicção. O fato é que todo o elenco de apoio é bom: a sumida Julia Ormond (quem diria, já foi estrela ao lado de Brad Pitt em “Lendas da Paixão”!) interpreta a filha da envelhecida Daisy. É justamente essa personagem que serve como porta voz da personagem de Cate (quando envelhecida), e narra os acontecimentos de um diário, que conta a história de Benjamin. Jared Harris tem boa participação como um marinheiro bêbado; Tilda Swinton interpreta um interesse romântico de Pitt no meio do filme, e Jason Flemyng atua como o pai que abandonou Benjamin.

O roteiro assume que tudo isso não passa de uma fábula, e nem se preocupa em esclarecer se Benjamin escondia a idade para os outros, ou se seu problema era encarado com naturalidade pelas pessoas. Além disso, é muito estranho o fato do personagem viajar para tantos lugares sem carteira de identidade (isso, na verdade, nem é mencionado, mas deveria). Enfim, O Curioso Caso de Benjamin Button é aquele tipo de filme que faz todos suspirarem (sobretudo as mocinhas, quando Brad Pitt rejuvenesce), derrama lágrimas, é bonito, envolvente... É o tipo de história novelesca que o público adora assistir. Mas torna-se irritante e enjoativo para quem o assistir mais de uma vez. Concluindo, O Curioso Caso de Benjaming Button é um excelente entretenimento e um filme grande, mas não um grande filme.

Bom agora, pretendo assistir às outras quatro produções indicados ao Osacr de melhor filme, até o dia da cerimônia, 22 de fevereiro: O Leitor, Frost/Nixon, Milk - A Voz da Igualdade e Quem quer ser um Milionário. Mas, o vencedor será, realmente, esse Benjamin Button. Infelizmente para mim, e felizmente para as massas. Até mais!

TRAILER:

Um comentário:

Anônimo disse...

Achei muito bom este filme. Diria que é o tipo de história que nos faz sentir bem ao deixar a sala de cinema; acrescente a isso algumas palavras razoavelmente "profundas" de Benjamin(Brad).
Tenho recomendado este filme a muitas pessoas que conheço - espero que não me xinguem após assistirem-no, rs.

Abraços e parabéns pela crítica, como sempre, imparcial e técnica.