domingo, 11 de outubro de 2009

Salve Geral

Em 2006, quando ocorreram os ataques promovidos pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), imaginei que esse fato poderia um dia virar uma produção cinematográfica. Não demorou muito, e o experiente cineasta Sérgio Rezende ("Lamarca", "Zuzu Angel") acabou assumindo a direção desse filme, roteirizado por ele mesmo e também por Patrícia Andrade.

Outro fato curioso é que esse foi o filme brasileiro escolhido para disputar uma vaga ao Oscar 2010, na categoria filme estrangeiro. Entretanto, após assistí-lo, comecei a questionar: por que justamente Salve Geral? Será que este ano foi muito fraco para o cinema nacional?

Vejam bem, o filme não é ruim, e apresenta temática que levanta o interesse de qualquer espectador (não podemos nos esquecer que o povo ainda é preconceituoso com fitas nacionais). A professora de piano, e também formada em direito, Lúcia (Andréa Beltrão) se encontra numa tremenda enrascada, quando seu filho (o estreante Lee Thalor) acaba matando, sem intenção, uma garota num racha. O rapaz vai preso, e sua mãe tenta de tudo para tirá-lo do inferno carcerário. Ela acaba conhecendo, por acaso, a advogada Ruiva (Denise Weinberg), que resolve ajudar Lúcia. Porém, o que professora de piano começa a descobrir aos poucos, é que Ruiva é filiada a um partido de presidiários, que intencionam provocar um grande alvoroço em São Paulo, caso seus desejos não sejam atendidos. Assim, Lúcia acaba se "infiltrando" no partido, levando recados de Ruiva para os presos, com o intuito de conseguir tirar o filho da cadeia. Até que finalmente explode a revolução do partido, em pleno dia das mães.

Mais uma vez, afirmo que a ideia do roteiro é interessante. O problema é que ele acaba se tornado bastante confuso, já que Rezende desenvolve diversas tramas paralelas entre os prisioneiros. Fora isso, as atitudes da protagonista acabam se tornando um tanto bizarras. Por exemplo, fica difícil de entender o que faz com que ela se envolva amorosamente com um dos líderes dos presos (na verdade, um dos possíveis "Marcolas" do filme, já que há pelo menos outros dois que possuem tal perfil). Enfim, mesmo inocentemente, ela acaba se tornando cumplíce da "máfia" dos criminosos, e por isso, fica muito complicado torcer por ela.

Andrea Beltrão foi bastante elogiada no papel da protagonista, mas não gosto muito da atriz em papéis dramáticos. Acho-a muito fria e neutra demais. Na verdade, ela não tem uma grande cena. Por outro lado, quem se destaca é a pouco conhecida Denise Weinberg (da minissérie "Maysa"), no papel da advogada Ruiva. Ela acaba sendo a alma do filme, e rouba as cenas. Os demais atores também atuam bem (Kiko Mascarenhas, Taiguara Nazareth, Eucir de Souza, Chris Couto...).

Em Salve Geral, Rezende fez uma crítica à corrupção policial, ao mostrar algumas parcerias entre bandido e polícia na promoção dos atentados, o que acabou sendo uma atitude corajosa. Aliás, em nenhum momento é citado o nome da facção, "PCC", que sempre é referenciada como o "partido". Mas, honestamente, acho praticamente impossível Salve Geral ser indicado ao Oscar. Os excessos de cenas de ação e os conflitos entre os personagens não irão satisfazer os americanos. Além disso, o tema inspirado em fatos reais, se teve alguma repersussão nos EUA, já caiu no esquecimento, sem dúvida. A conclusão apresenta um não merecido final feliz, e prejudica ainda mais o resultado. Enfim, vale a pena para discutir um momento aterrorizante que São Paulo sofreu recentemente, e pela presença marcante de Denise Weinberg. Mas Rezende já fez melhor. Boa noite!

TRAILER:

2 comentários:

Unknown disse...

Nossa Robson,eu vi a entrevista dada pela Andrea Beltrão na Ana Maria Braga,fiquei empolgada pra assistir,pelo menos na entrevista dada á duas semanas atrás,a atriz comentou do filme de um jeito,que me empolgou a ir assistir,agora lendo seu comentário,desanimei rsssssssssss,já não sou fã de cinema,sem empolgação então já viu rssssssss,gostei da nova cara do seu blog,daqui a pouco vc estará nos guinness.Bjocas

Leandro Souza disse...

Putz!!!
Vi o trailler e a trama, deve ser muito forte. Apesar que tenho evitado assistir filmes nacionais como esse: que exaltam a violência.
Mas, pretendo assistí-lo em breve.