domingo, 8 de agosto de 2010

O Bem Amado

Depois do grande sucesso que fez nos anos 70, como telenovela da Rede Globo, chegou às telas O Bem Amado, com direção de Guel Arraes ( especialista em comédias nordestinas ), e roteiro do próprio Guel e Cláudio Paiva, adaptado da obra de Dias Gomes ( que já tinha adaptado seu próprio texto para a novela ).

Não sou da geração da novela, mas sei que o sucesso que fez foi gigantesco. Agora, quanto a adaptação cinematográfica, trata-se de uma comédia leve e bem-sucedida, mas um tanto esticada, mais ou menos semelhante a um capítulo especial de novela, bem estendido.

Marco Nanini interpreta Odorico Paraguaçu, o prefeito da fictícia cidade de Sucupira ( que fica em algum lugar do nordeste brasileiro ). O maior empreendimento de sua gestão é um enorme cemitério. No entanto, acaba não vendo vantagem em tal empreendimento, pois as pessoas insistem em não morrer. Assim, contrata o jagunço Zeca Diabo ( José Wilker ), para providenciar alguns "moradores" para o cemitério. Enquanto isso, é assediado por três irmãs solteironas, as Cajazeiras ( Zezé Polessa, Andréa Beltrão e Drica de Moraes ), e luta contra o jornal da oposição, liderado pelo jornalista Vladmir ( Tonico Pereira ).

Diverti-me com o filme, dei algumas gargalhadas, e aprecio muito o texto de Dias Gomes. Entretanto, só pela sinopse que resenhei, não é difícil perceber que o filme tornou-se insistentemente novelesco. Há excesso de personagens, e Guel não vai direto ao foco ao destacar demais as personagens secundárias ( sobretudo, o romance entre Caio Blat e Maria Flor ).

Obviamente, o elenco é competente, e todos estão bem ( até mesmo Maria, que normalmente é irregular ). Marco Nanini compõe com bastante eficiência o famoso Odorico que foi personificado na tv pelo grande Paulo Gracindo. Matheus Nachtergaele ( como o secretário assexuado Dirceu Borboleta ), o não muito conhecido Edmilson Barros ( como o mendigo Nezinho ), Drica de Moraes ( a melhor das Cajazeiras, embora a mais desperdiçada ) e José Wilker surpreendem. Apenas Tonico Pereira exagera um pouco na sua caracterização.

No fim das contas, a sátira é interessante, ao mostrar uma típica cidade do coronelismo passível de diversas corrupções e hipocrisias. A crítica vai mais além, ao denunciar os extremos políticos, pois tanto a direita quanto a esquerda são mostradas com deficiência de moral. Enfim, uma excelente ideia; mas, sem o ritmo adequado para cinema. Em todo caso, vale uma conferida. Abraços!

TRAILER:

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