terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Questão de Tempo

 Uma boa pedida para cinema em épocas natalinas é este Questão de Tempo, dirigida e roteirizada pelo mesmo diretor de "Simplesmente Amor", Richard Curtis. Trata-se de uma história leve, delicada, sensível e engraçada, daquelas capazes de deixar o espectador feliz da vida, ao término da sessão.

 A história, definitivamente, não é nada original. Afinal, o tema "de volta para o passado" já foi explorado diversas vezes. Todavia, não vejo nada tão ousado ou curioso dentro do tema, desde a comédia "Feitiço do Tempo", de 1993. Bom, o enredo: o jovem britânico Tim (o ruivo Domhnall Gleeson, de "Bravura Indômita" e "Harry Potter -  As Relíquias da Morte 1 e 2"), ao completar 21 anos, recebe uma  notícia de seu pai (o veterano Bill Nighy, que também esteve em "Simplesmente Amor"), de que a família tem o dom de voltar ao passado. Basta apenas ir para um lugar escuro, deixar o pulso ereto, e se concentrar para a época que se quer voltar. Sabendo disso, o rapaz tira proveito da situação e volta para fazer coisas que não tinha realizado no passado. Até que uma americana (a estrela Rachel McAdams) cruza sua vida, e ele se apaixona por ela. Claro que ele usa o "tempo" a seu favor, para descobrir informações sobre a garota...

 Questão de Tempo é daqueles filmes repletos de canções, e faz o público se entregar e se envolver com a história e seus personagens. Nem se vê a duração da película (e olha que passa dos habituais 120 minutos, algo típico do diretor), por conta da história cativante. O aspecto mais criativo, certamente, foi o de não se explorar constantemente a "máquina do tempo", para com isso, não correr o risco de cair no lugar comum, com piadas óbvias e previsíveis. Ao contrário, Curtis deixa o romance dos protagonistas florescer naturalmente, e registra desde o instante em que se conheceram, até se casarem e terem filhos, deixando um pouco de lado o dom do rapaz. Claro que, com o passar dos anos, às vezes se faz necessário recorrer à viagem ao passado, para corrigir coisas desagradáveis. O fato é que a mensagem de se aproveitar a vida em todos os seus aspectos é, apesar de passar uma ideia piega, bastante oportuna e desenvolvida com muita humanidade e satisfação.

 O elenco está espetacular, e outra ideia interessante foi colocar em cena um casal não especialmente bonito para encabeçar esse magnífico conto. McAdams parece ser a estrela ideal para esse tipo de filme, já que tem no currículo outras obra sensíveis como "Te Amarei Para Sempre" e "O Diário de Uma Paixão". E forma uma dupla interessante com o desconhecido Gleeson (filho do veterano Brendan Gleeson), numa interpretação, ao mesmo tempo, tocante e divertida. E os coadjuvantes brilham também, sobretudo o pouco conhecido Richard Cordery (de "Os Miseráveis") como o tio do protagonista, a jovem Lydia Wilson (de "Não Me Abandones Jamais") como a irmã, a novata de carreira promissora, muito atraente, Margot Robbie (que também está em "O Lobo de Wall Street", do Scorsese) no papel da amiga da irmã por quem Gleeson se sente balançado, a veterana Lindsay Duncan como a mãe, e principalmente o extraordinário Bill Nighy, como o pai. Tem-se falado pouco sobre as chances do filme concorrer em alguma categoria para o próximo Oscar, mas se houvesse justiça, Nighy concorreria como coadjuvante, em um grande momento nas telas.

 Enfim, tudo funciona: elenco, roteiro, fotografia, direção de arte... Tudo magnífico. Um bom fecho de ano para quem procura uma história bem contada, sensível e com descontraídos momentos de humor. Daquelas produções que te faz refletir sobre a vida, e correr atrás do tempo perdido sobre algo não resolvido. Vale a pena experimentar!

TRAILER:

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