domingo, 28 de setembro de 2014

Isolados

 Nos últimos tempos, o Brasil tem assumido uma atitude mais comercial com o seu cinema, e tem enveredado por gêneros comuns no cinemão americano, como o suspense e o terror, algo raro por aqui. Esse ano tivemos "Confia em Mim", e agora esse "Isolados", que possui um argumento mais voltado para o sobrenatural.

 Um casal, formado por um psiquiatra e uma paciente atormentada, resolve passar uma temporada numa casa de campo em algum lugar do interior. O problema é que o rapaz descobre, numa parada para gasolina, que perigosos assassinos estão a solta na região, e já mataram várias mulheres. Como ele está quase chegando no destino, resolve esconder essa informação da esposa. Mas o medo e a paranóia reinam constante na casa isolada, principalmente quando a jovem resolve fazer alguns passeios pela região.

 Apreciei bastante a atitude do cinema nacional em produzir fitas de gênero. Oras, por que não? Com produções assim, a tendência é despertar ainda mais o interesse do público em geral, que se delicia com histórias aterrorizantes. O roteiro, do próprio diretor Tomas Portella e Mariana Vielmond, não é exatamente o de uma história de horror, mas vai se assemelhando a esse gênero com as reviravoltas e as atitudes dos personagens, que sempre surpreendem. O grande problema são algumas pistas falsas sobre o passado dos protagonistas, o que cria expectativas sobre algum fato inusitado que surgirá em qualquer momento. Mas isso não sucede, e fica evidente o quanto o uso dos flashbacks foi desnecessário. Outro problema é a tentativa de se criar tramas paralelas, na pele de dois policiais que investigam os crimes da região, algo mal desenvolvido. Além disso, o cenário que serve de palco para o casal central, a casa isolada, é bonita por fora, mas totalmente desconfortável e rústica por dentro, enfim, um local que mais espanta do que atrai turistas. E há muitos clichês que fazem lembrar filmes como "Pânico na Floresta", "Sob o Domínio do Medo" e "O Sexto Sentido". Em todo caso, o entretenimento é garantido, e a película funciona. Afinal, não se pode esperar o máximo de criatividade em um gênero pouco explorado no país (com exceção das produções do Zé do Caixão).

 O diretor Portella, que fez antes a comédia "Qualquer Gato Vira-Lata" se saiu muito bem e constrói uma atmosfera agonizante e assustadora. Seu maior triunfo foi deixar os atores bem a vontade. Tanto Bruno Gagliasso quanto Regiane Alves atuam com muita segurança e encarnam nos medos, traumas, comportamentos e caráter dos personagens de forma surpreendente. Há também uma participação do recém falecido José Wilker (em seu último filme, a qual recebe uma bela dedicação no final), no papel de um médico, chefe do jovem interpretado por Bruno.

 Vale conhecer, se divertir e prestigiar esse simpático e aterrorizante suspense que, mesmo apesar de muitas falhas, é digno e respeitável. Que os nossos roteiristas possam se inspirar nele e desenvolver novas histórias desse estilo. Eu curti! Abraços!

TRAILER:

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