segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Annabelle

 Estava demorando! Afinal, quando assisti ao grande sucesso "Invocação do Mal", o que mais me chamou a atenção foi uma pequena participação da demoníaca boneca Annabelle, no início. E naquele momento eu já imaginei que seria muito legal ter um filme com a dita cuja. Felizmente, os produtores de Hollywood pensaram da mesma forma, e o filme surgiu.

 Em meados dos anos 70, um jovem casal, John e Mia Gordon, cuja esposa está grávida, tem sua casa invadida por discípulo do maníaco satanista Charles Manson, e sua namorada endemoniada chamada Annabelle. O casal é socorrido pela polícia no último segundo, e os invasores são mortos. Antes de morrer, contudo, Annabelle segura uma das bonecas de Mia, e transfere seu espírito para ela. Algum tempo depois, coisas bizarras começam a acontecer na casa, como objetos que se movem constantemente. Acreditando que a casa está assombrada, o casal muda-se para um apartamento. A tal boneca os acompanha na mudança, e o novo lar também é assombrado. Desesperada, Mia tenta descobrir o que está acontecendo e provar que não está louca, enquanto é atormentada pelo espírito de Annabelle.

 Se você pensa que assistirá a uma nova versão do Chucky, protagonista da série "Brinquedo Assassino", esqueça! Afinal, Chucky era engraçado, satírico, carismático, e falava mais que a boca! Diferente dele, Annabelle não fala, nem se move, apenas assusta com sua expressão demoníaca e um olhar perturbador. Ou seja, ela faz coisas bizarras e assustadoras acontecerem, mas sem praticar algum tipo de ação. A história, de fato, é repleta de clichês, desde portas trancadas e "padres voando", e além disso, a impressão de que "ficar com uma boneca medonha e horrorosa como essa é coisa de gente insana", acompanha a mente do espectador durante toda a projeção. Sem contar, que livrar-se da boneca seria a coisa mais sensata a se fazer, já que torna-se evidente que ela está por de trás das maldades que vão sucedendo. Porém, se isso acontecesse, não teria filme.

 Apesar dos clichês, gostei do filme, e recomendo. Não há, afinal de contas, nenhuma possibilidade de se assistir a um terror extremamente assustador, depois que um sujeito chamado William Friedkin realizou o rei das produções do gênero, O Exorcista, em 1973. Os sustos fáceis, ainda que previsíveis, causam bons momentos de tensão, e há algumas sequências de tirar o fôlego, como àquela do elevador, em que o mais assustador é a expectativa que a mocinha sente de que algo pior irá acontecer, caso ela permaneça por lá. Sim, é bem verdade que a fita faz muitas referências a filmes como "O Bebê de Rosemary" (sobretudo no berço do bebê e no nome da mocinha, homenagem à atriz Mia Farrow, que fez Rosemary) e "O Grito" (por conta do cenário ser um prédio "assombrado"); mas isso não estraga o prazer de se assistir a este "blockbuster do medo" porque o diretor John R. Leonetti (de "Mortal Kombat - A Aniquilação" e "Efeito Borboleta 2") constrói uma atmosfera intrigante e densa, prendendo facilmente a atenção do público. Apenas esperava que o roteiro (de Gary Dauberman) centralizasse a ação na história real das duas enfermeiras que dividiam um apartamento e foram aterrorizadas por Annabelle (na verdade, elas aparecem no começo, e o final sugere que a inevitável sequência será com estas personagens).

 No elenco, ainda que possa parecer brincadeira, a atriz central se chama Annabelle Wallis (que fez participações em "X-Men: Primeira Classe" e "W.E. - O Romance do Século"), e dá conta do recado com muita competência. O ator que faz o marido, um certo desconhecido chamado Ward Horton, é mais apagado, mas há também a veterana (e ótima) Alfre Woodard (já indicada ao Oscar no passado, como coadjuvante por "Retratos de Uma Realidade", e que fez um interessante papel em "12 Anos de Escravidão"), num personagem de destino previsível, a vizinha que entende de ocultismo, o que não deixa de ser outro clichê.

 Enfim, apesar de se ter uma Annabelle extremamente exagerada (fala sério... quem iria querer uma boneca como essa?), e de o final citar descaradamente o já mencionado "O Exorcista", creio que vale conferir. Mas, creio também, que a produção não merece uma reprise. Bom, eu afirmo que gostei razoavelmente (o que já é bom sinal). Quem quiser que tire suas próprias conclusões. Abraços!

TRAILER:



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