sábado, 1 de novembro de 2014

O Apocalipse

 A minissérie feita para tv "Deixados Para Trás" fez bastante sucesso entre o público americano (foi até satirizada em alguns episódios de "Os Simpsons", inclusive), e até que fez razoável sucesso aqui no Brasil, principalmente por conta do público evangélico. Agora foi feita uma adaptação cinematográfica do livro de Jerry B. Jenkins e Tim LaHaye (por Paul Lalonde e John Patus).

 A história, pós apocalíptica (como sugere o título nacional) centraliza a ação numa jovem universitária, que retorna para a casa dos pais, e descobre por acaso, que o pai está tendo um caso extraconjugal, enquanto a mãe dedica-se fielmente para as atividades da igreja e para uma vida cristã. O pai, um piloto de avião, comanda um voo para Londres, em que também está presente a aeromoça com quem tem um caso, e um popular jornalista de programa de aventuras. Misteriosamente, durante o voo (e também por toda parte do planeta) muitas pessoas (incluindo todas as crianças) desaparecem misteriosamente, o que deixa todo mundo alarmado e preocupado. Enquanto o caos toma conta por todo lugar, o aviador deduz que se trata do dia arrebatamento, em que muitas pessoas são levadas por Cristo, e outras são deixadas para trás.

 O maior problema de se adaptar para o cinema histórias da Bíblia é o cuidado que se deve ter para atrair o público. A superprodução Noé, por exemplo, acrescentou muita ficção, porém com o intuito de deixar o entretenimento mais divertido e prazeroso. Este O Apocalipse, contudo, não teve a mesma ideia, e o diretor Vic Armstrong (um especialista na arte técnica cinematográfica) entrega uma fita com muito corre corre, muita tensão entre os personagens (há um excesso aqui), mas sem vilões. Ou seja, não dá nem para o espectador sentir o gostinho de raiva por alguém.

 Fora isso, embora não tenha lido o livro, o filme tem pouco a ver com a minissérie de tv, uma vez que aqui temos praticamente um filme de avião, ou seja, a impressão que se passa é a de que o objetivo do herói é aterrissar a nave de volta ao aeroporto de Nova York. Tal herói, falando nisso, é o maior mérito para atrair as plateias, já que se trata do mega astro Nicolas Cage, que é escancarado pôster do filme. Apesar de estar bem claro que o ator está perdendo o estrelato, e que está vivendo uma fase bem ruim, ainda conserva sua popularidade, e pode atrair seu público. Mas continua canastrão como sempre, um ator que piora com o tempo. Além disso, seu personagem faz umas conclusões óbvias para o tema do filme, mas ilógicas perante a situação. Afinal, dentro do avião, como ele conclui que está vivendo o dia do arrebatamento, sendo que não sabe o que está acontecendo no mundo exterior de sua nave? E os diálogos, aliás, são superficiais, e alguns personagens bem caricatos (há um anão, inclusive, com a missão de ser alívio cômico).

 No elenco também, uma estrela dos anos 80, sumida e um pouco envelhecida, Lea Thompsom, que esteve na trilogia "De Volta Para o Futuro", no papel da mãe do Michael J. Fox no passado (alguém lembra?). Há ainda Chad Michael Murray (de "A Nova Cinderela" e "A Casa de Cera"), como o jornalista galã e a novata (e inexpressiva) australiana Cassi Thomson como a mocinha.

 Enfim, desinteressante, superficial, óbvio e sem sentido. Apesar de ser um tema didático, mais voltado para o público cristão, perde feio se comparado com o já mencionado "Deixados Para Trás" (que, aliás, teve algumas sequências). E para piorar, nada pior do que se assistir ao filme na versão dublada. Insisto, inclusive, na minha campanha contra a exclusividade (ou algo bem perto disso) de produções dubladas em nossos cinemas. Será que não perceberam que tudo se torna fake, mais irritante e ruim de forma geral? Bom, quem quiser arriscar, assista. Abraços!

TRAILER:



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