quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Romance

Hoje fui ao shopping de Santana com a minha esposa Gisele. Nós decidimos de última hora ir ao parque Villa Lobos; e eu achei conveniente a idéia, pois estava com a pretensão de alugar uma bike e dar umas pedaladas... No entanto, a tarde estava meio fria, e resolvemos não ir mais ao parque. Assim, fomos ao shopping, e decidimos ir ao cinema. Sim, meus caros amigos, esse cinéfilo conseguiu entrar numa sala de cinema, após a última vez que isso ocorreu: lá embaixo, agosto/2007.
Resolvemos assistir ao filme "Romance" (não tinha muita opção, pra variar; além disso, Gisele queria ver esse filme, desde algumas semanas). Esse desprotegido cinéfilo, portanto, foi até a caixa eletrônica 24 horas para tirar o pouco "cash" que restava. Assim fiz, mas descobri que isso foi desnecessário! Afinal, o filme "Romance" é brasileiro, e desde 10/11 (de segunda a quinta) os ingressos para as películas brasileiras custam R$4,00 (e eu não sabia disso!). No mais, como Gisele e eu somos professores, pagamos meia, cada um R$2,00. Enfim, nunca foi tão legal ir ao cinema depois de muita ausência...
Quanto ao filme, Romance (dirigido por Guel Arraes, e co-roteirizado por ele e Jorge Furtado), conta a história do jovem diretor e ator de peças teatrais, Pedro (Wagner Moura). Normalmente, ele dirige grandes clássicos da literatura mundial, de Othello a Cyrano. Dessa vez, Pedro resolve transportar para os palcos o clássico "Tristão e Isolda", de Joseph Bedier, em que protagoniza ao lado da namorada Ana (Letícia Sabatella). Com o tempo, Pedro e Ana vão conquistando seu público e, certa vez, um diretor de tv (José Wilker) se impressiona com a atuação da moça, e a convida para participar de uma novela que será dirigida por ele. Ana aceita o convite, e divide sua vida profissional entre o teatro em São Paulo, e as novelas no Rio de Janeiro. Com isso, a relação do casal esfria, e ambos se separam. Três anos depois voltam a se encontrar, quando Ana sugere que Pedro escreva um roteiro para um epecial de fim-de-ano na tv. O jovem , então, decide, adaptar para a tv um grande sucesso que fez nos palcos: Tristão e Isolda.
Guel Arraes e Jorge Furtado, após alguns sucessos no cinema (e depois de escreverem e adaptarem diversos roteiros para as minisséries globais), se uniram na realização dessa comédia romântica, que insiste em ser dramática. É um filme simpático, agradável e divertido, que fala do amor do artista pela arte (no caso, o teatro) e das conturbadas relações amorosas entre os seres . Contudo, apesar de não ter uma duração longa, o filme se arrasta um pouco, ao enfatizar demais alguns personagens coadjuvantes. Além disso, a falta de equilíbrio no gênero atrapalha um pouco; ou seja, por hora, não sabemos se é comédia ou drama. Outra falha, foi a escolha de Letícia Sabatella na interpretação da mocinha. Letícia é uma atriz discutível, que já teve altos e baixos, já foi estrela na globo, depois foi desperdiçada, agora voltou a ser estrela... Enfim, o fato é que ela não tem química para ser par romântico de Wagner Moura. A escolha de uma atriz mais jovem (Alinne Moraes, Débora Falabella, Mariana Ximenes...) seria mais adequada. Por outro lado, alguns atores roubam a cena: Andréa Beltrão, como a diretora de elenco e amiga do casal, serve como alívio cômico; Marco Nanini surpreende e diverte nas poucas cenas em que aparece; e Vladimir Brichta, quem diria, revela bom talento cômico. Apenas Wilker exagera e super-representa como sempre. E Wagner Moura se consagra como o maior ator do cinema brasileiro da atualidade (ao lado de Lázaro Ramos). Outro equívoco é percebido o roteiro, no instante em que a personagem Ana passa a se relacionar amorosamente com o namorado e o colega de trabalho (Brichta), e essa relação é facilmente compreendida por todos (inclusive pelo namorado!). Ou seja, a personagem tenta convencer que atração física e amor sejam sinônimos, o que soa muito incoerente. Ainda assim, dá pra se divertir com o filme, que apresenta uma conclusão interessante e satisfatória.
Vale ressaltar, por fim, que o cinema brasileiro tem encontrado seu público, já que as pessoas estão perdendo o preconceito que tinham em relação aos filmes nacionais. Afinal, as produções um tanto "pornográficas" dos anos 70/80 trouxeram uma imagem negativa para o nosso cinema. Porém, por outro lado, o cinema brasileiro também está (infelizmente) perdendo um estilo interessante e bem típico que conseguiu conservar durante um certo tempo, ou seja, o cinema novo. Onde estão os discípulos de Glauber Rocha e Nélson Pereira dos Santos? Essa nova safra de filmes, se por um lado deixou de ser erótica, por outro deixou nosso cinema mais comercial. Filmes como Romance, têm muita proximidade com produções hollywoodianas, o que denota a perda da identidade cultural do nosso cinema. Em todo caso, comercial ou não, admito que os filmes brasileiros têm conseguido bons êxitos nas bilheterias nacionais. E isso já é bem-vindo.

TRAILER:

Um comentário:

Unknown disse...

Então quer dizer que essas atrizes mais jovens sugeridas, são suas musas preferidas ??? O comentário está maravilhoso e coerente, mas desta parte não gostei!!! Vou criar um blog para falar de alguns atores também,poderia começar por André Bancoff, Ricardo Pereira (O João de "Negócio da China"), etc... KKKKKK