domingo, 18 de janeiro de 2009

A Troca

Ontem fui em um cinema diferente, estava na hora de aposentar o Shopping Santana, rsss. Para assistir ao filme do título, Gisele e eu fomos ao Bristol, da Av. Paulista. Esse é um dos meus cinemas favoritos, já assisti a diversas produções aí (é um cinema um tanto caro também...). Mas eu e minha digníssima esposa não estávamos sozinhos: meu amigão Leandro e sua namorada Luzia, nos acompanharam para assistir a essa nova produção dirigida por Clint Eastwood.

Bom, vamos ao filme: Sabe, muitas vezes assisto algumas películas e fico revoltado com os acontecimentos que surgem em cena. Produções como "Mississipi em Chamas", "O Expresso da Meia-Noite" e "Terra Fria", entre outras, tratam da injustiça social, e revoltam o público ao mostrar todo o tipo de intolerância e desrespeito que pessoas inocentes sofrem pelo sistema corrupto. Em "A Troca", isso não é diferente. Angelina Jolie interpreta Christine Collins, uma mãe solteira que se desespera quando seu filho de 9 anos (Gattlin Griffith) desaparece misteriosamente. O cenário é a Los Angeles de 1928 (antes do crack da bolsa), e Christine age como qualquer mãe em seu lugar: procura a ajuda da polícia, e ora para reencontrar seu filho.

A partir dessa sinopse, o espectador pode imaginar que se trata de um filme bastante piegas, que retrata a trajetória de uma mãe desesperada em busca do filho desaparecido, tal como "Nas Profundezas do Mar Sem Fim", com Michelle Pfeiffer, ou diversos telefilmes sobre o tema. Contudo, o roteiro de J. Michael Straczynski surpreende ao focalizar um ponto de vista mais interessante: tudo bem, Angelina Jolie se desdobra para reencontrar o filho, mas o roteiro centraliza a ação no sistema corrupto policial, a quem dirige uma forte crítica.

Voltando a sinopse, a polícia informa à Christine que seu filho foi encontrado. No entanto, a mãe desconhece o garoto que lhe é mostrado, mas não é ouvida pelas autoridades, que insinuam que ela está emocionalmente abalada. O intuito do chefe de polícia (Jeffrey Donovan) é declarar para a mídia que (pelo menos) um caso já foi resolvido na cidade, e colocar um fim definitivo nas críticas que recebe, referentes aos diversos crimes não solucionados. Dessa forma, sozinha e desorientada, Christine recebe apenas o apoio de um pastor presbiteriano (John Malkovich), que tem um famoso programa no rádio, e é conhecido por denunciar a má conduta das autoridades.

O veterano Clint Eastwood mantém a boa forma e constrói um suspense intrigante, que denuncia o sistema de segurança nacional. A cena em que Christine é mandada para o hospício, e presencia as diversas calamidades que as autoridades praticam, é um verdadeiro soco na boca do estômago. Por vários momentos, o espectador se sente angustiado com o festival de absurdos que a polícia pratica, com o objetivo de acobertar suas falhas e corrupções.

Quando trata desse tema, Eastwood é bastante feliz na sua empreitada. Entretanto, o filme modifica o foco: as autoridades são julgadas em tribunal, Angelina sai do hospício, e o roteiro passa a centralizar a ação no possível seqüestrador da criança. A partir de então, o vilão passa a ser um sujeito insano e violento, que mata crianças por esporte. Ou seja, Eastwood utiliza elementos de um filme anterior que ele dirigiu em 2003, Sobre Meninos e Lobos. Agora, toda a denúncia ao sistema corrupto, é substituída pela justiça com as próprias mãos. Enfim, essa situação poderia ter sido evitada, se o roteiro apenas mencionasse o criminoso (feito por Jason Butler Harner, bem medonho por sinal), sem lhe dá maiores ações ou destaques. Afinal, o tema desenvolvido anteriormente, a denúncia à corrupção policial, era mais oportuno e original. Por conta disso, creio que Eastwwod não será indicado ao Oscar 2009 como diretor (e nem o roteiro de Straczynski). Mas Angelina Jolie com certeza estará entre as cinco atrizes finalistas; não só pela boa atuação, mas porque não foi indicada no ano passado por "O Preço da Coragem", em que estava muito bem. É a forma que Hollywood encontra para pedir desculpas à suas estrelas. Mas ela não vai ganhar. Ainda no elenco, Amy Ryan (de "Medo da Verdade") tem boa participação como a prostituta que também foi parar no hospício injustamente.

Concluindo, ainda assim, dá para se aventurar com esse "A Troca", que possui belíssima fotografia e boas atuações do elenco (John Malkovich também tem ecelente atuação). O que mais revolta o público é o fato de que o filme é inspirado em fatos reais, e o final, se não é triste, também não é exatamente feliz.

Acho que me empolguei muito! Só como desabafo, mudando radicalmente de assunto, hoje tomei coragem e peguei no volante após algum tempo. Acho que estou prestes a me livrar de um certo trauma... Aos poucos, a sociedade terá que se conformar com a possibilidade de presenciar Rob Seixas dirigindo por aí... Pois é, o retorno de uma aventura com final feliz, XD!

Abraços!

TRAILER:

2 comentários:

Unknown disse...

Concordo com todo o comentário realizado !!! Que sociedade suja, esta dos anos 30 !!! Ou melhor, que polícia suja !!! Foi muito bom ver o papel da igreja atuante nesta sociedade !!! Somente quem está ao lado da verdade, pode lutar a favor da justiça !!! Agora é questionável, onde estava a igreja católica, que é tão ligada às leis ???...

Anônimo disse...

Parabéns.

Seu texto sobre o filme é tão maravilhoso quanto a película. Meu, a fotografia é muito boa mesmo e, as cenas do rancho, por Deus, terrificantes!
Como sempre, a companhia sua e da Gisele foi amável e engraçado, aliás, preciso melhorar minha dicção para ser compreendido por você (rs).

Abraços e até breve caro amigo.