sexta-feira, 23 de julho de 2010

À Prova de Morte

Chegou com atraso nas telas esse filme de Tarantino, que é anterior ao "Bastardos Inglórios". Na verdade, eu nem sabia que se tratava de um projeto que contava com a parceria do amigo de Tarantino, Robert Rodriguez com Planeta do Terror ( que eu ainda não assisti ). Foi, inclusive, por acaso, que descobri que À Prova de Morte estava em cartaz, e resolvi encarar a película.

O que eu imaginava encontrar em uma produção de Tarantino estava lá: diálogos excessivamente longos sobre coisas banais, muita música, bastante violência e sarcasmo, alternância da fotografia em cores e em preto e branco, além de uma ponta do próprio cineasta como um barman. Com visual anos 70 na fotografia, o amalucado cineasta de "Pulp Fiction" fez uma paródia sobre os filmes de psicopatas. O dublê Stuntman Mike ( Kurt Russell ) tem o hábito de perseguir jovens mulheres em seu carro, para depois assassiná-las. É o que ele pretende fazer com a DJ Jungle Julia ( Sydney Tamila Poitier, filha do grande Sidney Poitier ) e suas amigas. Em seguida, ela tenta fazer o mesmo com uma dublê ( Zoe Bell ) e suas parceiras, mas aqui ele encontra algumas dificuldades.

Como sempre, Tarantino é o autor do roteiro, e realizou aqui o filme mais fraco de sua filmografia; aliás, o menos sério também, e ele demonstrou que se divertiu demais durante a projeção. Mais uma vez, ele apresenta um leque de personagens bizarros e amorais. As heroínas da primeira parte, por exemplo, são jovens e bonitas, mas também grossas, barraqueiras, escandalosas, indecentes e completamente dopadas. São, portanto, personagens com as quais o público não se identifica, e torna-se uma tarefa fácil torcer contra elas. Depois, surgem moças mais "comportadas" ( se é que se pode dizer assim ) e carismáticas. Pelos diálogos entre elas, Tarantino já deixa perceber que elas darão muito trabalho para o psicopata. Não é explicado, aliás, as intenções dele ( na verdade, isso pouco importa na trama ); certamente por esporte, sente prazer em torturar mulheres com o auxílio de seu automóvel "à prova de morte".

Outra marca registrada de Tarantino é trazer em seu elenco alguma personalidade famosa, mas que anda meio sumida das telas. Assim como fez anteriormente com John Travolta, Michael Keaton, Pam Grier, Daryl Hannah e David Carradine, ele trouxe de volta o astro Kurt Russell, que já tinha perdido o estrelato. E o ator também está muito a vontade como o psicopata. Ente as moças, a mais famosa é a mulata Rosario Dawson ( que esteve em Sun City - A Cidade do Pecado ). Mas o mais interessante, é a presença da dublê Zoe Bell, que interpreta ela mesma ( aliás, ela dublou alguns filmes do cineasta, como Kill Bill ).

Enfim, pode até ser que o filme seja uma grande bobagem , e que está bem aquém em relação às outras produções tarentianas. Mas a brincadeira com o gênero trash é hilária e divertida. E o que faz valer a pena o ingresso para assistir À Prova de Morte na tela grande, é a espetacular cena de perseguição entre carros no final do filme. Realmente é algo surpreendente, e que não se vê com frequência nas telas ( ao menos, desde Bullitt, com Steve McQueen, não me lembro de nada parecido ).

Logicamente, o filme não é para todos os públicos. É necessário estar habituado ao estilo próprio de narrar de Quentin Tarantino para embarcar nessa canoa. Apesar das críticas, eu achei bacana. Abraços, e até mais!

TRAILER:

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