quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A Rede Social

Este, até o momento, está sendo considerado como o melhor filme para o OSCAR 2011, o que simplesmente comprova que 2010 foi um ano fraco para filmes. Claro que não é uma péssima produção, mas apenas um filme com um tema bastante atual, e que será facilmente rejeitado e esquecido pelo público daqui a alguns anos.

A expectativa toma conta do espectador, quando se depara com o nome de David Fincher como o diretor do filme. Seus filmes são impactantes, prendem atenção e até viram sinônimos de adoração para muitos fãs. Dessa vez, temos a impressão de que A Rede Social foi dirigida por outro cineasta, talvez algum pupilo de Oliver Stone ou Jonathan Demme. Resumindo, trata-se de um filme exaustivamente chato!

Admito que a ideia de se fazer um roteiro (aqui, feito por Aaron Sorkin, adaptado do livro de Ben Mezrich) sobre um dos maiores fenômenos da internet, o facebook (que aqui no Brasil, por enquanto, perde para o Orkut) é ousada e interessante. Afinal, trata-se de um aplicativo de consumo utilizado por "zilhões" de pessoas em todo o continente. Mas tudo é feito através de diálogos excessivamente longos e batalhas judiciais intermináveis (afinal, tudo que gera lucro é presa fácil da corrupção).

Bom, o nerd de Harvard Mark Zuckerberg (Jesse Eisemberg), após levar um fora da namorada Erica Albright ( Rooney Mara) resolve se vingar dela, criando o Facemash, um site em que os estudantes da universidade possam votar na estudante mais gostosa. Com a ajuda do melhor amigo (e talvez, único) Eduardo Saverin (Andrew Garfield), e através de parcerias com os irmãos Cameron e Tyler Winklevoss (ambos feitos por Armie Hammer), Zuckerberg, aos poucos, cria o enorme êxito chamado facebook. A partir daí, uma vida relegada a dinheiro, sexo, mentiras e traições reinam em sua vida.

O pior problema do filme é que, em determinados instantes, temos a sensação de que não se trata de um filme sobre os bastidores do facebook, mas sim a biografia de Mark Zuckerberg. E, honestamente, Zuckerberg não é o tipo de pessoa que valha algum ingresso. Afinal, apesar de ser um gênio da informática de Harvard, trata-se de um nerd frustrado, feioso e idiota, e que faz fortuna após uma grande desilusão amorosa. Ou seja, um tipo de pessoa facilmente detestável. Quem o interpreta é o novato Jesse Eisemberg (que fez A Vila e Zumbilândia). Há fortes rumores de uma indicação ao Oscar por esse papel, mas a atuação dele não é nenhum sinônimo de brilhantismo. O mesmo eu digo do ator que faz o melhor amigo, Andrew Garfield (Leões e Cordeiros), que é possível candidato como coadjuvante. Quem se supera é o cantor Justin Timberlake, no papel de Sean Parker, outro associado do facebook.

Qual o interesse do filme então? Bom, o paradoxo. Afinal, o facebook foi criado por um desajustado anti-social e sem amigos. Ou seja, se por um lado, todos a sua volta nem reparam na existência de Zuckerberg, por outro lado, estas mesmas pesoas (e milhares de outras) acessam a rede de amigos criada por ele. Enfim, o site acabou sendo uma forma fantástica de se vingar do mundo que o rejeita e o esnoba, bem melhor que o banho de sangue promovido por Sissy Spacek, em Carrie - A Estranha; e diga-se de passagem, uma vingança bastante lucrativa.

Fora isso, o filme foca também o excesso de consumo vicioso que a era da informática traz na nossa sociedade. Todos estão plugados diariamente em sites de relacionamentos, fazendo tudo aquilo que se poderia fazer pessoalmente. Essa crítica é interessante, e se fosse melhor desenvolvida, aumentaria o interesse do filme. Mas, o tom biográfico sobre a vida de alguém que nós mesmos ajudamos a se tornar milionário, é muito irritante. E, como eu disse, não é alguém que merece atenção especial (se o biografado, de fato, tem esse perfil na vida real, não sei; critico apenas o que eu vi na tela). Em todo caso, A Rede Social merece ser discutido por alguns méritos que eu mencionei, por isso eu indico. Mas, se puderem, levem um travesseiro também. Abraços!

TRAILER:

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